segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Carla Andrade e Anand Rao

Na próxima semana, na sexta-feira dia 08 de janeiro, a poeta Carla Andrade e o músico Anand Rao abrem o projeto MúsicaPoética que se realizará todas as sextas de janeiro e fevereiro de 2010 no Café com Letras em Brasília na 203 Sul.

O projeto foi idealizado pela Anand Rao Multiempreendimentos, e apresenta o músico Anand Rao musicando poemas no palco na frente de todos toda sexta-feira sempre acompanhado por um poeta diferente.

Nesta entrevista exclusiva a poeta Carla Andrade fala sobre sua participação no projeto e assuntos diversos:

Porque escreves poesia e não contos, romance, porque este gênero literário foi o que te cativou?

Carla - A poesia me traduz, gosto de escrever contos e crônicas, mas é na poesia que me encontro, é uma gostosa terapia que me faz enxergar o mundo de forma mais lúdica. Com meus poemas, posso explorar as palavras com mais carinho, sem uma preocupação muito grande com a realidade e a coerência de um texto, tão exigida na profissão que escolhi, a de jornalista. É apenas uma cadência de imagens que tento ordenar de forma desordenada.

Anand Rao, é um músico farrista que compõe no palco, e você, o seu poema, feito em casa, nada no improviso, porque fazer este show com Anand Rao?

Carla - A poesia precisa dessa interação com outras expressões artíticas como a música , artes plásticas, entre outras. Essa combinação torna o poema mais acessível a todos, ele ganha mais vida e toca os sentidos do público.

O que estará apresentando no show, o show terá espaço para improvisos ou você recitará rigidamente o que aqui divulgar?
Carla - Apresentarei umas 10 poesias do meu livro "Conjugação de Pingos de Chuva", com temas sobre a natureza, vida, morte, tempo, e poesias inéditas como Artesanato de Perguntas, Novelo, Capoeira, Arquitetura do Rio, entre outras.

Poesia no Brasil tem valor?

Carla - Eu acho que a poesia no Brasil não está valorizada ainda. Ferreira Gullar, que é um dos poetas mais vendidos do Brasil, tem uma expressão pequena no mercado editorial quando comparamos com gêneros como romance e contos. A própria Bienal de Poesia que a capital realizou em 2008 contou com uma cobertura fraquíssima da imprensa. Muitas pessoas têm um certo preconceito com a poesia, acham que ela não tem utilidade prática nesse mundo onde todo mundo anda tão apressado e valoriza cada vez menos a contemplação, a reflexão. A poesia também é considerada, por muitos, como um produto pouco vendável, hermético. Há um ano, o jornal Correio Braziliense tirou de circulação o caderno Pensar, que trazia uma boa cobertura literária, com críticas e contextualizações históricas, além de dar espaço para a poesia. O caderno foi distribuído entre os diversos segmentos da cultura sucumbindo-se às pressões do mercado.

Você tem outra profissão, dá para viver de poesia no Brasil?

Carla - Sou jornalista concursada da Anac, como estou trabalhando meio período, sobra tempo para escrever poesia. É necessário ter outra profissão, principalmente se você mesma tem que distribuir seus livros e divulgar seu trabalho.

Brasília é a capital do panetone, cueca e meia, ou existe cultura na cidade, o que os artistas de Brasília devem fazer para melhorar a imagem da cidade?

Carla - A cultura nos mostra sentido e beleza na vida, apesar de toda essa corrupção.Devemos resgatar o que há de mais original na arte brasiliense. Não somos o reflexo de uma cultura pasteurizada, tão mostrada e esvaziada de opiniões nas telas de uma tv. Somos um caldo de expressões, sotaques, regionalismos, lendas, História. Isso tudo é muito rico para deixar de ser mostrado, recuperado. E Brasília é isso, é essa nossa imagem. Contextualizar esse sincretismo cultural é compreender nosso povo, nossas raízes e ter orgulho disso.



