sábado, 26 de junho de 2010

Irmãos Guimarães dirigem peça com texto de Manuel de Barros


26/06/2010
Ronaldo Mendes

Formandos da Faculdade Dulcina encenam Memórias inventadas, de Manoel de Barros Manoel de Barros, o poeta da natureza, tem ocupado as mentes dos irmãos Adriano e Fernando Guimarães há pelo menos um ano. Os dois se debruçaram sobre a obra do escritor mato-grossense a fim de produzir dois trabalhos com formandos da Faculdade de Teatro Dulcina de Moraes.

O primeiro resultado, Memórias inventadas, será apresentado ao público neste sábado e domingo, sempre às 19h, dentro da programação da 11ª Mostra Dulcina, no Teatro Dulcina.

“Estudamos profundamente a obra de Manoel de Barros, que comparamos a (Samuel) Beckett em relação à síntese de linguagem”, explica Fernando.

Clube de leitura
Baseado no livro homônimo de Barros, o espetáculo conta a história de pessoas que se reúnem no clube de leitura Cantigas por um Passarinho à Toa para dividirem a paixão pela escrita de Manoel de Barros. “A peça fica na fronteira entre a invenção e o real”, resume o diretor.

Os 10 personagens, de origens distintas, formam um mosaico que dialoga diretamente com o texto original. Memórias inventadas é a primeira prosa poética do autor cuiabano.

Entre os alunos/atores que compõem o espetáculo, estão Ana Gomes, Rafael Justus — que visitou Manoel de Barros em casa —, Lorena Maria, Cassius Desconsi e Eder Antunes.

Trecho

Prezo insetos mais que aviões
Prezo a velocidade das tartarugas
mais que a dos mísseis
Tenho em mim esse atraso de nascença
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso
Meu quintal é maior do que o mundo

(Manoel de Barros)

Fonte: http://divirta-se.correioweb.com.br/materias.htm?materia=10677&secao=Programe-se&data=20100626

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Neste fim de semana, dias 26 e 27 de junho, a partir das 17hs, a Barca Brasília apresenta o recital poético musical com os Grupos: Radicais Livres e Poeticatrupe. Os poetas Radicais Livres se unem à musicalidade do Poéticatrupe realizando mais uma edição da Barca Poética. O sarau ocorre no agradável e aconchegante ambiente da Barca Brasília, agregando informações turísticas sobre o lago e a maravilhosa paisagem da Orla, com a passagem por grandes cenários da arquitetura como o Palácio da Alvorada, a Ponte JK, a Ermida Dom Bosco, mansões, clubes e muita natureza. Tudo isso, com a opção de um cardápio regado a vários tipos de massas, risotos e excelentes petiscos da culinária brasileira. Além de bons vinhos, drinks, cervejas, sucos, cafés, chocolate quente e várias iguarias que ativam o paladar. Ingressos limitados! Venha participar!
A Barca dispõe de equipe de marinheiros treinados e atende a todas as normas de segurança da Marinha.
OS POETAS E MÚSICOS
O sarauradical que une poesia, teatro e música há sete anos, trás Diogo Ramalho, Thiago Alexander e Vinícius Borba. A feminilidade da poeta Francineia Alves vem somada a música do intérprete Ismael Fonte, ambos da Poéticatrupe, que emociona com um rico e vasto repertório de música brasileira.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

CABEÇA DE CUIA


- Vamos lá, cara, traz a bola e o dinheiro da passagem da balsa.
E, assim, depois de deflorar a sétima virgem, Crispim passou a bater bola todos os dias, com os amigos, na coroa do rio Parnaíba, a espera de um olheiro que o levasse ao Caiçara ou ao Cori-Sabá.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Conto e Crônica na BNB


A Academia de Letras de Taguatinga, em parceria com o Sindicato dos Escritores do DF (SEDF) e apoio da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), promove, na próxima quinta-feira (17) às 19 horas, o segundo encontro da série de palestras Gêneros Literários. Neste dia, o público poderá conferir duas palestras: a do contista Oswaldo Pullen, que falará sobre “O Conto: da Pré-história à Internet”; e a do escritor Roberto Klotz, com o tema “Crônicas: O caminho do Humor”. O evento acontecerá no auditório do 2º andar da Biblioteca Nacional e será apresentado por Raúl Ernesto Larrosa.

Roberto Klotz é engenheiro e escritor, autor dos livros Pepino e farofa e Quase pisei!, membro do Conselho Distrital de Cultura e um dos mais entusiasmados participantes do Núcleo de Literatura da Câmara dos Deputados. Oswaldo Pullen é carioca e reside em Brasília desde 1962. Contista premiado, também tem passagem pelos cartuns, com 270 tirinhas publicadas no Correio Braziliense, na década de 80. Já publicou os livros 22 Poemas e Alípio Doidão, tendo organizado e participado da antologia de crônicas No tempo em que cobra tinha asas. A organização do evento está sob a coordenação da escritora Gacy Simas.

PROGRAME-SE: Conto e Crônica na BNB – Palestras com os escritores Oswaldo Pullen e Roberto Klotz, com apresentação de Raúl Ernesto Larrosa. No auditório da Biblioteca Nacional de Brasília (2º andar), 17 de junho, às 19horas. Informações: Gacy Simas (8419-2163). Entrada franca.

