quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Há Vagas nasceu em Brasília em momento de grandes promessas


A revista literária Há Vagas circulou em Brasília de setembro de 1982 a agosto de 1985, em três edições, que contaram com o apoio da Universidade de Brasília. Seus fundadores foram Armando Veloso, Chico Leite, José Adércio Leite e Paulo Joe, com a participação de Regina Ramalho, que fez a edição de arte do primeiro número, e um grande número de colaboradores. No início da década de 1980, o movimento literário de Brasília era muito intenso e os criadores da revista conseguiram agregar grande parte dos escritores que circulavam na cidade. Na época, a perspectiva de mudanças políticas, com o fim iminente da ditadura militar, e a capital ainda em busca de identidade, com apenas 22 anos de inaugurada, apontavam para um horizonte sem limites e muita expectativa também na cultura.

A primeira edição de Há Vagas trazia na capa um desenho que vazava para a contracapa, em que se viam todos os colaboradores da revista segurando a carteira de trabalho. Quem assinava o editorial, sob o título O homem é o lobby do homem, era o jornalista e poeta Tetê Catalão. Apesar de rico em metáforas, ainda hoje o texto não deixa dúvidas quanto à conjuntura política e econômica da época. “A pior recessão será aquela capaz de desfibrar sonho por sonho, letra por letra, carícia por carícia”, afirmava logo na primeira frase. “Em pleno desemprego nacional, afirma-se que HÁ VAGAS.” O país vivia os últimos suspiros da ditadura militar, em meio a crise econômica, mas ainda faltavam três anos para que o último presidente de fardas entregasse o poder.

“Quem achar que deve, se apresente. Afinal, quem diz que você pode ou não pode é você mesmo: se a vaga é tua, vai na vaga. Abre o vago-simpático e brilha vagau no brinquedo de estar lúcido.” Tetê Catalão fechou assim o editorial, e deu gás para que alguns escritores que enviaram colaborações à revista e não foram publicados protestassem contra a “falta de vagas”. No entanto, em suas três edições a revista veiculou textos de grande qualidade literária, de autores de diversos estilos e propostas, comprovando que as portas estavam, de fato, abertas.
Primeiro número – Um dos destaques da primeira edição de Há Vagas era o poeta Francisco Alvim, participante do movimento literário brasiliense, nome importante da poesia dos anos 70. Ele contribuiu com poemas e uma interessante entrevista, conduzida por vários dos colaboradores da revista, em que faz uma análise da ainda recente poesia marginal.
Entre os autores de contos, poemas e ilustrações publicados no primeiro número estão, além de seus criadores e editores, Ariosto Teixeira, Cassiano Nunes, Cesário de Sousa, Eduardo Rangel, João Borges, Jô Oliveira, Luis Eduardo Resende (Resa), Luís Martins, Paulo Andrade e Turiba.
Após a publicação do primeiro número de Há Vagas, houve uma dissidência de alguns escritores desse grupo, que se afastaram para criar a Bric-a-brac, outra revista literária de grande importância na história cultural de Brasília.
Segundo número – Na capa, o artista plástico Felix Valois reproduziu graficamente uma frase poética pichada em um muro de Brasília: “Não sei como as pal-/avras/ ainda são feitas/ de silenci-os!” O segundo número da revista foi editado por Chico Leite, Armando Veloso, Domingos Pereira Netto e Alexandre Marino, com a colaboração de Paulo Joe (São Paulo) e Theophilus (Fortaleza), e edição de arte de Milton Goes, Resa, Jô Oliveira, Evandro Abreu, Renato Ferrari e Rômulo Andrade. A data de edição constante na revista é primavera de 1984.
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Colaboraram no segundo número, além dos editores, Adriano Spinola, Cassiano Nunes, Carlos Herculano Lopes, Evandro Abreu, Lourenço Cazarré, Nirton Venancio, Patt Raider e Luís Turiba, entre outros. Chico Leite, Armando Veloso e Alexandre Marino conduziram a entrevista desta edição, com o poeta Affonso Romano de Santanna.
Uma das curiosidades desta segunda edição foi um conto cedido pelo poeta Paulo Leminski, de título Sintomas. De Leminski também foi publicado um poema, sem título. Outra curiosidade foi o poema enviado por Waly Salomão, O cólera e a febre. O poema fala de uma situação de tédio num domingo de sol. Waly teria ficado furioso ao ver a ilustração de Milton Goes para seu poema, cuja primeira estrofe trazia os versos “Um bode imundo irrompe/ (...) e perante minha pessoa a fera/ estaca e já dentro de mim se esmera/ (...)”. Na ilustração, Goes usou a imagem literal de um bode, o animal, que se transforma numa seta e fere o peito de um homem. Waly talvez não tenha compreendido que, neste caso, o bode foi a metáfora da metáfora, e o realismo reforçou a imagem figurada.
Terceiro número – A última edição de Há Vagas, de agosto de 1985, foi feita por Armando Veloso, Chico Leite e Alexandre Marino, com a colaboração de Paulo Joe e Theophilus. A edição de arte ficou a cargo de Milton Goes e Chico Leite. Cristina Bastos teve importante contribuição em todo o trabalho. A imagem da capa, do fotógrafo Juan Pratginestós, mostra um casal sentado nas arquibancadas vazias do antigo anfiteatro do Parque da Cidade, cenário do lendário Concerto Cabeças, e na contracapa as mesmas arquibancadas, lotadas, ambas fotos feitas do alto.
O poeta Ferreira Gullar foi entrevistado pela jornalista Patrícia Assis. A professora Maria Duarte escreveu um ensaio sobre arte e cultura nos novos tempos que se inauguravam no país. Encartadas na revista vinham as Breves anotações para um provável manigesto, com texto final de Chico Leite, que discutiam a proposta literária dos editores da revista, voltada para uma poesia de linguagem universal, uma “viagem da pedra primitiva ao neon”, revelada nos versos de Paulo Joe: “Nem vanguarda, nem retaguarda, apenas o que o coração aguarda.”
Entre os colaboradores desta edição estavam Alice Ruiz, Antonio Barreto, Guido Heleno, Nevinho Alarcão, Nilto Maciel, Paulo Leminski, Reynaldo Jardim, Thais Guimarães e Zaida Regina.
Há Vagas reuniu, em suas três edições, nomes de grande importância da literatura que se fazia na época em Brasília, publicando ainda escritores que se destacavam em outros estados por uma postura de inquietação e questionamento. Novos tempos chegavam. Há Vagas cumpriu sua parte.
Texto de Alexandre Marino