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Produção Anand Rao

domingo, 27 de dezembro de 2009

NATAL PARA OS FAMINTOS

Natal para os famintos
para os desempregados
para os sem lar
para os sem laços
para aqueles que papai Noel
nunca existiu
que o presente é uma roupa,
de pano de guarda chuva
que a vida maltrata
que a enxurrada leva tudo

Este sentimento
que nos leva ao shopping
consome-nos a alma

Este sentimento
de união, de família
fecha-nos o vidro
nos sinais fechados

Este sentimento
que desejamos comida,
emprego, saúde, casa,
que papai Noel exista
e venha sempre de saco cheio
que a vida nos abrace
e o amor aconteça
é porque é Natal
e Natal é para todos

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Flora Matos vs Stereo Dubs

Representante da boa novíssima escola do Rap global brasileiro, Flora Matos consegue muito bem espremer e exprimir gotas de sua intensa vivência com a música e o universo que a cerca neste EP/mix-tape realizado em parceria com o habilidoso duo paulistano Stereo Dubs. Flora mostra talento e versatilidade cantando melodias redondinhas e criativas (a menina insere até assovios entre uma e outra rima da faixa “Pretin”) em alguns momentos; e levadas rápidas e certeiras em outros. Cabe destacar a firmeza na impostação de voz de Flora, o que promove uma dicção muito acima da média, permitindo ao ouvinte entender cada sílaba despejada no play.

O clima do disco envolve uma cor levíssima de sensualidade (do tom da voz aos temas trabalhados), mesclado ao pique “rataria”, fruto das andanças e experiências de Flora pelo Rio de Janeiro. A temporada na cidade é celebrada com a faixa “Até o infinito”, uma homenagem ao Comando Selva 22, crew formada por MC´s, DJ´s e agitadores que atua no submundo da cultura carioca. É possível ainda perceber nas nove faixas que completam o play um sorriso meio moleca que revela facilmente os 21 anos da menina Flora Matos.

É um grande clichê falar em evolução nos discos, nas rodas de bate papo e inclusive nas resenhas de discos de rap, mas esse play exige a presença do termo aqui nessas linhas. Se há pouco tempo atrás Flora poderia ser entendida como um evidente talento que perigava se perder por andar por aí ainda sem muita direção, este disco começa a apontar caminhos bem interessantes para uma posterioridade que deve estar não longínqua. O aprimoramento é ainda é necessário, em especial no conteúdo lírico, mas a pouca idade, a disposição e a simpatia de Flora jogam a favor do tempo e da carreira dessa moça de brilho especial.

Baixando ou comprando, ouça o disco. E vá ao show, ver o sorrido de Flora entre uma e outra música faz parte do sucesso e do prazer desta audição.

Todos os sons do disco estão aqui:
http://www.myspace.com/floramatosvsstereodubs

Outros sons da Flora e do Stereo Dubs estão aqui:
http://www.myspace.com/floramatosmc

http://www.myspace.com/stereodubs
tags: São João de Meriti RJ musica rap sao-paulo flora-matos stereo-dubs dub hip-hop mixtape ep 2009 dj mc brasilia

sábado, 19 de dezembro de 2009


Anand Rao toca há muitos anos, ele não é um solista é um harmonicista, e gosta de musicar poemas no palco, recados em guardanapos de papel, falas, criar letra e música, enfim, não se limita, perdeu completamente a noção do limite e tem aberto portas em todo o Brasil com sua música. Sua residencia tem um estúdio de 16 canais, na sala Anand pretende fazer um pub (pasmem) e ao tocar ele grava tudo que faz no palco e envia via MP 3 para os garçons, poetas, públicos em geral, seus novos parceiros a partir daquele dia.

