quarta-feira, 30 de outubro de 2013

POEMAÇÃO NO BEIJÓDROMO - Sarau da Consciência Negra - Uma Homenagem a profª Lydia Garcia


 SARAU DO BEIJO EM HOMENAGEM AO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
A edição do Sarau do Beijo de novembro traz a força dos tambores e alegria de nossa matriz africana. Em consonância com o Dia da Consciência Negra, a 6ª edição do Sarau do Beijo presta, no próximo dia 05 de novembro, sua homenagem à ativista cultural e professora Lydia Garcia – reconhecida militante do movimento negro do Distrito Federal, uma das fundadoras do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do Distrito Federal.
Lydia Garcia foi pioneira no trabalho em prol da cultura afro no Distrito Federal e segue apoiando escritores, poetas e artistas. Como educadora foi responsável pela formação musical dos primeiros educadores da rede de ensino do DF. Participou da criação do Centro de Estudo Afro Brasileiro, primeira entidade organizada em luta pelo direito dos negros no DF.
No Sarau da Consciência Negra teremos a participação dos poetas Jorge Amancio, Rêgo Júnior e a poeta Gelly Fritta mostrando seus poemas, na homenagem o Grupo Cultural de Percussão Popular Batukanjé conduzido pelo mestre Célin Du Batuk, onde a cultura afro-brasileira faz parte da nossa identidade nacional e o Grupo Batukenjé explora a arte, os ritmos, toques, canto, dança, cores e magia dessa cultura tão essencial a formação do Brasil. Da cidade de São Sebastião cidade satélite de Brasília, uma área de ocupação muito antiga, de fazendas remanescentes da época dos escravos o Movimento Supernova que tem um dos seus criadores o poeta e pintor, baiano de Vitória da Conquista, Paulo Dagomé. O Movimento Supernova tem a a arte como caminho e participa da sesta edição do Sarau do Beijo.
O jornalista Sionei Ricardo Leão, conduzirá uma entrevista com a  ativista cultural Professora Lydia Garcia, homenageada da noite.  O evento tem também  a curadoria dos poetas Nicolas Behr, Marcos Freitas e Jorge Amancio e ocorre toda a primeira terça feira do mês no Memorial Darcy Ribeiro, o Beijódromo, ao lado da reitoria da UnB. 
O Grupo Cultural Batukenjé, sediado em Brasília, foi criado em 2006 na Finlândia, pelo músico e agente cultural Célio Zidório, a convite para ministrar workshops pelo país, com a proposta de ensinar percussão de ritmos brasileiros, de proporcionar uma boa vivência e experiência na prática com os instrumentos diversos utilizados na atividades, bem como contribuir para a formação de cidadãos melhores através da música. Célio Zidório, conhecido no meio musical como Mestre Célin Du Batuk, também estimula em suas atividades, a prática do canto e dança, contextualizando muito bem elementos marcantes da cultura brasileira, contribuindo para sua divulgação e fortalecimento no Brasil e no exterior.
 Paulo Dagomé poeta e pintor, baiano de Vitória da Conquista, morador de Brasília desde 1989 e de São Sebastião desde 1993. Poeta desde os doze anos de idade, músico desde os quinze, vigilante noturno por necessidade, fundou o grupo cultural Radicais Livres que realizou em São Sebastião o Sarau Radical, durante cerca de sete anos. Após formou  um novo agrupamento, o Movimento SuperNova, o qual vem ganhando visibilidade no cenário do 3º setor em São Sebastião.
O Movimento Supernova é uma organização da sociedade civil, reconhecida no Distrito Federal, que desenvolve projetos de cultura, esporte e meio ambiente com vista ao desenvolvimento social. O Movimento é formado, na sua maioria, por jovens participantes dos eventos e ações do grupo, na sua maioria moradores de São Sebastião e alguns poucos de outras cidades do Distrito Federal.
Gelly Fritta (Angelita Gelly Ribeiro Gomes), nasceu em Ubatã, interior da Bahia (Brasil), em 1967. Apaixonada por poesia desde criança, mudou-se para Brasília em 1990, em 2001 publicou o livro “Um Vulto na madrugada” e, em 2002, “Nua e Crua” um livro com alguns poemas eróticos. Participante do Coletivo de Poetas do Distrito Federal, Gelly Fritta participa de saraus onde explora os poetas que adora, entre eles Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e Drummond de Andrade.
Atualmente está a trabalhar num livro só de poemas eróticos sem data ainda para publicação. 

Rêgo Júnior, maranhense radicado em Brasília desde1997, funcionário público por subsistência, poeta por amor e vocação apresenta seus recitais, de forma performática em bares, espaços culturais e eventos artístico e populares, sue último trabalho Muito prazer Paulo Leminski  integrante do recital Francisco Morojó, da Ceilândia. Integrante, organizador do grupo Poeme-se de Taguatinga que se apresenta todas as segundas quartas de cada mês no Bar BLUES PUB em Taguatinga Centro tem seus textos disponíveis em  sua pagina literária no Recanto das letras.



Poemação no Beijódromo

Sarau do Beijo

Homenagem a prof.ª Lydia Garcia

Dia 5 de novembro de 2013 – Terça-feira
Fundação Memorial Darcy Ribeiro -  O Beijódromo  -    ao lado da reitoria da UnB

Das 19:00 às 21:00

Entrada Franca

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Seca revisitada

Pesquisadores explicam origem do fenômeno que atinge semiárido nordestino e comentam suas consequências sociopolíticas. 