Fonte: http://www.sc.df.gov.br/?sessao=materia&idMateria=4155&titulo=CONTO-E-CRONICA-NA-BNB

domingo, 13 de junho de 2010

Se fôssemos patriotas como nos Estados Unidos, os jovens iam andar com camisetas com a frase ‘Noel forever, Noel lives.’” É com essa metáfora que o músico e escritor Guca Domenico mensura a importância de Noel Rosa para a música brasileira. Noel, que revolucionou o samba, em 2010 completaria 100 anos, mas morreu aos 26, vítima de tuberculose, tendo criado mais sucessos do que muito compositor que chegou à terceira idade.
Guca, autor da biografia romanceada O jovem Noel Rosa, conta que o sambista carioca teve uma história pessoal complicada. “O pai de Noel era meio maluco, megalomaníaco, estava sempre inventando alguma coisa que ia levar a um grande sucesso, mas estava sempre sem grana”, define. Uma das atividades em que o pai de Noel se envolveu foi em uma fazenda de café em Jaú, no interior de São Paulo. Enquanto isso, a família continuou no Rio de Janeiro. “Noel passava a lábia na mãe e ia para a noite. Mas ele tinha uma saúde frágil: nasceu com a ajuda de um fórceps, que lhe causou um esmagamento na mandíbula, fazendo com que ele não conseguisse abrir a boca direito, tanto que se alimentava de líquidos e comida pastosa”, relata Guca.

Com isso, o jovem Noel ganhava a chance de usar a boemia e a ironia para lidar com seus problemas e de usar seu talento como músico para ganhar a admiração das pessoas. Ao mesmo tempo, mudou o trajeto da música popular brasileira. “Noel formatou o samba urbano. O samba era muito maxixe, que é de fato o pai do samba, mas foi com Noel que ganhou as características que o distinguiram como ritmo”, analisa Guca. O escritor também defende como de Noel o mérito de trazer o ponto e vírgula para a música brasileira, apresentando uma gramática perfeita para canções populares, como o grande sucesso Com que roupa?

A ousadia musical e o estilo de compor combinaram, em Noel, com seu tom de pele branco e sua dedicação ao curso de medicina, ajudando a dar status a um ritmo que era sinônimo de contravenção. “O samba era uma coisa de fundo de quintal, porque, se o chefe de polícia descobrisse que estava rolando um samba na casa de alguém, ele entrava e prendia todo mundo. Era coisa de vagabundo. Então, tinha gente que deixava um violino e uma flauta rolando na sala para disfarçar enquanto o samba acontecia no fundo da casa”, assegura Guca, ex- integrante do grupo Língua de Trapo.

Para ele, é difícil falar da influência de Noel entre os artistas contemporâneos, pois ela é muito difundida. “O grande sucessor de Noel é Chico Buarque, mas ele influenciou desde Caetano Veloso e Maria Bethânia até Marcelo D2. Isso pode ser surpresa para algumas pessoas, porque a sonoridade é diferente. A do Noel é mais autenticamente brasileira (se é que existe isso), enquanto a do D2 tem influência do rap, de ritmos estrangeiros, mas essa ginga malandra do D2 vem do Noel”, define.




CRONISTAS DA CIDADE
Se Noel trouxe para o samba status e gramática correta, Adoniran Barbosa pode parecer seu exato oposto, não apenas pelos saborosos deslizes que se permitia na língua portuguesa, mas também porque em suas músicas tratava da periferia, das pessoas simples. A verdade é que tanto Noel quanto Adoniram foram polos geradores de um samba regionalista e irônico. Para Sérgio Rosa, integrante do conjunto Demônios da Garoa e filho de Antônio Rosa, um dos músicos que fundaram grupo em 1943, a trajetória de Adoniran é inseparável da do grupo. “Os Demônios popularizaram músicas de Adoniran, como Saudosa maloca e Samba do Arnesto, e tudo que ele fazia, trazia pra gente”, revela Sérgio.

Considerado um grande cronista da cidade de São Paulo por citar os bairros e colocar lugares reais como pano de fundo de suas músicas, Adoniran não foi apenas músico. Foi radialista, comediante, artista de circo e ator de televisão. O humor era sempre fator de sucesso em seu trabalho e a identificação com a cidade acabou por estabelecê-lo como criador de um samba considerado autenticamente paulistano em contraposição a Noel, que cantava sua amada Vila Isabel e tinha em sua produção a marca do amor pela Cidade Maravilhosa.

Sérgio conheceu pessoalmente Adoniran, que faleceu em 1982, aos 72 anos. Considerava-o uma pessoa espetacular, muito simples. Para ele, a influência do sambista como músico se mede pela extensão de seu sucesso. “Trem das onze já foi gravada em 19 línguas diferentes”, informa. Além disso, ele considera que Adoniran foi não só uma das grandes essências do samba paulista, mas também um dos responsáveis pelo sucesso do Demônios da Garoa, que, desde 1943, nunca deixou de se apresentar e está no livro dos recordes, o Guinness Book, como o grupo mais antigo da América do Sul em atividade.