No seu site, ele não se contenta em divulgar apenas a sua arte, gosta de divulgar a todos. As pessoas enviam matérias sobre cultura, todos saem no seu site. Um site que tem 40.000 acessos por mês e que tem revelado Anand Rao no Brasil e no exterior. Ele costuma dizer “meu site é minha casa virtual, aqui faço meus contrapontos com o mundo e nunca conseguiria desenvolver um espaço na web para divulgar apenas minhas atividades culturais. Quero divulgar todos que não têm espaços. O site já teve vários sub-editores e é feito pelo Marcelo Kiilian há muito tempo. Enfim... É onde me digo para o mundo e espero que o mundo esteja me ouvindo”. Aqueles que quiserem viajar no Portal Cultural Anand Rao acessem www.anandraobr.com e os que quiserem enviar e-mail enviem para producaoanandrao@gmail.com .

Neste exato momento, ele está se programando para 2010. Em janeiro e fevereiro estará desenvolvendo o projeto PoéticaMúsica com poetas de Brasília. Estreando dia 08 de janeiro, o poeta dividirá o palco com a sensual e bonita poeta Carla Andrade, uma poeta que têm se revelado como meiga e absolutamente singular e feminina e com uma verve poética de dar inveja a muitos. No dia 15 de janeiro dividirá o palco com o poeta Jorge Amancio que é negro e tem como conteúdo de seus poemas, a luta contra o racismo e a raça negra como virtude, o amor, a paixão da melanina. No dia 22 de janeiro estará com uma poeta que traduz em sua poética a linguagem nordestina, do interior, do caboclo, do matuto, Lilia Diniz e promete compor muitos xotes e baiões no dia como também dançar com ela sem música, com o puro som da alma. E continuará toda sexta-feira até o carnaval tocando, compondo e enfeitiçando o Café com Letras, um pequeno local que apresenta trabalhos literários e experiementais, enfim, um espaço que Anand considera mágico e que tem como produra Juliana, uma mulher de convicções.

Em Março, quando a passagem aérea baixa de preço e tem início a baixa estação com promoção em hotéis e etc, o músico omeça a viajar e todas as viagens são custeadas por seus shows. Neste mês ele tocará no Pará dividindo o palco com a poeta Izarina e no Maranhão tendo como produtor Pedro Sobrinho e dividinho o palco com poetas da terra sem definição de nomes até o momento. Em Abril estará em Sampa dividindo o palco com Sônia Prazeres e Andrade Jorge e no final do mês no Rio, ainda sem parceiro definido. Ou seja, ele não vai parar indo inclusive em Setembro para Manhattan, objetivando tocar no 55 Bar no Village está pautando duas outras viagens internacionais onde irá curtir festivais de jazz pelo mundo.

Com 50 anos, diabético, o músico adora tomar vinho, cerveja e uísque, tudo dentro do limite permitido por sua taxa de açucar ou então, sua taxa de satisfação pessoal e sempre, estuda e muito, ouvindo blu rays, dvds, cds no seu Home Theatre and Office Bhaskara Rao Adusumilli, uma homenagem ao seu gurú que partiu a mais de cinco anos para beber uísque no céu, seu pai. Enfim... Nós que apreciamos a música indefinida, sem limites, mágica, temos que estar atentos e se não podermos deixar de assistir este músico. Agora para quem não puder ir a um show seu por não ser na sua cidade e etc, não tem problema não, ele comporá uma música personalizada sobre um fato da sua vida, é só enviar um e-mail para a produção citado na matéria e você receberá por e-mail uma canção feita para você, sobre sua vida, as intempéries e magias da mesma, enfim, sobre fatos particulares,tudo via e-mail, provando que a internet fez do ser humano um ser sem limites.

Por tudo isso, fica aqui o convite, não perca de vista Anand Rao seja no tweeter, facebook, my space, orkut, seu site (www.anandraobr.com) e em todos os lugares virtuais e saiba ele não é virtual, existe, tem 1,95 mts e pesa 130 quilos e também é jornalista, assessor de imprensa, outra fonte de renda em sua vida onde realiza relatórios diversos para líderes diversos tendo profunda paixão pela profissão. Ele na verdade é um visionário, um apaixonado pela vida.

tags: Brasília DF musica

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Reynaldo Jardim (lançamento SANGRADAS ESCRITURAS)