Por: Henrique Kugler
 
Publicado em 24/10/2013 | Atualizado em 24/10/2013
Seca revisitada
“A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas”, escreve Graciliano Ramos em ‘Vidas secas’. Hoje, porém, não se vê o êxodo em massa de camponeses. (foto: Leo Nunes/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0)
Sol escaldante no semiárido nordestino. A inclemência das secas há tempo arrasa a terra e a vida do sertanejo. Ainda assim, “apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, ele alimenta a todo transe esperanças de uma resistência impossível”, narrou Euclides da Cunha (1866-1909) em Os sertões. Esse texto é de 1902. De lá para cá muito mudou, mas ainda hoje a complexidade do sistema climático continua a desafiar a ciência; e as consequências da seca na região ainda nutrem acirrados debates entre acadêmicos, técnicos e gestores.
Como entender a origem das agruras climáticas que afligem o Nordeste de nosso país? “As secas costumam ser ocasionadas por dois fenômenos climatológicos de escala global”, explica o climatologista José A. Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O primeiro deles é o El Niño. Trata-se de um aquecimento incomum das águas superficiais do oceano Pacífico – o que origina, na costa oeste da América do Sul, índices de evaporação e precipitação bastante elevados.
E, por incrível que pareça, essa mudança ocasional em um oceano distante é capaz de alterar, também, os padrões de circulação atmosférica no território brasileiro. Uma das consequências do El Niño é o decréscimo – por vezes radical – no regime das chuvas sobre o Nordeste de nosso país. A periodicidade desse fenômeno natural é incerta, mas ele costuma ocorrer em ciclos de dois a sete anos.
Por incrível que pareça, uma mudança ocasional em um oceano distante é capaz de alterar, também, os padrões de circulação atmosférica no território brasileiro
O segundo fenômeno responsável pelas sucessivas secas na região tem um nome ligeiramente mais complicado: é o que climatologistas chamam de variação do gradiente de temperatura da superfície do Atlântico Tropical. O conceito é bastante simples. De tempos em tempos, as águas do Atlântico Tropical Norte – região oceânica entre o Equador e a latitude 15° Norte – ficam mais aquecidas que as águas do Atlântico Tropical Sul – localizado entre o Equador e a latitude 15° Sul. Isso acarreta notórias alterações nas zonas de precipitação.
“Onde temos águas mais quentes, há mais evaporação; e maiores taxas de evaporação favorecem a formação de chuvas”, ensina Marengo. Quando as águas do norte se aquecem, portanto, a precipitação tende a se concentrar por lá – abandonando parte do Atlântico Tropical Sul e reduzindo significativamente o índice pluviométrico do Nordeste do Brasil.
É comum confundir os conceitos de seca e estiagem. Vale o esclarecimento. “O clima da região Nordeste é semiárido, o que significa que o ano é dividido em estações chuvosas e estações de estiagem”, explana Marengo. “Seca é quando não chove nos meses em que deveria chover.” No caso do semiárido nordestino, há expectativa de chuva entre janeiro e junho; e ausência de precipitação é esperada entre julho e dezembro.
“Com nossos sistemas de previsão meteorológica, somos cada vez mais capazes de predizer os períodos de seca”, afirma Marengo (ver ‘Incertas, mas previsíveis’). “Mas não podemos prever seus impactos, pois a falta d’água costuma trazer sérias consequências sociais e políticas.”

Incertas, mas previsíveis
Predizer o clima e o tempo é sempre um desafio para a ciência. “Mas, no caso das secas do Nordeste, os índices de acerto nas previsões têm sido bastante satisfatórios”, comenta Marengo. “Estações meteorológicas automáticas distribuídas nos mares e no continente coletam dados precisos sobre temperatura, pressão e diversas outras variáveis climatológicas”, que permitem aos meteorologistas elaborar cenários com grau razoável de confiabilidade.

Atualmente, porém, mesmo com sistemas sofisticados, não somos capazes de prever o tempo com mais de três meses de antecedência. Por exemplo: em setembro, pode-se ter alguma acurácia nas previsões para outubro, novembro e dezembro. A previsão oficial do governo para o Nordeste é anunciada normalmente em janeiro – quando já se sabe como será o regime de chuvas durante os meses de fevereiro, março e abril.

Uma curiosidade: ainda hoje vivem os chamados ‘profetas da chuva’ – figuras locais que, entre o misticismo e a tradição, lançam palpites sobre o regime pluviométrico do sertão. Marengo confidencia: em algumas reuniões entre meteorologistas, esses inusitados magos do semiárido são convidados a participar. “Em muitos casos, o que eles especulam por métodos tradicionais se aproxima do que nossa ciência prevê”, comenta o pesquisador. “Não há nada de errado no fato de a ciência dar ouvidos à experiência.”