Cia Rinne - "Sounds for soloists"

Cia Rinne - poeta sueca - poesia sonora

Cia Rinne é uma poeta nascida em Gotemburgo, Suécia, em 1973. A artista, que reúne várias linguagens, se formou na Alemanha em Filosofia. Uma das características principais de seus textos é o multilinguismo - a utilização de diferentes idiomas ao mesmo tempo, dialogando no movimento das frases e versos.

O Som de Letra desta quinta-feira (5), às 23h, apresenta a leitura do texto mais conhecido de Cia Rinne, Notes for Soloists, de 2009 e de poetas sonoros de diferentes épocas e paises. Ao utilizar recursos da poesia vocal e da performance, e influenciada pela estética do movimento Fluxus, entre outros, a leitura de Rinne é um exemplo vivo de uma linguagem vocal que se renova.

Ainda no programa, o apresentador Livio Tragtenberg relaciona a nova poesia sonora com a obra Aria (1958), de John Cage, e estabelece a linha evolutiva da poesia e som na música de hoje.

Som de Letra vai ao ar toda quinta-feira, às 23h, pela MEC FM Rio.

Antonio Miranda recebe o título de Professor Emérito da UnB


Foto: Ana Suely Pinho Lopes - entrega do título na Reitoria. Reitor Ivan Marques de Toledo Camrgo, Antonio Miranda com o diploma, e o vice-diretor da FACE Renato Tarcísio Barbosa de Sousa.
ANTONIO MIRANDA RECEBE TÍTULO DE PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DE BRASILIA

O Conselho Universitário da UnB, por aclamação, decidiu conceder o título de professor emérito ao professor doutor titular ANTONIO Lisboa Carvalho de MIRANDA, da Faculdade de Ciência da Informação – FCI. A proposta partiu do colegiado da Faculdade de Ciência a Informação, com o endosso do Instituto de Letras e apoio de muitas instituições, destacando-se a Associação de Bibliotecários do Distrito Federal – ABDF, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, da Associação Nacional de Escritores – ANE, etc. JUNHO 2014