Se eu quiser falar com Deus Se eu quiser falar com Deus, tenho que abaixar a crista, tenho que seguir à risca o que o Gil nos ensinou. Tenho que aguardar na lista minha vez, minha audiência. uma vaca de paciência, ruminando meus pecados. Quando chegar minha vez, tenho que soltar o grito. Pois daqui ao infinito, Deus não vai me escutar. Ele está ficando surdo, já não enxerga direito. Contragosto e contrafeito com o mundo que criou. Antes de falar com Deus, eu arrumo um pistolão. Pode ser Antônio ou João, qualquer santo de prestígio. Tenho que levar presentes, minha alma, meu delírio, a luz acesa de um círio, que ele está na escuridão. Se eu quiser, mas eu não quero, que esse Deus é prepotente. Ele é onipresente, só não está onde estou. Se quiser falar comigo, não atendo o celular. Não deixo a mesa do bar, que esse chope está demais. Eu só vou falar com Deus, quando ele matar a fome dessa criança sem nome, que não pára de chorar. Quando ele descer do céu E vir que cada menino, sem presente, sem destino, precisa de um beijo seu
rj

Letras Femininas

sábado, 12 de dezembro de 2009


Reivindicações marcam cerimônia de aniversário de um ano da BNB


O sucesso do lançamento do novo site da Biblioteca Nacional de Brasília e elogios ao diretor e a aliados que ajudaram a pôr a instituição para funcionar, à parte, a cerimônia de celebração de um ano de abertura dos serviços da biblioteca primou pelo tom político de reivindicação. O diretor Antonio Miranda e também Carlos Alberto Xavier, presidente da Comissão designada para pensar um modelo de gestão para o Conjunto Cultural da República, fizeram claros apelos ao governo federal e ao distrital, em favor da institucionalização da BNB.

"É preciso separar o distrital e o federal no contexto de Brasília, que deixou de ser DF, para podermos transformar a Biblioteca na instituição que almejamos, e isto não é um processo difícil. Fizemos muito em um ano, e estou orgulhoso disso, mas há muito a ser feito ainda", ressaltou Miranda no discurso de abertura da cerimônia, a uma platéia de autoridades do MCT, MEC e GDF, e de escritores, acadêmicos e bibliotecários. O diretor lembrou ainda que foi criada uma gerência para a Biblioteca, e disse não se sentir "humilhado por ser gerente de uma biblioteca nacional, porque não esperava nada, só precisava colocá-la para funcionar. Mas agora a BNB está com enormes dificuldades de seguir adiante", alertou.

Desvios no CCR - O representante do MEC e presidente da Comissão do Conjunto Cultural da República, Carlos Alberto Xavier, foi ainda mais taxativo ao afirmar que não se conseguiu realizar o projeto de Lúcio Costa para o espaço onde a Biblioteca se insere, junto com o Museu Nacional. Há duas semanas ele entregou ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, um resumo do relatório feito pela Comissão, com 18 recomendações sobre os desvios do projeto original em relação ao espaço. Xavier entende que o Conjunto Cultural da República devia ser gerenciado pelo MinC, que tem sistema de bibliotecas e museus.

A comissão que ele preside, e que é representada por dois integrantes de cada instituição parceira, quer fazer uma administração compartilhada e cumprir com o projeto de Lúcio Costa, segundo enfatizou. "Não podemos amesquinhar a capital da República. Devemos discutir com o Brasil, e não apenas com o DF, o uso desse espaço e sua circunvizinhança que virou uma grande Luziânia", criticou, após lamentar que os R$ 2,2 milhões repassados ao GDF em favor da BNB, no início deste ano, nunca chegaram à Biblioteca.

Aportes financeiros à BNB
Ao longo de um ano de funcionamento, a Biblioteca Nacional de Brasília viveu de aportes financeiros apenas do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), seu parceiro institucional junto com o GDF e os ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC). O MCT investiu R$ 6 milhões para equipar tecnologicamente os andares térreo, 2º e 3º do prédio da Biblioteca.