Literatura e realidade

A figura clássica do retirante talvez não exista mais. O camponês castigado pela falta d’água, com seu gado magro a definhar na caatinga, é parte de um momento pretérito que, ao que tudo indica, foi superado. Pelo menos em parte. “Não vemos mais aquele êxodo em massa, como retratado em Vidas secas, de Graciliano Ramos [1892-1953]”, comenta o engenheiro Marcos Freitas, da Agência Nacional de Águas (ANA). Nos idos passados, levas de nordestinos deixavam suas terras e rumavam para as grandes cidades. Hoje, no entanto, a vida dos sertanejos parece menos difícil. “Parte desse sucesso se deve às políticas governamentais de incremento de disponibilidade hídrica”, diz o engenheiro da ANA.
Açudes, cisternas, carros-pipa. São algumas das principais estratégias adotadas nas últimas décadas para atenuar a falta d’água em muitos municípios do semiárido. Méritos ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), vinculado ao Ministério da Integração Nacional (MIN). “É preciso reconhecer os avanços, sim, mas estamos distantes de uma situação ideal e ainda há muito a se fazer”, pondera Freitas.

Amanhecer semiárido

Especialistas estão de acordo: “O que caracteriza a seca no semiárido nordestino não é a falta pura e simples de água, e sim a forma lotérica como as chuvas se distribuem no tempo e no espaço”, explica o engenheiro agrônomo João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco. Um só trimestre pode registrar até 90% da precipitação anual.
“Desafio, portanto, é armazenar essa água de maneira eficiente e segura para que ela seja distribuída de maneira igualitária durante o ano”, diz Freitas. “Mas não basta armazenar; é preciso atentar para a qualidade da água estocada”, alerta. Esgoto nos rios, resíduos sólidos a poluir cursos d’água são alguns dos problemas que insistem em permanecer em pauta – não somente no Nordeste, mas em todo o Brasil. “Tratamos apenas algo em torno de 60% de nossos esgotos”, diz Freitas.
Água armazenada
Nas últimas décadas, muitos municípios do semiárido têm adotado estratégias para atenuar a falta d’água, como o uso de açudes, cisternas e carros-pipa. (foto: Ana Paula Couto/ MIN)
Outro desafio, segundo ele, é incentivar o uso mais racional dos recursos hídricos na agricultura do semiárido. Os sistemas convencionais acarretam desperdício notório de água. “Por isso devemos incentivar a irrigação por gotejamento ou microaspersão”, sugere o engenheiro. “São muito mais eficientes, pois evitam perdas por evaporação.”
O terceiro grande desafio, para Freitas, é o abastecimento de populações difusas. Aglomerados urbanos, em geral, contam com infraestrutura hídrica satisfatória. Mas habitantes de paragens remotas sofrem. “Longas caminhadas, quilômetros a fio com uma lata na cabeça para buscar água; isso ainda acontece”, lamenta Freitas.
Dado desolador: segundo o engenheiro da ANA, no Brasil perde-se de 30% a 40% de água nos processos de distribuição. Motivo: infraestrutura precária – vazamentos, tubulações avariadas, desvios clandestinos...

Sertão: retrato institucional

A última seca do Nordeste foi registrada em 2012. E os baixos índices pluviométricos de 2013 confirmam: esta seca ainda perdura. Quanto a 2014, pouco se sabe. Previsões de janeiro poderão trazer melhores notícias. Ou não. Segundo Marengo, as secas tendem a durar de um a dois anos. Não é incomum, entretanto, que se estendam por tempo maior. Na década de 1950, por exemplo, a terra sedenta do semiárido permaneceu sob esse regime implacável por nove anos.
Freitas: “O avanço do conhecimento divide as ciências, mas devemos superar a visão compartimentada do saber para solucionar os problemas do semiárido nordestino”
“Mas hoje, mesmo no segundo ano consecutivo da seca, os habitantes da região não têm tido graves problemas de abastecimento”, observa Freitas. É a prova, segundo ele, de que as políticas públicas estão funcionando a contento. “Recentemente, o governo federal ampliou as medidas ao anunciar um aporte de R$ 9 bilhões em uma série de iniciativas, como a prorrogação das operações de crédito rural, a renegociação das dívidas agrícolas e a expansão dos programas Bolsa Estiagem, Garantia-Safra e Operação Carro-Pipa”, informou o MIN à Ciência Hoje. As ações devem atender a mais de 10 milhões de pessoas que vivem nas regiões afetadas pela imprevisibilidade do clima.
“Mas, infelizmente, é comum haver descontinuidade entre um governo e outro”, aponta o engenheiro da ANA. “Um estado ou município pode ter boa estrutura institucional durante um mandato; mas ela pode ser totalmente desmobilizada no governo seguinte.” Para Freitas, as instituições ainda funcionam de forma precária – sem um quadro efetivo de servidores permanentes e concursados.
Para os pesquisadores, a solução para o semiárido requer visão integrada. “O meteorologista preocupa-se com as chuvas; o agrônomo com as culturas agrícolas; o hidrólogo com a vazão dos rios; o economista com os impactos econômicos; e o político poderia auxiliar no planejamento orçamentário e nas negociações de questões federativas”, aponta o engenheiro da ANA. “O avanço do conhecimento divide as ciências, mas devemos superar a visão compartimentada do saber para solucionar os problemas do semiárido nordestino.”

A contenda do velho Chico
Impossível falar de seca no Nordeste sem mencionar a transposição do rio São Francisco. A obra é das mais polêmicas – e tem dividido opiniões desde o início. Um dos maiores críticos ao projeto é o engenheiro João Abner, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo ele, a transposição é uma grande fraude técnica. “Ela permanecerá no imaginário como a solução para a seca, e não é”, censura Abner. “Essa obra não vai terminar nunca.” O governo rebate: o MIN informou à Ciência Hoje que a obra estará concluída em 2015.