André Nigri, autor do livro Adoniran – Se o senhor não tá lembrado, junto com Flávio Moura, acredita ter sido Adoniran quem inaugurou um tipo de crônica social pouco praticada na época – rendendo, inclusive, material para quem quiser estudar São Paulo entre as décadas de 1940 e 1960. “A obra de Adoniran vai além dos sambas geniais, da melodia. Ela é um retrato da transformação da cidade, que passou por um momento de volúpia da construção civil, que é mostrado em Saudosa maloca, por exemplo. Além disso, ele foi um grande retratista dos tipos”, enfatiza André. Para ele, a ironia é que grupos dedicados ao resgate da marca de Adoniran tenham surgido apenas no final da década de 1970 e começo de 1980, como os grupos Amigo Barnabé e Língua de Trapo.

Há, claro, quem discorde de André. Guca acredita que, muito além da identificação estabelecida entre Adoniran e a cidade de São Paulo, a qualidade da melodia de suas músicas faz dele um sucesso até hoje. “São músicas incríveis, que entram de leve na cabeça. Interessantes, inteligentes e instigantes”, define. Para ele, o Língua de Trapo deu continuidade à ironia escrachada de Adoniran em canções como Dina, na qual é narrada a história de uma mulher que sempre declarou seu desejo de ser enviada para o crematório depois de sua morte e acaba morrendo em um acidente de carro. Apesar do tema pesado, o humor faz com que a letra seja leve, artimanha usada por Adoniran em canções como Despejo na favela ou Tiro ao Álvaro.




TEMPERO MINEIRO
Se Noel e Adoniran representam a dualidade do Rio e de São Paulo no samba, Ataulfo Alves acrescenta o tempero mineiro à mistura. Nascido em Miraí, em 1909, Ataulfo foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas, menino de recados, engraxate, marceneiro e lavrador. Aos 18 anos, foi morar no Rio de Janeiro. Aos 19, tocava violão, cavaquinho e bandolim. Aos 20, começou a compor e tornou-se diretor de harmonia do Fale Quem Quiser, bloco de rua do bairro onde morava. Mas sua entrada no mundo da música só aconteceu em 1933, quando Carmen Miranda gravou Tempo perdido, de sua autoria. Autor de mais de 320 canções, são de Ataulfo sucessos interpretados por Clara Nunes e pelos grupos Quarteto em Cy e MPB 4.

Entre os epítetos pelos quais Ataulfo era conhecido estão “General do samba”, “O diplomata do samba”, “Embaixador do samba brasileiro” e também “O mais elegante sambista”. Esses títulos fazem referência ao esforço de Ataulfo para divulgar a música brasileira no exterior. Em 1961, ele e suas Pastoras participaram de uma caravana na Europa divulgando a MPB. Em 1966, mesmo com a saúde debilitada, o sambista foi para o Senegal representar o Brasil no I Festival de Arte Negra.

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Ataulfo também foi conselheiro e presidente da União Brasileira dos Compositores e diretor da Associação Defensora dos Direitos Autorais. A participação do mineiro somou força à luta para que o direito autoral fosse devidamente pago aos compositores, numa época em que o mercado fonográfico era desorganizado e os direitos autorais eram pouco respeitados.

O fim da escravidão, ocorrido em 1888, era fato relativamente recente quando Ataulfo começou sua carreira. Caprichando no visual e se apresentando sempre impecável, vestido de terno, o mineiro usava seu estilo e asseio como armas para rebater qualquer desdém que pudesse sofrer por ser negro.

Se do ponto de vista musical não era tão ousado, a eficiência de suas composições é inegável. Não há quem não conheça Ai, que saudades da Amélia, parceria com Mario Lago, que também foi sucesso dos Demônios da Garoa. Até hoje a música é um coringa no repertório de qualquer show. “Quando o pessoal desanima, eu toco Ai, que saudades da Amélia e todo mundo canta junto”, entrega Guca.




CARREIRA INTERNACIONAL
Contemporâneo de Noel, Adoniran e Ataulfo, Vadico talvez tenha sido o de carreira mais bem-sucedida. Como seu talento era maior como músico, Oswaldo Gogliano, nome real do alcunhado que marcou o samba, chegou a fazer carreira nos Estados Unidos. “Foi convidado por Vinicius de Moraes para fazer as músicas da peça Orfeu negro, mas como estava adoentado, indicou um cara novo, um tal de Tom Jobim, que ele achava muito bom”, conta Guca.

Sofisticado musicalmente, Vadico também tinha boa aceitação entre o público. Grande parceiro de composição de Noel, compôs Feitiço da Vila e Conversa de botequim.

Rafael dos Santos, professor de música da Universidade de Campinas (Unicamp), em seu artigo O feitio da inovação na década de 1930: a contribuição de Vadico para a música popular brasileira, defende que, apesar de o sambista ser conhecido como um dos principais parceiros de Noel Rosa e de sua extensa atuação como compositor, pianista e arranjador, com exceção de suas obras em parceria com Noel, poucas outras têm registros em gravação ou partitura e nem mesmo se sabe se ainda existem.

A primeira parceria de Noel e Vadico, Feitio de oração, composta em 1933, é fundamental, segundo Rafael, para entender a importância de Vadico para a música brasileira. De acordo com o professor, assim como em muitas outras composições de Vadico, Feitio de oração tem estrutura harmônica elementos do jazz, que foram associados ao maxixe e ao choro, formando uma nova maneira de tocar samba.