O acordo de cooperação entre os órgãos parceiros previa o repasse do Ministério da Cultura no valor de R$ 2,2 milhões ao GDF, destinados à BNB. O repasse foi efetuado em 16 de fevereiro de 2009, mas continua em tramitação, à espera da assinatura do governador José Roberto Arruda, para poder vir a beneficiar a Biblioteca. Na contrapartida deste acordo de cooperação, há também a pendência do GDF no repasse de dois volumes de verbas para diferentes projetos da BNB: um de R$ 500, e outro de R$ 1 mil, segundo informações prestadas pela assistente da Gerência, Lúcia Moura.


Quanto ao MEC, de acordo com o diretor Antonio Miranda, a parceria por enquanto não envolve recursos financeiros para a BNB, diretamente. A parceria tem sido intelectual, com o investimento feito no projeto Educadores, que vai resultar em 60 volumes - 30 de autores brasileiros e 30 estrangeiros - de base epistemológica, filosófica e metodológica, para o Brasil. Esse projeto será desdobrado em 60 videoconferências, que se converterão em obras com comentários, e que serão depois disponibilizadas a pesquisadores e estudiosos interessados. O projeto irá gerar ainda a biblioteca digital, na BNB, desses autores. Entre eles estão Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, José Marti, Andrés Bello, Freud, Piaget e Vigotsky.

A festa de um ano de vida da BNB

Prestigiaram a cerimônia do aniversário de um ano da BNB Emir Suaiden e Cecília Leite, do Ibict/MCT; a subsecretária Ione Carvalho, do GDF e o ministro do TST e poeta Alberto Bresciani; a professora Elga Laborde (UnB) e os poetas Sonia Ferreira (Ceculco) e Wilson Pereira, além de bibliotecários e servidores da BNB. Após a abertura das comemorações, o público assistiu ao balé solo de dança chinesa contemporânea, por Zou Mi, que iniciou o programa cultural e educativo da festa de aniversário da BNB para este fim de semana. (Angélica Torres /Fotos: Flávia Camarano)

Leia mais sobre a questão dos aportes financeiros em:

http://www.bnb.df.gov.br/index.php/sala-de-imprensa/item/258-espaço-do-pesquisador-será-implantado-na-bnb e em http://www.bnb.df.gov.br/index.php/sala-de-imprensa/item/266-acervo-da-biblioteca-nacional-de-brasília-aumenta-para-60-mil-livros

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Terapoética, livro de Alessandro Uccello