Um dos pontos de disputa é o fato de que a transposição, segundo seus críticos, é uma obra que beneficiará o grande capital – grandes propriedades agrícolas e industriais –, e não as populações difusas que carecem de abastecimento. “Não é verdade”, contra-argumenta o MIN. “Os canais dos eixos Leste e Norte, por exemplo, levarão a água do São Francisco para 325 comunidades difusas.” Segundo Abner, entretanto, são os financiamentos de campanhas eleitorais – por parte das empreiteiras responsáveis pela obra – que motivam a controversa transposição.

Henrique Kugler
Ciência Hoje/ RJ

Texto originalmente publicado na CH 308 (outubro de 2013).

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Uma festa para Lygia Fagundes Telles


Escritora é homenageada com exposição de textos e fotos, além de debates, no Memorial da América Latina

24 de outubro de 2013 | 19h 18

Ubiratan Brasil - O Estado de S. Paulo
A escritora Lygia Fagundes Telles - Felipe Rau/Estadão
Felipe Rau/Estadão
A escritora Lygia Fagundes Telles
Uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos, Lygia Fagundes Telles ostenta uma obra viva, pulsante, inspiradora. É o que poderá ser comprovado a partir desta sexta-feira com a abertura de uma exposição no Memorial da América Latina que homenageia sua trajetória e sua escrita.
Na verdade, como Octavio Paz, Lygia sempre utilizou a escrita para contar uma história, a própria história. E, para isso, construiu uma carreira marcada por um estilo elegante, ecos machadianos e um permanente estado de espírito que permite manipular a escrita com firmeza e serenidade.
O evento no Memorial começa às 18h30, com a abertura da exposição Lygia Fagundes Telles – trata-se de uma coleção de fotos, originais e edições estrangeiras de textos da escritora. O visitante também poderá admirar painéis que estampam quadros de Beatriz Milhazes, imagens que figuram nas capas da nova edição da obra de Lygia, lançada desde 2009 pela Companhia das Letras. “Sempre admirei muito o trabalho da Beatriz, que traduz com delicadeza a expressão da minha escrita”, costuma dizer a autora.
A homenagem continua às 19 horas, com a exibição do vídeo Narrarte. É um curto mas precioso documentário rodado pelo filho da escritora, Goffredo Telles Neto, uma conversa sobre o ato da escrita. Certamente, um dos pontos altos da noite.
Às 20 horas, os convidados poderão acompanhar um bate-papo sobre a autora do romance As Meninas, entre a professora Ana Paula dos Santos Martins e o jornalista e escritor Suênio Campos de Lucena, com mediação de Luis Avelima. Um ótimo momento para se comprovar como a escrita de Lygia é o testemunho de sua vida. Basta ler o clássico A Estrutura da Bolha de Sabão.
“Esse conto tem uma origem divertidíssima e começou quando meu segundo marido, Paulo Emílio de Salles Gomes, contou que um amigo físico, que vivia na França, estava estudando a estrutura da bolha de sabão”, contou Lygia, certa vez, ao Estado. “Fiquei intrigada com o assunto e, como também não conseguia me definir sobre o que se tratava, Paulo me aconselhou a buscar a resposta na escrita.” Encantada, pois se recordou dos tempos de menina quando brincava com bolhas de sabão, Lygia pôs-se a trabalhar e o entendimento só foi surgir quando escrevia as últimas linhas.
Estruturas intricáveis, personagens que não a abandonam, o universo literário de Lygia Fagundes Telles é sempre inesgotável. Por isso, às 20h30, ela será homenageada pelo presidente do Memorial, o cineasta Joaquim Batista de Andrade.
O evento terá sua última parte prevista para começar às 20h45, quando acontece o lançamento dos livros Lygia Fagundes Telles entre Ritos e Memória, organizado por Suênio Campos de Lucena; Sombras Silenciosas: Estranheza e Solidão em Lygia Fagundes Telles e Edward Hopper, de Mabel Knust Pedra; e Caros Autores, de Fábio Lucas.
“Para escrever, você precisa se dedicar de corpo e alma a seu personagem, a seu enredo e à sua ideia”, explicou. “É preciso que seja um ato de amor, uma doação absoluta, e é impossível sair do transe enquanto não dá a história por acabada, enquanto não decifra o humano. O detalhe é que o ser humano é indefinível. Por mais que tente, você não consegue defini-lo totalmente. O ser humano é inalcançável, inacessível e incontrolável, ele está sujeito a esses três ‘Is’.”

LYGIA FAGUNDES TELLES
Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-4780. Sexta, 25, 18 h. Grátis. http://www.memorial.org.br/

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Vinicius de Moraes: o poeta da paixão faz 100 anos


Canção dos Nibelungos, traduzido por A. R. Schmidt-Patier





Canção dos Nibelungos é uma das mais importantes obras da Literatura Alemã do período medieval. É o canto fúnebre de um mundo pagão que, aos poucos, se cristianizava, lamentando o  fim da era dos deuses noturnos.

Trata-se de uma tradução completa da Canção dos Nibelungos é uma epopeia de 2.379 estrofes. É um poema de grandes dimensões, de caráter narrativo e estilo elevado, destinado a celebrar os feitos de um povo. A Alemanha considera esta epopeia um poema de seu passado histórico, de vez que os burgúndios foram um povo germânico.

