SUCURSAL DO INFERNO
Novo livro de Izaías Almada é a ficção do Brasil real
Igrejas evangélicas e não só que mercantilizam a fé
enriquecendo seus líderes; veículos de comunicação a exclusivo serviço de
interesses econômicos e políticos; organismos policiais que mantém um pé na
barbárie; políticos que voltam às costas para o ideário que os elegeram
atirando-se inescrupulosamente nos jogos de poder; corrupção, falcatruas, caixa
dois, crimes variados, desmandos. Não, Sucursal do Inferno,
que a Editora Prumo está lançando, não é um livro-reportagem. Contudo, os
elementos que constroem a obra de Izaias Almada falam tanto de um Brasil atual
que o autor achou conveniente alertar logo nas primeiras páginas: “Os fatos
e os personagens apresentados são inteiramente ficcionais. Qualquer semelhança
com a realidade brasileira contemporânea é pura e mera coincidência”.
Sucursal do Inferno é o quarto romance de Izaías
Almada. Ator, diretor, dramaturgo e prosador, ele compôs este livro também
repleto de tensão dramática e política, propondo uma espécie de thriller policial-jornalístico.
O centro da história é a investigação sobre os líderes de uma grande seita
pentecostal, suspeitos de desviar contribuições dos fiéis para contas
milionárias em paraísos fiscais. Tanto a Polícia Federal quanto os repórteres
de um grande jornal empreendem tal investigação, mas cada um deles com
interesses bem diferentes por que, acima de todos, há uma eleição presidencial
e o apoio econômico e eleitoral dessa igreja é fundamental para os
concorrentes.
Até o desfecho da história, Sucursal do Inferno alinha
traições, urdiduras e venalidade, onde não faltam desde as marcas indeléveis da
ação dos torturadores do DOPS paulista até os crimes dos nossos tempos. Como
resume Francisco Foot Hardman, na apresentação do livro, “os novos barões da
fé – em deus Mamon – continuam a delivrar seus monstros. E Brasília
lhes dá lastro e segredo. No caminho, tombam todos esses nossos pequenos sonhos
de verdade”.
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