Uccello toca a vida com palavras
Alessandro Uccello é um caso de resistência explícita, teimosia evidente, flor insistentemente brotada de seus atuais abismos, que me faz perguntar: quem de nós, à beira de tantas limitações – neurais, musculares e físicas – se preservaria combatente, tendo como instrumento e bandeira a poesia? É ela a vela, é ela a proa.
Tenho interesse em vos situar nos bastidores, nos cenários do nascedouro deste novo livro do Uccello, não para que vos apiedeis dele e do que nele avança e cujos mistérios a medicina ainda se esforça para decifrar. Não! Estou contextualizando a vida e a lida deste valente poeta que, mesmo golpeado pelas garras da esclerose lateral amiotrófica, faz brotar o “Terapoética – como transformar problemas em poemas”, porque aí todos vós compreendereis melhor o título do livro.
Inteligente, amoroso, puto, divertido, sem autopiedades mas realista e sonhador, outra vez Alessandro Uccello nos brinda com sua coletânea de filosóficas e cotidianas observações masculinas. Estão aqui os olhos de um homem inteiro, com o seu tesão, seu raio curioso, moderno e paterno de observação, seu coração luminoso digitando sem parar, teclando, por cardíacos batimentos, a construir uma poesia que todo mundo gosta de provar: jovens, maduros, homens e mulheres; todo mundo quer Uccello recitar.
Não é por acaso que no trabalho que fizemos, eu e minha equipe de professores da Escola Lucinda de Poesia Viva, o pessoal da Casa Poema, numa comunidade vulnerável de S. Pedro 1, no antigo lixão da cidade de Vitória, no Espírito Santo, a poesia deste poeta danado tenha feito tanto efeito e sucesso. Foi muito emocionante ver escolherem, entre Mário Quintana, Drummond, Manoel de Barros e outros bambas, os poemas tão claros do Uccello. Como pode um homem, habitante da capital federal, agrônomo, servidor público, pai de família e poeta, ser a voz de um menino lá dessas impossibilidades de um outro Brasil? Dar voz a ele? Ser por ele escolhido para em seu nome discursar? : “Deus Eu - Andei colhendo as flores / que a vida deu para mim / mas nunca fiz jardim / Venho comendo as frutas / à beira do pomar / mas nada de plantar / Tenho amado as mulheres que me querem / e aceitado os amores que me vêm / quando elas partem, não me ferem / se elas morrem, não me têm / Serei um dia agente de mim mesmo / Deus Eu, dono do próprio destino? / Ou passarei a vida amando a esmo / vivendo só de amores inquilinos? ”. O impressionante é que o refrão “Deus eu” virou uma vinheta, um rap arrepiante que a turma toda afirmava junto com o dizedor. Vale esclarecer que este poema que citei pertence ao seu trabalho anterior, “Eu com verso”.
Então é assim: a poesia, forma milenar de preciosíssima autoajuda, faz um serviço, um refinamento sem nome, sem medida para qualquer lado, dentro do coração do ser humano. Basta que ela encontre uma porta para entrar. A poesia prolongou a vida de Fernando Pessoa. Ainda que ele nos tenha deixado cedo, aos 47, duvido que sem a poesia tivesse até ali chegado. Eu mesma, talvez fosse uma pessoa perdida, se de poesia não tivesse sido cedo medicada.
Mergulhando nesta obra de Alessandro Uccello, vejo sua coragem, provo de sua valentia, admiro seu sofisticado jeito de falar, mesmo que paralisado pela filha da puta da esclerose que atingiu este homem de ouro, que pegou o cara errado, considerando que tanta gente existe só para produzir guerras e outras aberrações. Que outra alma humana, nestas adversas condições, se manteria assim tão viva? Caminhante, apesar da atrofia? Realizadora, apesar da limitação neuromuscular? Faladora, apesar da impossibilidade de pronunciar palavras?
Mesmo angustiado, em versos como “de nada me adiantaram alimentação saudável / esporte com frequência / casamento estável / ética amor e paciência / A Kriptonita está dentro de mim” ou em “Renato Russo morreu aos trinta e seis / Ayrton Senna morreu aos trinta e quatro / Jesus Cristo morreu aos trinta e três / Eu? Sou o mais morto dos quatro”; mesmo triste muitas vezes, vendo sua bela e querida Sonia, amada, dedicada e valente companheira, cujo coração de quase viuvez ele avista com sua visão de raio X, mesmo assim seu livro é de altíssimo astral e a leitura destes versos nos fortalece e diverte, dando-nos uma dimensão concreta da finitude.
O poeta, corajoso que é, nos oferece seu natural bom humor e irreverente lirismo, mesmo estando com uma bomba dentro de si (bomba que todos trazemos, mas que, no seu caso, ganha em terror por conta das ignorâncias que a ciência tem desta enfermidade veloz e daninha). Alessandro não desperdiça as alegrias vividas, não as despotencializa; ao contrário, com sua sensibilidade, estende a fértil memória dos dias felizes como águas do passado movendo os moinhos de agora. Por meio de sua verve poética, o autor nos atinge, iguais mortais, com uma saúde literária indiscutível, toca numa certa eternidade, visto que o que ele fala vale para todos que estamos sempre às portas da morte, moribundos ou não, quem saberá? Ainda assim, ele cria novos futuros para si e para nós, seus privilegiados leitores.
É com este coquetel de palavras diárias que Alessandro Uccello vem driblando as intempéries de sua vida presente, mandando ver na veia poética como nunca. E o remédio que era só dele, agora está, com este “Terapoética”, disponível a todos, ajudando-nos a transformar nossos próprios problemas em poemas ou a diluí-los através de seus versos.
Você tem razão, Uccello, meu querido: “tudo é relativo pra quem está vivo”. E, enquanto a ciência não realiza seu oficio por meio das células-tronco, a poesia vai produzindo seus milagres.