O tradutor, prof. A. R. Schmidt-Patier, trabalhou durante mais de 10 anos nesta tradução, tendo por base um texto composto em Alto-Alemão Medieval.

O texto do livro é precedido de um estudo introdutório sobre a história desta obra do século XIII, cujo autor é considerado anônimo.
Sobre o autor:

Patier, professor de Latim do Uniceub, é autor de várias outras obras, entre as quais podem ser citadas o Parsifal (já na terceira edição) e Nos Confins do Conhecimento. É, ademais, fundador da revista Egrégora, com 20 anos de circulação.






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Data: 23 de outubro (quarta-feira) – Horário: a partir das 18h30

Local: Restaurante Carpe Diem da 104 Sul

Informações: (61) 3344-3738
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

10 visões de fotógrafos alemães contemporâneos


José Carlos Vieira e Carla Andrade, poetas radicados em Brasília, lançam novos trabalhos


Os autores lançam, nesta terça-feira, as obras "Poemas de paixões e coisas parecidas" e "Artesanato de perguntas"

Diego Ponce de Leon Publicação:22/10/2013 06:01Atualização:21/10/2013 16:38
 
'Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura', define o poeta e jornalista TT Catalão (Iano Andrade/CB/D.A Press)
 
 
"Zé não tem zelo por estilos rígidos. É um cara de ritos temperados por sacras orgias. Pro que der e vier, sem perder a nervura", define o poeta e jornalista TT Catalão
As almas mais amargas que passeiam pela capital federal costumam dizer que a cidade não tem esquinas, vida noturna ou bons exemplos da “irmandade da uva”, por assim dizer. Aparentemente, padecemos sob a ausência de rastros da Lapa carioca ou do Bexiga paulistano. Outros atestam o oposto. Um fato, porém, não pode ser negado: Brasília exala boemia.

O jornalista, colunista das comédias da vida pública e privada, paraibano de nascença, brasiliense por excelência e botafoguense fanático, José Carlos Vieira (entre outros ofícios peculiares), sabe bem disso. A dedicação ao mundo da literatura o tornou um poeta boêmio. E, em torno de uma mesa de bar, ele reúne os amigos e leitores para lançar, nesta terça-feira (22/10) à noite, Poemas de paixões e coisas parecidas. O novo trabalho aparece seis anos após o anterior A alma e o e-mail, de 2007 (Travessa dos Editores, Curitiba).

“Meus versos são libertários. Não consigo colocar o terno e a gravata em minhas palavras”, definiu o jornalista, que acumula 23 anos dedicados ao Correio. Desde 2009, José Carlos lidera a equipe do Diversão & Arte, além de manter uma coluna semanal com goles de humor. A poesia, segundo ele, aparece com um exercício libertário, muito além do jornalismo.

Com ilustrações dos artistas Carmen San Thiago e Kleber Sales — além de uma inspirada apresentação de TT Catalão —, Poemas de paixões e coisas parecidas convida o leitor para uma conversa franca e comovente, orquestrada por uma alma ora roqueira, ora lírica, sempre em busca de um resultado “simples, curto e transcendente”, como atesta TT Catalão. Uma chance de nos sentarmos à mesa na companhia de Leminski, Chacal, Quintana e Bukowski. E nos embriagarmos da poesia de José Carlos Vieira. Ébria no sentimento e tão sóbria na intenção.

Contemporânea


Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Carla Andrade lança Artesanato de perguntas no Sebinho Cultural
 
Quando a mineira Carla Andrade chegou a Brasília, há 13 anos, foi consumida por uma solidão e um medo constante. A primeira impressão não foi positiva. Como veio por motivos profissionais, insistiu e permaneceu. Atualmente, celebra a escolha. “O que me assustava antes, hoje, me inspira”, disse a poetisa e servidora pública, que lança Artesanato de perguntas, às 19h, no Sebinho Cultural. Antes, em 2007, estreou na literatura com Conjugação de pingos de chuva.

O novo trabalho, assim como o anterior, traz poesias selecionadas. “São versos imagéticos, surrealistas. Sem preocupação com lastros de realidade”, sintetizou Carla, que aborda temas filosóficos — como a decepção, a solidão e a contemporaneidade — nos poemas.
A escritora aconselha os leitores a experimentar os textos mais de uma vez. “ As pessoas sofrem de uma ansiedade por compreensão. Precisam se deixar levar também pelo sentimento. Meus poemas são visuais”, disse.

A escolha pela poesia, segundo Carla, responde por uma necessidade de “extrapolar a realidade”. “A prosa parece estar sempre atrelada ao real. De real, já basta o trabalho, as relações pessoais”, comentou. Entre os autores prediletos, a autora cita o mato-grossense Manoel de Barros e o poeta francês Arthur Rimbaud, “tão sensível na construção de imagens, por meio do texto”.

Fonte:  http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/programe-se/2013/10/22/noticia_programese,144832/jose-carlos-vieira-e-carla-andrade-poetas-radicados-em-brasilia-lanc.shtml

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Lançamento - ARTESANATO DE PERGUNTAS de Carla Andrade



Trigal (Livro Artesanato de Perguntas)

A demora de cada
pingo na sua pele
revela o vazio
dos ponteiros na parede.

Seu banho é uma jornada
para reinos onde meus dedos
são Alices e meu gozo é latente....
Espera na cama
sou argila.

E nem mesmo um passeio
na brisa me retoca com mãos
tão singelas.

