Na próxima semana, na sexta-feira dia 08 de janeiro, a poeta Carla Andrade e o músico Anand Rao abrem o projeto MúsicaPoética que se realizará todas as sextas de janeiro e fevereiro de 2010 no Café com Letras em Brasília na 203 Sul.
O projeto foi idealizado pela Anand Rao Multiempreendimentos, e apresenta o músico Anand Rao musicando poemas no palco na frente de todos toda sexta-feira sempre acompanhado por um poeta diferente.
Nesta entrevista exclusiva a poeta Carla Andrade fala sobre sua participação no projeto e assuntos diversos:
Porque escreves poesia e não contos, romance, porque este gênero literário foi o que te cativou?
Carla - A poesia me traduz, gosto de escrever contos e crônicas, mas é na poesia que me encontro, é uma gostosa terapia que me faz enxergar o mundo de forma mais lúdica. Com meus poemas, posso explorar as palavras com mais carinho, sem uma preocupação muito grande com a realidade e a coerência de um texto, tão exigida na profissão que escolhi, a de jornalista. É apenas uma cadência de imagens que tento ordenar de forma desordenada.
Anand Rao, é um músico farrista que compõe no palco, e você, o seu poema, feito em casa, nada no improviso, porque fazer este show com Anand Rao?
Carla - A poesia precisa dessa interação com outras expressões artíticas como a música , artes plásticas, entre outras. Essa combinação torna o poema mais acessível a todos, ele ganha mais vida e toca os sentidos do público.
O que estará apresentando no show, o show terá espaço para improvisos ou você recitará rigidamente o que aqui divulgar?
Carla - Apresentarei umas 10 poesias do meu livro "Conjugação de Pingos de Chuva", com temas sobre a natureza, vida, morte, tempo, e poesias inéditas como Artesanato de Perguntas, Novelo, Capoeira, Arquitetura do Rio, entre outras.
Poesia no Brasil tem valor?
Carla - Eu acho que a poesia no Brasil não está valorizada ainda. Ferreira Gullar, que é um dos poetas mais vendidos do Brasil, tem uma expressão pequena no mercado editorial quando comparamos com gêneros como romance e contos. A própria Bienal de Poesia que a capital realizou em 2008 contou com uma cobertura fraquíssima da imprensa. Muitas pessoas têm um certo preconceito com a poesia, acham que ela não tem utilidade prática nesse mundo onde todo mundo anda tão apressado e valoriza cada vez menos a contemplação, a reflexão. A poesia também é considerada, por muitos, como um produto pouco vendável, hermético. Há um ano, o jornal Correio Braziliense tirou de circulação o caderno Pensar, que trazia uma boa cobertura literária, com críticas e contextualizações históricas, além de dar espaço para a poesia. O caderno foi distribuído entre os diversos segmentos da cultura sucumbindo-se às pressões do mercado.
Você tem outra profissão, dá para viver de poesia no Brasil?
Carla - Sou jornalista concursada da Anac, como estou trabalhando meio período, sobra tempo para escrever poesia. É necessário ter outra profissão, principalmente se você mesma tem que distribuir seus livros e divulgar seu trabalho.
Brasília é a capital do panetone, cueca e meia, ou existe cultura na cidade, o que os artistas de Brasília devem fazer para melhorar a imagem da cidade?
Carla - A cultura nos mostra sentido e beleza na vida, apesar de toda essa corrupção.Devemos resgatar o que há de mais original na arte brasiliense. Não somos o reflexo de uma cultura pasteurizada, tão mostrada e esvaziada de opiniões nas telas de uma tv. Somos um caldo de expressões, sotaques, regionalismos, lendas, História. Isso tudo é muito rico para deixar de ser mostrado, recuperado. E Brasília é isso, é essa nossa imagem. Contextualizar esse sincretismo cultural é compreender nosso povo, nossas raízes e ter orgulho disso.
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Produção Anand Rao
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