Elisa Lucinda, primeiro de novembro, primavera bela e chuvosa de 2009.

Serviço:
Sarau de lançamento do livro de poesias - Terapoética.
Data: 13 de dezembro (domingo)
Horário: 18 h
Local: Restaurante El Paso Texas, no Terraço Shopping.
http://eucomverso.blogspot.com/

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Orquestra Johann Strauss Capelle


A Orquestra Johann Strauss Capelle fará apresentação única em Brasília no próximo 11 de dezembro no Açougue Cultural T-Bone

Dezembro é um mês importante para o T-Bone. O Açougue Cultural trará uma das orquestras mais importantes do mundo: a Orquestra "Johann Strauss Capelle", de Viena. A apresentação é no dia 11 de dezembro, de graça, às 19h. Com 23 músicos selecionados entre orquestras austríacas, a filarmônica abre, em Brasília, uma série de apresentações em todo País.

Sob a regência do maestro Rainer Ross, viloncelistas, violinistas, contrabaixistas e outros membros da camarata vão interpretar composições de Johann Strauss, o “pai da valsa”. Com trajes do século XIX, os músicos usarão partituras originais e não deixarão de proporcionar ao público brasiliense o tão famoso “Danúbio Azul” – uma das obras mais conhecidas de Strauss.


Outras composições dos filhos de Strauss (Johann Strauss e Eduard) também farão parte do repertório da Orquestra. Pela primeira vez em 12 anos, o T-Bone recebe um concerto tão importante para a música clássica no mundo. Essa iniciativa inovadora do Açougue Cultural privilegia o DF como primeira apresentação no País a receber a turnê que passará por Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e depois segue para Xangai.


A Noite Cultural T-Bone será de muita música clássica de qualidade. Quem abre o concerto é o Quarteto de Brasília. Já conhecido pelo público há 17 anos, o grupo já se apresentou em várias cidades do Brasil, EUA, Europa, Ásia e América Latina. O quarteto, que já levou alguns Prêmios Sharp e outros pelo País, levará ao palco do T-Bone composições populares e eruditas.

O T-Bone já é conhecido por trazer para a capital nomes importantes da arte local e nacional. Os shows começaram em 1998 e desde então já passaram pelo palco do açougue artistas de peso na MPB como Tom Zé, João Donato, Geraldo Azevedo, Erasmo Carlos e Elba Ramalho, entre outros.

Informações:

Data do concerto: 11 de dezembro
Local: Comercial da 312 Norte
Patrocínio: BRB e SESI
Apoio: Secretaria de Cultura do DF
Hora: 20 horas
Entrada de Graça
Indicativa LIVRE
Contatos: Francisca Azevedo – (61) 8432-3669
Ivana Sant’Anna – (61) 9212-7401
e-mail: imprensatbone@gmail.comEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo
Cláudio Gadotti - 0043-676-5347040
e-mail: claudio@matogrosso.atEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo
http://www.strausscapelle.at/lang/en/download/bilder/