Meu corpo todo
é um roçar em trigais.
Não quero acordar e nem dormir.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Silêncio Nagô





A mostra E O Silêncio Nagô Calou em Mim traz fotografias que retratam a cultura no cotidiano ritual de matriz africana, apresentando novas visões sobre a herança afro no Brasil. O trabalho foi realizado pela fotógrafa e pesquisadora Denise Camargo e mostram as crenças e tradições africanas e tem por objetivo quebrar preconceitos brasileiros com relação a sua própria origem.
Fazem parte da exibição 30 imagens acompanhadas de textos, trilha sonora composta especialmente para o projeto, vídeo e um ambiente interativo. A curadoria é de Diógenes Moura, escritor, editor, roteirista e curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1998 e maio de 2013.
A exposição conta ainda com acessibilidade para deficientes visuais e ao público de todas as camadas sociais. Além das imagens, da trilha sonora, de palestras da artista e de convidados, de oficina de formação para educadores, o projeto contempla sinalização podotátil que auxiliará a visita de cegos. Eles receberão na entrada da sala um aparelho com audiodescrição das imagens, garantindo total autonomia durante o percurso expositivo.

Serviço
Local: Museu Nacional dos Correios
Endereço: Setor Comercial Sul
Quando: De 17/10/2013 a 30/10/2013
Horário: Terça a Sexta, das 10h às 19h Sábado e Domingo, das 12h às 18h
Preço: Entrada franca
Classificação Indicativa: Livre

Prêmio Jabuti divulga vencedores

Foram divulgados nesta quinta-feira os vencedores das 27 categorias da 55º edição do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Evandro Affonso Ferreira venceu a categoria romance com "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam". Em poesia, o premiado foi Ademir Assunção, com "A voz do ventríloquo" (Edith). A categoria contos e crônicas teve como ganhador Sérgio Sant'Anna, com "Páginas sem glória".

 Na categoria biografia, o vencedor foi Mário Magalhães, com "Marighella" (Companhia das Letras). Em reportagem, a obra premiada foi "As duas guerras de Vlado Herzog" (Civilização Brasileira), de Audálio Dantas. Na categoria infantil, a obra laureada foi "Ela tem olhos de céu" (Gaivota), de Socorro Accioli e "Namíbia, não!" (Edufba), de Aldri Anunciação, venceu a categoria juvenil.


Os ganhadores de cada uma das categorias recebem R$ 3.500. Os primeiros lugares de algumas delas concorrem aos prêmios de Livros do Ano de Ficção e Não Ficção, e só serão divulgados em 13 de novembro, na festa de premiação. Os vencedores receberão mais R$ 35 mil.

O júri, formado por especialistas de cada categoria, também será revelado em 13 de novembro e foi indicado pelo Conselho Curador do Prêmio, do qual fazem parte José Luiz Goldfarb, Antonio Carlos Sartini, Frederico Barbosa, Luis Carlos Menezes e Márcia Ligia Guidin.

Após a polêmica do “jurado C”, em 2012, quando o crítico literário Rodrigo Gurgel deu notas zero ao romance "Infâmia", de Ana Maria Machado, um dos dez finalistas ao prêmio da categoria romance - eliminando assim qualquer chance de vitória da obra, que conseguira notas máximas de outros jurados - houve mudanças no regulamento do Jabuti. A principal delas foi limitar as notas entre 8 e 10, de modo a evitar que um único jurado seja capaz de desequilibrar a disputa distribuindo notas muito altas ou muito baixas aos finalistas.


Confira abaixo a lista dos vencedores das principais categorias:
Romance
1 - "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam" (Record), de Evandro Affonso Ferreira
2 - "Glória" (7Letras), de Victor Heringer
3 - "Barba ensopada de sangue" (Companhia das Letras), de Daniel Galera


Poesia

1 - "A voz do ventríloquo" (Edith), de Ademir Assunção
2 - "Raymundo Curupyra, o Caypora" (Tordesilhas), de Glauco Mattoso
3 - "Porventura" (Record), de Antonio Cicero


Contos ou crônicas
1 - "Páginas sem glória" (Companhia das Letras), de Sérgio Sant'Anna
2 - "Diálogos impossíveis" (Objetiva), de Luis Fernando Verissimo
3 - "Aquela água toda" (Cosac Naify), de João Anzanello Carrascoza


Infantil
1 - "Ela tem olhos de céu" (Gaivota), de Socorro Accioli
2 - "Visita à baleia" (Positivo), de Paulo Venturelli
3 - "A ilha do crocodilo - Contos e lendas do Timor Leste" (FTD), de Geraldo Costa


Juvenil
1 - "Namíbia, não!" (Edufba), de Aldri Anunciação
2 - "Os anjos contam histórias" (Melhoramentos), de Luiz Antonio Aguiar
3 - "Ouro dentro da cabeça" (Autêntica), de Maria Valeria Rezende


Biografia
1 - "Marighella" (Companhia das Letras), de Mário Magalhães
2 - "A carne e o sangue" (Rocco), de Mary Del Priore
3 - "Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder, 1882-1930" (Companhia das Letras), de Lira Neto


Reportagem
1 - "As duas guerras de Vlado Herzog - da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil"(Civilização Brasileira), de Audálio Dantas
2 - "Dias de inferno na Síria" (Benvirá), de Klester Cavalcanti
3 - "Mãos que fazem História" (Verdes Mares), de Cristina Pioner e Germana Cabral