Já Noel, ao perceber que a estrutura da música era diferente, respondeu à altura com uma letra considerada marco do desenraizamento do samba. “Ao ouvir a composição de Vadico pela primeira vez, Noel provavelmente percebeu que, do ponto de vista melódico e harmônico, não era mais maxixe nem samba do morro, mas sim um samba romântico”, esclarece Rafael. “A transformação do samba de ritmo étnico em símbolo de brasilidade e parte da identidade nacional foi o resultado do processo começado por Vadico e Noel.”

Em 1939, Vadico foi aos Estados Unidos para se apresentar com a orquestra de Romeu Silva na Exposição Internacional de Nova York. No ano seguinte, voltou e fixou residência na Califórnia. Gravou as músicas do filme Uma noite no Rio, com Carmen Miranda, e também compôs Ioiô, a pedido da Universal Pictures, mas que não figurou na película. Acabou se tornando o pianista fixo de Carmem Miranda e, em 1943, a convite de Walt Disney, musicou Saludos, Amigos – desenho animado que apresentou o papagaio Zé Carioca como símbolo do Brasil.

Vadico acabou ficou nos Estados Unidos 15 anos, até sua morte, em 1962. Sofreu um ataque cardíaco enquanto se preparava para ensaiar com uma orquestra no estúdio da produtora de cinema Columbia.©

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CARAVANÇARÁ


venho de milhares de eras de Sete Cidades
sou um milhão de civilizações gurguê
pinto com sangue os paredões de meus atos
incompletos no Boqueirão da Pedra Furada
gravo na terra indescifráveis geoglifos
em picos de morros da Serra das Confusões
renasço em arte naïf nas espinhas de peixes
fósseis da Chapada do Araripe
enquanto na Serra Vermelha sobram apenas
as cinzas da ignorante ganância de alguns

Marcos Freitas, do livro 'raia-me fundo o sonho tua fala' - 2007
imagem: ilustração de Manoela Afonso, 2007

CERRADO(,) DESTRUÍDO

o óleo do buriti
embreja-se em minha pele.
o shampoo do jaborandi
penetra-me as raízes dos cabelos.
a borracha da maniçoba
cola-se à minha vaga mente.

no que sobrou do cerrado,
a juriti canta seu canto triste e derradeiro.

o azeite do pequi
impregna arroz e versos.
a infusão do barbatimão
lava-me o estômago e cicatriza a alma.
os fios do capim dourado
amarram-me a ti, definitivo e inteiro.

no que sobrou do cerrado,
a juriti canta seu canto triste e derradeiro.

DA PRÓXIMA VEZ QUE EU FOR AO PIAUÍ (CIDADES QUE ME GUARDAM)

Aos velhos amigos Guilherme e Inácio
Ao Edmar, piauinauta, ouvidor de vozes
Aos novos amigos da Academia Onírica – poesia tarja preta

Da próxima vez que eu for ao Piauí, quero ver o Guilherme
pra falar do pão de queijo do seu Cornélio
pra falar de política, All Star e Hang Ten

Da próxima vez que eu for ao Piauí, quero ver o Inácio
pra falar de sorvete de bacuri, Gelatti, Sorvetão e Maguary
pra falar do Setembro Rock, Cerol na Linha, Nós & Elis

Da próxima vez que eu for ao Piauí, quero deitar poemas ácidos
do Cine Rex até Timon
(me desculpem aquele trambolho, que é o pendurado metrô!)

Lembrete: Joca, tem outros lugares, becos e bares que carecem de memória
na tristeresina, bandeirosamente pendurados no ar.

Da próxima vez que eu for ao Piauí, não posso trazer flores do cerrado:
cerrado não há.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Prêmio de Literatura SESC Roraima


CONVITE
Com objetivo de promover a leitura e fomentar a literatura no Estado de Roraima, o SESC realizará dentro do Projeto Feira de Livros, o Prêmio de Literatura SESC Roraima.
Convidamos Vossa Senhoria para o lançamento deste prêmio, que acontecerá no dia 10 de Junho de 2010, às 20h, no Teatro Jaber Xaud, do Espaço Cultural Amazonas Brasil, no Centro de Atividades SESC, no Mecejana.
Na oportunidade, será lançado o Prêmio SESC de Literatura 2010, do Departamento Nacional, e o livro "Narcisismo", de Bruno Karl, escritor residente em Boa Vista.

O Prêmio de Literatura SESC RORAIMA

é promovido pelo SESC – Serviço Social do Comércio, e objetiva premiar textos inéditos, escritos em língua portuguesa, por autores brasileiros ou estrangeiros residentes no Estado de Roraima, nas categorias literárias POESIA e CONTO.
O Resultado do Prêmio será divulgado no dia 10 de novembro, durante a realização da XX Feira de Livros do SESC RR, sendo que os três trabalhos selecionados em cada categoria serão publicados em obra denominada Coletânea de Poesia e Conto. Prêmio de Literatura SESC-RR 2010. Os autores que tiverem suas obras publicadas na Coletânea receberão placas alusivas e certificação e cada um receberá 15 exemplares da Coletânea publicada, e ainda, as escolas e os professores que tiverem alunos com trabalhos selecionados para publicação receberão placas e certificações.

