Quem conhece esse experiente “rapaz” não consegue deixá-lo de lado. Por isso, brasilienses e visitantes que tiveram contato com “ele” alimentam recordações, causos, poesia e saudade. O quarentão mais famoso da cidade acaba de ganhar, digamos, a sua Barsa. O felizardo biografado: o bar Beirute, que nasceu em 1966, na 109 Sul, e hoje já tem “filho” em outra esquina, na 107 Norte. Organizado por Fernando Oliveira Fonseca, Beirute – Bar que inventamos é uma obra que surgiu de um processo colaborativo, com a participação de 100 autores – jornalistas, poetas, fotógrafos, ilustradores, professores e, claro, frequentadores do Beira, como é conhecido na intimidade.
O título faz alusão à frase “Brasília, cidade que inventei”, dita por Lucio Costa. “O Beirute foi uma invenção nossa. Nós, os brasilienses que viemos ocupar efetivamente o projeto urbanístico criado por ele, acabamos criando o Beirute”, brinca Fernando Fonseca. Segundo ele, que em 1994 lançou o livro Beirute, final de século, o retorno ao tema se deve aos muitos pedidos da renovada “nação beirutiana” por uma segunda edição.
Fonseca acrescenta outro motivo para a nova publicação. “No primeiro livro, lançado há 16 anos, alguns nomes atrelados à história do Beirute, infelizmente, ficaram de fora. Tive a chance de resgatar essas pessoas”, justifica, referindo-se a nomes como o poeta Nicolas Behr e o jornalista Tuca Pinheiro, que se tornou conselheiro, especialmente nos momentos de crise vividos pelo estabelecimento. Os dois estão entre os que escreveram os 10 textos do abre-alas do livro, “Ausências imperdoáveis”.
Todos sabem que a vida segue seu curso, não para nada nem ninguém. Muito menos o bom Beira, que, com 44 anos de estrada, continua lá na sua quadra (ou “esquina”), registrando fatos, histórias e segredos. “Vidas que seguem” dá continuidade à saga. Nesse segundo capítulo, com 116 páginas recheadas de textos e fotos, os acontecimentos ocorridos de 1994 em diante são as cerejas do bolo.
Saiba mais…
Trechos do livro Beirute – Bar que Inventamos Nada passa despercebido pela lente beirutiana. Ela capta todas as idas e vindas de seus frequentadores. Um caso “filmado”foi o do artista Nanche Las Casas, que deu início a dois relacionamentos no local e os dois acabaram em casamento. Outro foi quando colocaram televisores no local, o que acabou despertando a ira dos frequentadores “fundamentalistas”. O fato virou assunto de uma crônica de Conceição Freitas, publicada no Correio em agosto de 2003 e agora reproduzida entre as 404 páginas do livro. Afinal, quem imaginaria que o bar de freguesia militante pararia para assistir a uma cena da novela das oito? E a vida, ou melhor, o Beira continuou.
“Beirute: uma invasão tombada”, título do terceiro capítulo (que traz Luis Turiba e Graça Ramos entre os seis autores), refere-se, segundo Fernando, a uma expressão que teria sido dita no bar pela ex-vice-governadora Arlete Sampaio. E, na defesa do tombamento deste patrimônio, Alfredo Gastal, superintendente do Iphan no DF, aposta na tradição do lugar: “Mas falando-se do imaterial, do pensamento, da liberdade de expressão, da cultura culta e inculta, este bem, um boteco chamado Beirute, é um patrimônio inestimável para a cidade”.
Para aqueles que pediram bis, o quarto e último capítulo, “O resgate da história”, é a reedição do Beirute final de século, o livro lançado por Fernando Fonseca em 1994. Beirute – Bar que inventamos também traz encartado o DVD do documentário Nove, de César Henrique Arrais, Krishna Aum de Faria, Michel de Oliveira Gomes e Otto Guimarães.
BEIRUTE – BAR QUE INVENTAMOS
Livro organizado por Fernando Oliveira Fonseca, 404 páginas. Preço: R$ 20. À venda no Beirute da 109 Sul e no da 107 Norte.
Fonte: Correio Braziliense
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