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Poesia sintética de apenas seis palavras-versos: a aldravia

Educação

Projeto utiliza poesia para estimular leitura e escrita entre estudantes

Proposta pedagógica

'Aldravilhando', de Santa Bárbara (MG), trabalha com a tríade escola, família e sociedade, em consonância com a criação poética
por Portal Brasil publicado: 30/01/2015 10h27 última modificação: 30/01/2015 10h27
 
Divulgação/Portal do Professor Com objetivo de divulgar a produção literária na escola e na rede virtual, proposta estimula criatividade em estudantes do ensino fundamental

Com objetivo de divulgar a produção literária na escola e na rede virtual, proposta estimula criatividade em estudantes do ensino fundamental

Uma forma de poesia sintética de apenas seis palavras-versos, a aldravia, foi a fórmula encontrada pela professora Viviane Felisberto para estimular o gosto pela leitura e a escrita entre seus alunos na Escola Municipal Marphiza Magalhães Santos, no município mineiro de Santa Bárbara.
O projeto Aldravilhando, desenvolvido com estudantes do quinto ano do ensino fundamental, foi um dos finalistas da sétima edição do Prêmio Vivaleitura, na categoria 2, destinada a escolas públicas e particulares.
“Sou amante da leitura e sempre acreditei na força da educação”, diz Viviane. “Ser finalista do maior prêmio de incentivo à leitura, o Vivaleitura, com o projeto Aldravilhando, mostra que estamos no caminho certo.”

Interdisciplinar
Segundo a professora, o projeto trabalha o ato de ler com o de escrever, o ato de estudar a obra e a vida do autor com o ato de conhecê-lo e o ato de criar com o ato de divulgar a produção literária na escola, na padaria e na rede virtual.
“O projeto trabalha com a tríade escola, família e sociedade, referenciais para disseminar o prazer pela leitura, pelo livro, pela literatura e pela criação poética”, destaca.
De acordo com Viviane, à medida que os estudantes avançam no ensino fundamental, os textos literários mais estudados são de prosa. “A poesia, joia rara da literatura, perde, aos poucos, espaço para outros textos que trabalham com linguagem direta e de fácil assimilação”, avalia.
Por isso, em parceria com a direção e a coordenação pedagógica da escola, ela resolveu desenvolver esse projeto, que tem a finalidade de criar o gosto, o prazer e a paixão pela leitura de poesia sintética na escola e na família.

Vanguarda
Aldravia vem de aldrava, argola de metal utilizada para bater as portas dos antigos casarões como os que existem até hoje em cidades mineiras como Mariana, onde surgiu esse movimento poético, no ano 2000. E alguns autores aldravistas que residem nesse município, próximo de Santa Bárbara, foram convidados a visitar a escola. Assim, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer pessoalmente Andreia Donadon Leal, J.B. Donadon, Gabriel Bicalho e Cecy Barbosa.

Atividades
Durante a realização do projeto, os alunos também participaram de oficinas de criação poética e tiveram a oportunidade de divulgar sua produção nos murais da escola, em jornais e nas redes sociais.
A fim de estimular a leitura dos poemas pelas famílias e a criação de novas poesias foi criada a bolsa Aldravilhando, usada para armazenar um kit literário de aldravias.
Na visão de Viviane, o projeto possibilitou a ampliação e o aprofundamento da aprendizagem dos alunos por meio da apropriação da leitura e escrita, bem como o desenvolvimento de análise crítica, tanto em relação a sua própria criação literária quanto a dos colegas.
Outros benefícios foram a elevação da autoestima, um maior estímulo à criação poética e à produção artística, bem como o compartilhamento de impressões e opiniões sobre passagens preferidas nas obras.
Ansiosa para dar continuidade ao trabalho em 2015, a professora está à procura de parcerias que possam contribuir para a disseminação do projeto. Pedagoga com pós-graduação em psicopedagogia, ela trabalha no magistério há 22 anos.

Fonte:
Portal do Professor 
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Staub und Schotter, de Marcos Freitas

 
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