Foto: Wiener Johann Strauss Capelle/Divulgação

Projeto Tributo ao Poeta encerra com a poesia de Oswaldino Marques

Com a aula-recital dedicada à obra do poeta, professor, crítico literário e ensaísta Oswaldino Marques, a Biblioteca Nacional de Brasília encerrou na terça-feira, 1º de dezembro, o projeto Tributo ao Poeta, que ao longo de quase três anos prestou homenagem a 20 autores, entre nomes locais e nacionais. “A tarde inteira chuvosa e o clima de tensão que vive Brasília com o momento político não conseguiram atrapalhar nossa homenagem ao Oswaldino”, disse o diretor da BNB, Antonio Miranda , ao abrir o evento, conduzido pela escritora Margarida Patriota, com a participação dos poetas Cristiane Sobral e Menezes y Morais, na leitura dos poemas.
Miranda põe fim ao projeto com o propósito de direcionar toda a atenção da BNB para a organização da segunda edição do mega evento Bienal Internacional de Poesia de Brasília, que será realizado em setembro de 2010. Freqüentadores assíduos dos tributos, assim como espectadores que o assistiram pela primeira vez, contestam a decisão do diretor, evidenciando que o projeto da BNB cumpriu sua função com sucesso e ainda deixou o ótimo gosto de “quero mais.”
DEPOIMENTOS - É o caso da professora de Literatura Inglesa da Universidade de Brasília, Cristina Stevens, e do arquiteto, paisagista e curador de exposições de arte, Nando Cosac. Cristina Stevens, que viu vários tributos, entre eles o dedicado a Cassiano Nunes e a Cecília Meireles, disse que a seleção dos nomes homenageados foi interessante, com destaque para os que ela assistiu. “Vivemos um momento privilegiado; o projeto devia ser mantido e a BNB fazer uma divulgação mais acirrada junto à mídia”, enfatizou.
Nando Cosac, que assistiu pela primeira vez o tributo, disse achar válida a proposta, porque põe as pessoas para conhecerem mais sobre poetas e poesia. “Eu não conhecia Oswaldino Marques, e achei muito rica a poesia dele, principalmente na voz da atriz Cristiane Sobral”, observou Cosac, que nos anos 70 e 80 foi diretor, cenógrafo e iluminador de teatro. Ele também é de opinião que o projeto não devia encerrar, mas amadurecer, a fim de mostrar a poesia a um público cada vez maior e diversificado. “A Biblioteca podia desenvolver um trabalho de divulgação dos tributos em escolas, e os professores delegarem aos alunos tarefas sobre os poetas apresentados”, sugeriu. (Angélica Torres)
Veja as fotos do evento em: http://www.bnb.df.gov.br/index.php/noticias/369-projeto-tributo-ao-poeta-encerra-com-a-poesia-de-oswaldino-marques

Biblioteca Nacional de Brasília
BNBcomunica / Assessoria de Imprensa
55 61 3325-6257 Ramal 107 / 109
Visite http://www.bnb.df.gov.br

http://www.bipbrasilia.unb.br

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O GRANDE BARCO
Poesias visuais e vídeos poemas
poesia, música e audiovisual
Uma fusão de linguagem
Filmes experimentais, animação,
artes plásticas de Regina Pessoa
trabalhados na poesia de
antonio miranda,augusto campos,
paulo leminsk, hugo pontes e
sids de oliveira

O GRANDE BARCO
LOCAL: Balaio Café 201 Norte
Dia 11 de dezembro de 2009
HORÁRIO: As 21:00

-061-7814 4275

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nós da Tribo das Artes estaremos confraternizando com mais de 16 grupos culturais realizadores de saraus na próxima terça, dia 8, às 20h no Teatro da Praça em Taguatinga Centro.
É o "Sarau dos saraus", com casamento e tudo!
Confira na programação.
Lançaremos neste dia o nosso livro "Não basta fazer arte".
Esse livro é conseqüência de 9 anos de militância e de vivência cultural.
É a nossa história registrada em fotografias, textos, poesias, contos e relatos.
Tem as programações de nossos saraus desde o primeiro realizado em 99 e um índice dos nomes das pessoas que aparecem no livro junto com o número da página. Muito bacana! Ao registrarmos a história da Tribo neste livro, fica registrado, também, muita coisa da história dos movimentos culturais e dos artistas de nossa cidade. Foram muitos os que construíram essa história!
O melhor é que entregaremos a essas pessoas um livro de presente, mas somente para aquelas que tiverem o nome em alguma das programações, em qualquer uma delas.
Esperamos por vocês pra festejar este fim de ano!
Ainda que estejamos passando por muitos Arrudeios ...
Um abraço!
MÁXIMO MANSUR
61 8127 21 79
61 8480 37 04
www.maximomansur.com.br
 
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