O Prêmio Sesc de Literatura (DN)

O Prêmio SESC de Literatura foi criado em 2003, voltado para escritores inéditos. Diferentemente da maior parte dos concursos literários, que oferecem apenas dinheiro ou exemplares como prêmio, a iniciativa do SESC edita, distribui e divulga os títulos vencedores, ações desenvolvidas em parceria com a Editora Record. Os livros premiados também são inseridos no acervo das bibliotecas do SESC.

Um pouco sobre Bruno:

Bruno Karl nasceu em Manaus, capital do Amazonas, e ainda na primeira década de vida mudou-se para Boa Vista, em Roraima. Suas primeiras experimentações literárias foram com a poesia. Participou duas vezes do CONPOESI (Concurso de Poesia do Sesi). Foi premiado em ambas as participações. Participou do livro Retalhos, idealizado por Haroldo Pinheiro com o conto Nada para Amanhã.
Narcisismo é o primeiro livro lançado pelo autor, atualmente, acadêmico do curso de filosofia da UERR.

Um pouco de sua obra:
Narcisismo é uma fábula que enfoca o relacionamento de um indivíduo consigo, com a sociedade e com seus amantes. Apesar de dispor de acontecimentos históricos, não é um romance com pretensões de ambientar-se historicamente.
O livro é estruturado em pequenas partes em favorecimento do leitor casual. O guia nessa jornada é Jamiel, fidalgo do reino fictício onde a história é ambientada. Trata-se de um rapaz formoso, cuja beleza aparente é um engodo que encobre sua natureza violenta.

Fonte:
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Lisonete da Silva Lira
CRB 11- 633
Bibliotecária /SESC-RR
Rua Araújo Filho, 947 - Centro
CEP.: 69301-090 Boa Vista - Roraima
E-mail.: bibliocentro@sescrr.com.br
Tel.: (95) 3621-3928 / 3624-9851

domingo, 6 de junho de 2010

Belô Poético 2010, de 15 a 18 de julho


Tema: Poetas unidos em prol do equilíbrio ecológico
“OU A GENTE SE RAONI OU A GENTE SE STING”
(Luiz Turiba)

15 a 18 de julho de 2010
15 de julho – Quinta-feira

Local: SESC LACES JK
Rua Caetés, 603 – Centro – Belo Horizonte

ABERTURA OFICIAL
19h - Homenagem: Personalidades que contribuem com a poesia brasileira:

Marcos Túlio Damascena
Criador da Biblioteca Instituto Cultural Aníbal Machado (Borrachalioteca) em Sabará (MG)

Francisco Assis Mattos (Professor Mattos)
Criador da Biblioteca Comunitária João Rodrigues de Mattos (CE)

Movimento Paz e Poesia
Grupo de poetas - que faz da poesia, instrumento de paz (MG)

Grupo Realistas NPN e Hudson Carlos/Ice Band (Os Sobreviventes), Através do Hip Hop, os grupos realizam trabalhos sócio-educativo-culturais, com crianças e jovens da periferia de Belo Horizonte

APRESENTAÇÕES DE ABERTURA
20h - Roda Poética: Luiz Turiba, Nicolas Behr, Antônio Miranda, Ricardo Bezerra e Rômulo Carlos.

20h30 - Performance: “Ou a gente se Raoni ou a gente se Sting” com Babilak Bah (MG)

21h - Coquetel e Exposição: “Aspectos Urbanos” da artista plástica Iara Abreu (MG)
16 de julho – Sexta-feira

9h - Exercício Poético de Cidadania
Local: Centro de Referência da População de Rua

Articuladores: Deomídio Macedo (BA), Mané do Café (SP), Mavot Sirc (SP), Régis D´Almeida (MG), Rogério Salgado (MG), Virgilene Araújo (MG) e demais interessados.

12 às 14h - Intervalo para o almoço

14 às 16h - Oficina: Produção de papel artesanal e produtos recicláveis
Local: SESC LACES JK

Oficineiros: Rômulo Ferreira, artista plástico, poeta e escritor (RJ) e Bárbara Barroso, artista plástica e recreadora (RJ).

16 às 16h30 - Chá da tarde

16h30 às 18h - Relatos de experiências poéticas: Todos os poetas presentes poderão partilhar suas atividades mais interessantes, desde o Belô Poético anterior.
Local: SESC LACES JK

Em seguida - Dinâmica de grupo: Lúdica Poesia e Recital Poético.

Coordenadores: Luiz Carlos de Oliveira Cerqueira (DF), Inêz Alves (MG), Walnélia Pederneiras (SC) e Marta Reis (MG)

18 às 19h - Intervalo para o jantar

19h30 - Sarau Lítero Musical
Local: Status Café Cultura e Arte

Apresentadores: Carlos Farias e Márcia Araújo (MG)
Participação dos “Poetas En/Cena 4” com mostras de performances Instantâneas. (vide nomes, fotos e poemas dos Poetas En/Cena 4 no blog - inserido no site do Belô: www.poetasencena.blogspot.com).

Participações especiais:
1º Momento: Carlos Farias, cantor e compositor (MG)
2º Momento: Lívia Tucci, em jazz e blues (MG)
3º Momento: Grupo Pasárgada (MG)
17 de julho – Sábado

8 às 12h - Lançamento de livros: Poetas inscritos no Belô Poético
(chamada por sorteio)

Microfone aberto aos autores com momento dos autógrafos seguido de leilão literário e feirão de livros*.