Teoria e crítica literária
1 - "A Ficção e o poema" (Companhia das Letras), de Luiz Costa Lima
2 - "Crítica em tempos de violência" (Edusp e Imesp), de Jaime Ginzburg
3 - "A narrativa engenhosa de Miguel de Cervantes: Estudos cervantinos e a recepção do Quixote no Brasil" (Edusp e Imesp), de Maria Augusta da Costa Vieira

A lista completa de vencedores das 27 categorias está no site www.premiojabuti.com.br/resultado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

VOANDO PELA NOITE, DE ANDRÉ GIUSTI

Voando pela noite é um livro de contos. Os contos, apesar de
 independentes e diferentes, apresentam pontos em comum:
 abordam a juventude das décadas de 80 e 90, falam da 
descoberta da liberdade, da independência, da sexualidade
 e dos prazeres da vida. O interessante é que as diversas
 situações colocadas pelo escritor acontecem em um 
período em que a internet e as facilidades de comunicação
 não existiam. Nos contos, as pessoas se comunicavam por
 telefones fixos, por encontros aleatórios nas ruas e, algumas
 vezes, por coincidência do destino.
Com situações inusitadas e diálogos bem construídos 
as histórias criadas por André Giusti nos conduzem a uma
 realidade diferente da que vivemos hoje, mas ao mesmo 
tempo comprovam que os jovens serão sempre iguais: 
repletos de sonhos, de expectativas e de desejos. 
Independente do tempo, a intenção é vencer barreiras,
 conhecer o desconhecido e se relacionar.
Um ponto central abordado nos contos é a questão da
 sexualidade. O escritor narra muito bem a descoberta do 
prazer e a visão dos homens sobre o sexo e sobre as
 mulheres. Algumas cenas possuem descrições bem intensas 
e diretas, no entanto ele consegue manter a medida e em
 nenhum momento a narrativa se torna vulgar ou cansativa.

Entre os diversos contos do livro, "Fonedrama" aborda
 questões peculiares e merece destaque.  Nele, o 
personagem principal recebe uma ligação por engano e esta
 ligação lhe coloca em uma situação inimaginável. Ele se
 envolve com a mulher, Vanessa, que era casada. O texto 
aborda a questão do desejo, da traição, da honra, 
do psíquico e da moral.

DESTAQUES:

- A narrativa é em terceira pessoa e o narrador nunca apresenta
 o personagem principal. Todas as referências são por meio
 do termo "ele". No entanto, os demais personagens são 
apresentados e individualizados.

- Ao longo de cada conto o escritor faz inúmeras referências a 
livros e cantores. Posso destacar a menção ao livro A Insustentável 
Leveza do Ser e ao grande poeta Paulo Leminsky. Também 
existem referências a Raul Seixas, Roberto Carlos, Erasmo Carlos etc.

PASSAGENS:

"Agora cada coisa ficaria definitivamente em seu lugar, como Alice 
sempre gostou, como ele sempre gostou também. Cada coisa para
 sempre no lugar, como os dois sempre gostaram, em 60 anos de 
casamento. O pó dos anos se encarregaria de remover cada objeto, 
cada estante e cada poltrona. Mas isso seria daqui a muito tempo, 
tanto tempo, que o próprio relógio da sala já estaria parado, como
 nunca esteve em seis décadas".

"Ele pensava que o pior de reviver o passado era encontrar a 
mesma antiga pessoa num presente tão diferente, tão distante dele.
 Era a sensação de pular 100 páginas num livro bastante 
volumoso, 100 páginas onde a história se transformou, mudou de lugar 
e o papel principal já não cabe mais a esse ou àquele personagem".

"Aproximei meu rosto do seu. Antes de beijá-la, porém, achei mais
 gostoso sentir sua respiração fervendo nos meus lábios".

"Devolvi o poema a ela com um riso amarelo. Perguntei se já poderíamos
 ir. Adiantei o vídeo até o presente. Eu queria apertar play-rec e começar
 a gravar dali".

"Eu sentia uma raiva estúpida de ser drogado, de ser alcoólatra. Senti raiva
 de não ter conseguido a ereção e odiava Ângela Sauer. E quanto mais
 raiva, mais velocidade." 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Reconhecimento do trabalho da ATL



Boa notícia: numa feliz e oportuna decisão, a Câmara Legislativa do Distrito Federal reconheceu a luta e o valor cultural da ATL – Academia Taguatinguense de Letras, e declarou a Academia como Patrimônio Material, Imaterial e Cultural do Distrito Federal, com a promulgação da Lei 5.159, de 21 de agosto de 2013. Ameaçada de despejo em sua sede atual, a vitória da Academia representa um incentivo a todas as atividades culturais desenvolvidas em Brasília, por ter sido sacramentada num gesto formal de sua Câmara Legislativa. Estão de parabéns todos os dirigentes da ATL e, em particular, seu Presidente Gustavo Dourado, pelo denodo e proficiência com que se entregou a essa causa.