Articuladores: Bilá Bernardes (MG), Léa Lu (MG), Heleide O. Santos (MG) e Rogério Salgado (MG)
*Venda de livros, somente, de poetas inscritos no Belô Poético.

12h30 às 15h - Intervalo para almoço

15 às 18h - Circuito de opiniões e conhecimentos:
Poetas unidos em prol do equilíbrio ecológico
"OU A GENTE SE RAONI OU A GENTE SE STING”

Mediador: Tanussi Cardoso, poeta e presidente do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro

Formadores de opinião: Fernando Aguiar, poeta, criador do Soneto Ecológico em Matosinhos (Portugal); Nicolas Behr, poeta e um dos criadores do MOVE: Primeira ONG ambientalista do Distrito Federal;
Luiz Turiba, poeta e jornalista (DF); Antônio Miranda, poeta, diretor da Biblioteca Nacional de Brasília e coordenador da Bienal Internacional de Poesia de Brasília (DF); Ricardo Bezerra, poeta, escritor e advogado (PB); Inêz Alves, jornalista, terapeuta holística e ativista do grupo Preservealagoa de Lagoa Santa (MG).

18 às 19h - Intervalo para o jantar

19h30 - Teia Poética: Intervenções poéticas e performáticas para poetas inscritos no Encontro.
Informações sobre participação na Teia Poética:
Serão 10 participantes escolhidos por sorteio, durante o Sarau Lítero Musical (16/07 - sexta-feira - às 19h30). Haverás brindes literários para todos os participantes. O regulamento será entregue pela equipe de apoio após o sorteio.

Apresentação: Graça Faisão (MG)
Performance de Abertura: Queijo Mineiro com Wagner Torres(MG) e Ricardo Moraes (MG)

Mesa de Jurados: Fernando Aguiar (Portugal); Maria Clara Segobia (RS); Rodrigo Starling (MG); Arlindo Nóbrega (SP); Aroldo Pereira (MG); Maria Morais (MG); Deomídio Macedo (BA).
18 de julho - Domingo

Passeio Turístico (Atividade Extra Programação)
Local: Instituto Inhotim – (Brumadinho/MG – há 51km de BH)

complexo museológico original, constituído por uma sequência não linear de pavilhões em meio a um parque ambiental.

São 45 hectares de uma das maiores coleções botânicas do mundo, 5 lagos ornamentais e um importante acervo de arte contemporânea com mais de 500 obras de mais de 100 artistas.

Suas ações incluem, além da arte contemporânea e do meio ambiente, iniciativas nas áreas de pesquisa e de educação. É um lugar de produção de conhecimento, gerado a partir do acervo artístico e botânico.

Saída às 9h: concentração no SESC Laces JK.
Taxa de entrada: vide valor no site: www.inhotim.org.br.

Anand Rao musica poemas, recados, tudo no palco acústico do SALIPI


Neste sábado, o morador de Teresina terá chance de ver, às 19:30 h, no Coreto Acústico da Praça D. Pedro II o músico Anand Rao em ação. Anand Rao compõe tudo no palco e diz que seu estilo não é rap nem repente. É sim MPBJazz. Ele musica poemas, textos, recados, falas, espirros, silencios, uma loucura que tem viajado por todo o país e se intitula Projeto MúsicaPoética. Em julho, a música de Anand Rao ganhará os palcos do Festival de Montreux na Suiça bem como, em setembro estará no 55 Bar do Village em Nova York.

Já ouvimos falar que para se compor uma música alguns bebem, outros só compõem quando estão extremamente tristes, outros são profissionais, compõem mediante encomenda, outros acham que há inspiração mas, 90 % é transpiração. Enfim... Anand Rao acha que é uma diversão compor e há que se ter muita harmonia, melodia e ritmo no coração, no infinito da alma.

Conta que ao se separar, pesava 150 quilos, e como voltou para o “mercado”, ou seja, para a arte da comquista em bares e etc, começo a utilizar na conquista com a mulheres o processo da composição feita na hora. Lembra que os olhos femininos brilhavam com este processo e ele se emociona muito, pois, tudo em Anand, é emoção. Vendo que tinha esta facilidade começou a estudar harmonia sem parar, seus solos são vocais utilizando muito percussão de boca a la João Bosco mas, sua guitarra semi-acustica é harmônica. Ao estudar viu que tinha facilidade ritmica, e por ter publicado 20 livros de poesia e ler uma pagina do dicionário como Manhatma Gandhi, tinha facilidade de letrar a melodia, aí surgiu o MPBJazz já citado.

Daí prá frente, começou a fazer músicas diversas sobre diversos temas. Em determinado dia estava num show no Rio, quando um poeta apresentou-lhe um poema e ele musicou na hora sem ler. Aí não parou mais começou a musicar receita de médico, petição judicial, e-mails de namorados para namoradas, tudo no palco. Ele costuma dizer que compor para ele é infinitamente fácil agora interpretar suas canções é infinitamente chato, gosta do novo, do que está por vir, ou seja, de compor e gravar as composições todo dia e toda hora.

É essa figura que vem se apresentar no SALIPI. Segundo Feliciano Bezerra, organizador da parte musical do SALIPI e um dos poetas que será musicado, Anand Rao ligou para a organização do SALIPI e ofereceu o projeto MúsicaPoética. Feliciano recebeu a proposta, foi ao You Tube e disse “este será o diferencial do SALIPI”. Já o Professor Romero, organizador geral, disse que gostou do MúsicaPoética, viu que o mesmo havia sido aprovado quando de sua passagem pelas feiras do livro de Palmas e Joinville, viu a agenda nacional e internacional do músico e resolveu apostar tudo na apresentação do mesmo, achando que deve ser algo inovador e potencialmente rico.

Até agora, por convite de Feliciano, confirmaram presença e serão musicados no show os seguintes poetas: Elio Ferreira, a Companhia Lírica de Poetas, o poeta Kilito, Mário Felipe e até sábado outros serão contactados. Anand Rao inclusive convida toda a comunidade, não só de poetas, mas, todos que gostam de escrever e garante que todos vão virar compositores na noite de 05 de junho às 19:30 h no palco do SALIPI Acústico na praça D. Pedro II.

Outra informação importante é que todas as composições são gravadas digitalmente em MP 3 e os parceiros recebem as composições no dia posterior ao show via e-mail. Se aprovadas a mesma é escrita pela empresa Rodrigo partituras que faz partituração de músicas no Rio e são registradas. Anand tem mais de 1.000 composições registradas

Todos podem acessar e assistir os trabalhos de Anand Rao no Portal Cultural Anand Rao (www.anandraobr.com) cujo o e-mail é producaoanandrao@gmail.com e e ele reforça o convite “leitor venha e virará compositor e se não vier como está chegando o dia dos namorados envei o recado, poema ou etc para sua namorada que virará canção e você poderá presentear a mesma no seu dia”.

Fonte: http://www.anandraobr.com/noticiasler.asp?id=7674

sábado, 5 de junho de 2010

Urdidura de Sonhos e Assombros: Poemas Escolhidos (2003-2007), de Marcos Freitas, no 8º SALIPI

APRESENTAÇÃO

Marcos Freiras chega, precocemente, à primeira antologia de poemas (2003-2007), num percurso de produção intensa e constante. Engenheiro como o nosso Joaquim Cardoso (calculista das obras de Niemeyer, na mesma Brasília em que agora, no ano de seu cinquentenário de fundação, vive Marcos Freitas). Cientista e poeta, uma combinação que vem das origens da poesia, quando o verso era também o curso e o discurso do saber científico, da poiesofia, da techné. Também o grande João Cabral de Melo Neto reclamava ser a poesia um exercício de engenharia, de engenho e arte. Marcos Freitas também é nordestino e atua na criação poética com suor e destreza, como queria o modernista Cassiano Ricardo:

POÉTICA

1
Que é a Poesia?

uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.

2

Que é o Poeta?

um homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.


(De Jeremias Sem-Chorar. São Paulo: José Olympio, 1964)

Marcos Freitas, no entanto, é um poeta lírico, mas também tem raízes sociais, e em versilibrismo avança no domínio de sua técnica, reconhecendo "um poema / tão denso e pequeno / que não cabe em si", que é o desafio. Síntese, amálgama, fusão de idéias e sentidos, e — por que não? — de mementos e sentimentos.

Poesia como um exercício de vida. Poesia e vida: "em letras garrafais/ te sinto/ e / te desejo/ como a uma botelha de absinto." Botelha, com origem no francês (bouteille), mas em português seleto, como o próprio absinto que o poeta evoca. Poesia é também estas coisas que vem das coisas, mas que são outras coisas, coisas que só existem na poesia, e que o leitor também aprecia, no caso, da própria garrafa-poema lançada ao universo.

Não é um poeta narcisista e ensimesmado. É um poeta da noite, das relações, dos acasalamentos. "Um jeito meio assim", casual, jovem, de um propósito construído na circunstância. Tátil. Verso solto, que é contido, mas também desprendido e sutil, que é um registro sensorial e ao mesmo tempo mental, recursivo, pois o poeta sempre volta à solidão e ao espelho. Os tais "momentos-intantes" de que nos fala Marcos em um de seus poemas.

Nordestino desterrado, levado a terras distantes. A outras línguas e experiências, guarda um tanto a aparência de um passado que ele mantém vivo —não apenas porque conserva a vasta cabeleira dos rebeldes, mas por manter uma dialética questão com o tempo: "o tempo passado,/ passado sem os meus. /o tempo futuro/ futuro para os seus?", diz no poema da Irreversibilidade.

Queiramos ou não, a poesia nos remete sempre à autobiografia, ao memorialismo, que não é apenas do poeta, mas sobretudo do leitor, que se identifica e se reconhece.

FOTO TABOCA
Quem não deixou
sua alma aprisionada
em 3X4
no lambe-lambe
do Seu Chiquinho
na Praça da Bandeira?

A poesia de Marcos flui e reflui. É relicário e é ofertório, como a sua/nossa Cajuina que é "pura, cristalina/ do Piauí, genuína". Ah, Marcos viveu na Alemanha, escreve seus poemas em várias línguas, mas tem um retrato ovalado na parede que ele trouxe do seu Piauí, naquela "difusa fronteira de tua (dele, nossa) verve fantasia."
De carne e sonho, de beijos e coices de amor, como queria Oswald de Andrade.