Fonte: http://www.lagonoticiasbsb.com.br/index.php/colunistas/nestorkirjner.html


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Lançamento do livro Artesanato de perguntas, de Carla Andrade


A poeta e jornalista Carla Andrade, em sua jornada de fazer versos, lança – em 22 de outubro, a partir das 19h, no Sebinho Cultural – o livro Artesanato de perguntas, obra costurada, imaginada, sonhada, desenhada, vivida nos últimos cinco anos. O lançamento marca o final de uma trajetória iniciada logo após a edição de seu primeiro trabalho, Conjugação de pingos de chuva, de 2007.
Mineira de Belo Horizonte, Carla já pode se dizer uma mineiro-brasiliense, pois há mais de uma década vive no Planalto Central, sempre atuando na área de formação, Jornalismo, e se alimentando diariamente de palavras poéticas. Ler seus versos é mergulhar em um mundo paralelo de imagens, cores, sabores, aromas, lembranças, sonhos, desesperanças, saudades, fantasia, amores, erotismo e por aí pelo infinito. É submergir em um verdadeiro artesanato de perguntas. Afinal, para que respostas?
“Sentirás que aos poucos a poesia de Carla Andrade vai penetrando nos teus olhos e te lendo”, escreve o poeta Nicolas Behr na orelha do livro. No “Prefácio”, o também poeta Alberto Bresciani não fala mais que a verdade ao considerar que os “Novos poemas de Carla Andrade recusam a monotonia e a estagnação,[afinal]Carla tem o ‘andar curioso/ de quem não se acostuma mais a olhar sem ver’ (do poema Vietnã)”.  


E seu olhar vai longe dentro de si, do outro, do espaço ao redor, passa pelo Vietnã, Argentina, Itália, Tailândia... e volta para seu próprio interior. Inquieta, se não pode viajar pelo tempo e pelo espaço, Carla viaja nos vocábulos, nos sentimentos, nos detalhes ocultos àqueles que não querem ver. Questiona o cotidiano da solidão entre pessoas, abre as vísceras de uma contemporaneidade em que a imaginação, o diálogo, a contemplação, a simplicidade vêm sendo tragadas pelo abismo de uma sociedade cada vez mais desintegrada, apartada da essência humana.
Para completar sua poesia de sentir, de comer, de degustar, de nos ler, ilustrações da artista gráfica Marina Soares, materializando imagens em traços delicados, tão poéticos quanto as linhas melódicas (ou não) de Carla Andrade, que não escreve para ser compreendida, mas para fazer viajar – mesmo que se esteja quieto em um apartamento qualquer das Asas, ou em qualquer das cidades do Distrito Federal, de Minas, do Brasil, do mundo ou em nós.
Artesanato de Perguntas recebeu recursos do Fundo da Arte e da Cultura (FAC), da Secretaria de Estado da Cultura do Distrito Federal. 

O quê?
Lançamento do livro Artesanato de perguntas, de Carla Andrade
Quando?
Dia 22 de outubro
A que horas?
A partir das 19h
Onde?
No Sebinho Cultural, SCLN 406, bl. C, lj. 44

Falar com quem?
Ateliê da Palavra
Ana Vilela – 61 8182 4555
Carla Andrade – 61 9634 3966

Uma degustação de Artesanato de perguntas

Antes do chuveiro

Artesãs são minhas mãos
na cama no espelho seu corpo.

Meus dedos, teares febris
a fiar a incógnita do seu gozo.

Minha boca vapor
de um trem sem destino.
Afasto meus dentes
como persianas abertas
para todo o sol entrar.

Concentro o que gruda
e molha na minha língua
ávida pelo seus poros
encravados 
de indulgência.

Sou toda parábola para
folhear páginas
de um livro pagão.
O suor do cio.

Espasmos rebelados.
Trêmula,
terei que reinventar o chão...

Artesanato de perguntas

A colonização dos maribondos
nos meus pensamentos
começou em sânscrito.

Meditação das palavras.
Um mantra de curiosidade de luz
arregalava meus olhos répteis de criança.

Às vezes, levava uma ferroada da ignorância.
Mas passava logo, com sopro em margaridas.
A infância cuidou da urbanização das ideias.

Conjunções interrogativas fizeram
prédios no horizonte,
mas os adultos não entendiam
a essência das janelas.

Depois, a rebeldia dos porquês escravizados.
O desejo devorava séculos sem respostas
em pés religiosos atolados.

A independência da colônia veio depois
de um jejum de palavras.

Não quis mais saber o porquê do universo
e da minha travessia cambaleante.

Como um coral no fundo do mar
deixei que peixes me acolhessem
e segui o movimento das algas.


Cidade

O tempo
e suas longas tranças
debruçadas em varandas com
vista para os olhos da cidade.

A cidade com seus sentimentos
enclausurados
em caixas de concreto,
pés de aço,
jardins de cimento,
estátuas mijadas.

Você tem que ser híbrido,
até seu silêncio deve ser civilizado.
Deixe o que é visceral para
a fotossíntese das plantas.
O que é magistral na sua loucura
para a metamorfose das borboletas.

Nada de mudanças repentinas
enquanto a cidade e seu relógio analógico
decidem seu destino.

Ande devagar, não olhe para os pássaros.
Quando você assumir uma cor cinzenta
e tiver a idade do ralo,
do bueiro,
a cidade respirará o
o resto de sua alma.

Vão te chamar de homem,
seus músculos tensos
serão condecorados,
até que você não tenha nem
mais o consolo da beleza
do abismo da tristeza.

Você ficará só com seus olhos de boneca.
Sentindo em suas feridas o focinho da cidade.
O tempo irá desfazer suas, nossas tranças.
 
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