Antonio Miranda

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Lília Diniz no 8º SALIPI


Lilia Diniz mistura poesia, música e teatro num só balaio. Irreverente, criativa e, sobretudo, original, fez o público cantar, dançar e sorrir à custa do seu “Miolo de pote em cantigas e versos”, livro da artista que já está em sua 4ª edição.
Fonte: http://www.tvcanal13.com.br/colunas/vila-nova-no-salipio-show-de-lilia-diniz-7226.asp

Fazimento de pouco

Os versos
que se achegam a mim
têm sabedoria de jabuti
não me poupam de nada
nem da aspereza
das metáforas lerdas
que passeiam
em palavras rasteiras
senhoras de si

Ignorando
minha incapacidade
dão o mote
e se vão

Lilia Diniz.
http://lilia-diniz.blog.uol.com.br/

8º SALIPI - Salão do Livro do Piauí

terça-feira, 1 de junho de 2010

BEIRUTE – BAR QUE INVENTAMOS

Quem conhece esse experiente “rapaz” não consegue deixá-lo de lado. Por isso, brasilienses e visitantes que tiveram contato com “ele” alimentam recordações, causos, poesia e saudade. O quarentão mais famoso da cidade acaba de ganhar, digamos, a sua Barsa. O felizardo biografado: o bar Beirute, que nasceu em 1966, na 109 Sul, e hoje já tem “filho” em outra esquina, na 107 Norte. Organizado por Fernando Oliveira Fonseca, Beirute – Bar que inventamos é uma obra que surgiu de um processo colaborativo, com a participação de 100 autores – jornalistas, poetas, fotógrafos, ilustradores, professores e, claro, frequentadores do Beira, como é conhecido na intimidade.

O título faz alusão à frase “Brasília, cidade que inventei”, dita por Lucio Costa. “O Beirute foi uma invenção nossa. Nós, os brasilienses que viemos ocupar efetivamente o projeto urbanístico criado por ele, acabamos criando o Beirute”, brinca Fernando Fonseca. Segundo ele, que em 1994 lançou o livro Beirute, final de século, o retorno ao tema se deve aos muitos pedidos da renovada “nação beirutiana” por uma segunda edição.

Fonseca acrescenta outro motivo para a nova publicação. “No primeiro livro, lançado há 16 anos, alguns nomes atrelados à história do Beirute, infelizmente, ficaram de fora. Tive a chance de resgatar essas pessoas”, justifica, referindo-se a nomes como o poeta Nicolas Behr e o jornalista Tuca Pinheiro, que se tornou conselheiro, especialmente nos momentos de crise vividos pelo estabelecimento. Os dois estão entre os que escreveram os 10 textos do abre-alas do livro, “Ausências imperdoáveis”.

Todos sabem que a vida segue seu curso, não para nada nem ninguém. Muito menos o bom Beira, que, com 44 anos de estrada, continua lá na sua quadra (ou “esquina”), registrando fatos, histórias e segredos. “Vidas que seguem” dá continuidade à saga. Nesse segundo capítulo, com 116 páginas recheadas de textos e fotos, os acontecimentos ocorridos de 1994 em diante são as cerejas do bolo.

Saiba mais…

Trechos do livro Beirute – Bar que Inventamos Nada passa despercebido pela lente beirutiana. Ela capta todas as idas e vindas de seus frequentadores. Um caso “filmado”foi o do artista Nanche Las Casas, que deu início a dois relacionamentos no local e os dois acabaram em casamento. Outro foi quando colocaram televisores no local, o que acabou despertando a ira dos frequentadores “fundamentalistas”. O fato virou assunto de uma crônica de Conceição Freitas, publicada no Correio em agosto de 2003 e agora reproduzida entre as 404 páginas do livro. Afinal, quem imaginaria que o bar de freguesia militante pararia para assistir a uma cena da novela das oito? E a vida, ou melhor, o Beira continuou.

“Beirute: uma invasão tombada”, título do terceiro capítulo (que traz Luis Turiba e Graça Ramos entre os seis autores), refere-se, segundo Fernando, a uma expressão que teria sido dita no bar pela ex-vice-governadora Arlete Sampaio. E, na defesa do tombamento deste patrimônio, Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF, aposta na tradição do lugar: “Mas falando-se do imaterial, do pensamento, da liberdade de expressão, da cultura culta e inculta, este bem, um boteco chamado Beirute, é um patrimônio inestimável para a cidade”.

Para aqueles que pediram bis, o quarto e último capítulo, “O resgate da história”, é a reedição do Beirute final de século, o livro lançado por Fernando Fonseca em 1994. Beirute – Bar que inventamos também traz encartado o DVD do documentário Nove, de César Henrique Arrais, Krishna Aum de Faria, Michel de Oliveira Gomes e Otto Guimarães.

BEIRUTE – BAR QUE INVENTAMOS

Livro organizado por Fernando Oliveira Fonseca, 404 páginas. Preço: R$ 20. À venda no Beirute da 109 Sul e no da 107 Norte.

Fonte: Correio Braziliense
 
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