sábado, 29 de janeiro de 2011

O livro "As Esferas do Tempo"


Trata-se de um livro de poesias em uma linguagem abrangente com temas relacionados ao homem e seu dia-a-dia, seus questionamentos seguidos de soluções, a luta por um mundo melhor e mais justo, crescimento, conhecimento, amor e senso de humanidade. Sua linguagem é pós-moderna tendo como influências Carlos Drummond e Clarice Lispector. Também recebe influências de Manoel de Barros e Ferreira Gullar. Suas poesias e seus argumentos estão de acordo com o tempo presente. Espero que este livro acrescente muito a vida das pessoas. Obrigado pela oportunidade e um forte abraço. Este livro está a venda na livraria Leitura do Pátio Brasil Shopping na W3 Sul.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O orvalho do outono

25/1/2011 - Batista de Lima - Jornal Diário do Nordeste
O orvalho do outono

Nada mais poético que a água, principalmente como metáfora da vida. E a água corrente arrasta consigo a figuração do tempo que não conseguimos reter. Por isso que os melhores poetas estiveram próximos a cursos d´água. Foram participantes de uma liturgia que só o altar da natureza consegue executar.

O rio é superfície e profundidade, dinâmica correnteza e imagem que se prende a nossa memória. Dos cursos d´água, o rio se inscreve como algo que flui, como o tempo, e algo que fica como imagem permanente, raiz e terra. É movimento e é estática, tempo e memória, superfície e profundidade, presente e passado.

É por isso que ao lermos os poemas de Barros Pinho precisamos mergulhar nas águas do rio Parnaíba. Pelo rio ele trafega do território da infância aos orvalhos do outono. Duas cores colorem seu universo poético, o azul memorial, e o verde que salta dos canaviais para a dimensão do sonho que não o abandona nunca.

Sua batalha é situar-se nesse meio caminho e instaurar a expressão do que lhe toca. O código linguístico é obsoleto para a transmissão do que lhe lateja no ser. Deram-lhe a "langue" sem medirem a potência da sua "parole". Nota-se perfeitamente uma vontade dilacerada diante das limitações do dizer.

Mesmo assim ele se põe diante do Parnaíba e vê um rio transfigurado. Uma luz se acende nas profundezas das águas e o observador da margem acende nas retinas do leitor o mistério das correntezas de mãos dadas com o tempo. Tudo flui e orvalha o outono do tecedor que com sua rede verbal tenta segurar a fluência das águas.

Onde andam as madrugadas que o poeta desperdiçou? Para ele não bastam mais as auroras com seu cheiro de parto e pescarias. O poeta está maduro e grita do alto das setenta cheias do rio que conduz: "nos meus pés / arrasto muitos caminhos".

Mesmo assim com um pouco de fadiga nos olhos ainda consegue manter as "mãos repletas / de borboletas amarelas". Essas borboletas são imagens que se transformam em sintagmas do tipo "algodão do poema", "partitura do mormaço", "sofreguidão das águas", "olimpo da palavra". Toda essa imagética transforma lágrima em palavra e o rio em frase.

O rio é uma frase enorme que não gosta da preguiça das planuras, mas tem os "olhos presos na divisa da aurora". Daí que há momentos em que rio e poeta fluem no mesmo compasso e se imbricam em uma só persona, correnteza e permanência. Por isso que a fala " se for noite / ponho lua nos olhos / se for dia / ponho sombra / no rastro", não se sabe se é o rio ou o poeta falando, ou se são os dois na mesma fala.

Essa fala consensual entre o poeta e seus símbolos trafega do convencional ao acidental para desembocar no universal. E ela começa logo pelo título da obra, "Poemas para orvalhar o outono". Como um bom livro começa com um bom título, Barros Pinho, além desse belo portal inicial ainda o projeta sobre um desenho instigante da lavra de Andifax Rios. Com essa recepção tão bem preparada, o leitor é sequestrado e cativado página a página.

É aí que a leitura se torna uma colheita de metáforas que vão enchendo nossos bornais de rios de imagens desmontadas. É como quem cata frutos debaixo de uma grande árvore ou pesca os maiores peixes de um grande rio. Ler Barros Pinho é tornar repletos os currais, os chiqueiros, os sótãos, os armários e os giraus da nossa sede de saberes. É por isso que o autor, aos setenta, rejuvenesce, pois "velho é o vento" e "a poesia é harpa da manhã" e "o coração / procura ingresso / no espetáculo".

Quanto à mensagem social que tem marcado a trajetória do poeta em todos os seus livros e na vida política, basta observar o verso "escrevo com a faca na mão / ao lado da pedra de amolar". A ternura que marca a poética e até o dia-a-dia do poeta sabe ser cortante como as palhas verdes dos seus canaviais telúricos.

Ao final da leitura desses poemas de Barros Pinho, verifica-se que mesmo orvalhando o outono, há uma ênfase em tratar o tempo como algo inexorável. Sua força corrosiva se dilui quando o poeta o transfigura entre o vento e o rio. Seu texto é o Tabor dessa transfiguração. Cantar a correnteza desses três elementos é cantar a vida, é inscrevê-la no humus que resta dessa batalha que travamos contra essa enfermidade adquirida.

Entretanto dessa tríade semiótica de sua poética é o rio o que mais representa a vida. Na sua dinâmica de sempre ir, vai levando na superfície o balseiro das imagens ribeirinhas, inclusive a do poeta, mas no seu leito, na sua estrutura profunda a vida se funda ligada a terra, esperando a luz. "Os rios se guardam / para o aviso dos relâmpagos", numa liturgia das águas. jbatista@unifor.br

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=922549

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aproximación a la poesía en español: Propuestas didácticas


Colección Complementos. Serie Didáctica. 2009.
Alicia Silvestre Miralles y Elías Serra Martínez
Aproximación a la poesía en español: Propuestas didácticas
Ministerio de Educación y Ciencia de España
Consejería de Educación en Brasil
Embajada de España

O livro apresenta, dentre outros assuntos, uma análise do processo de criação e de tradução, do português ao espanhol, de quatro poetas brasileiros contemporâneos: Fred Maia, Angélica Torres, Marcos Freitas e Cristina Bastos.

Livro em formato digital:
http://www.educacion.es/exterior/br/es/publicaciones/publi09.shtml

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Que Venha a Seca, de Marcos Freitas


Autor: Marcos Airton de Sousa Freitas
ISBN: 8578106601 ISBN-13: 9788578106607
Brochura, 1ª Edição – 2010, 413 pág. Preço R$ 80,00

O autor não se propõe a lutar quixotescamente contra a seca e derrotá-la, mas sim compreender os fenômenos envolvidos nos diversos tipos de seca, conjeturar sua ocorrência, sua duração e sua intensidade, e estabelecer critérios para que sejam tomadas decisões realistas. Trata-se de um livro complementar à cadeira de Hidrologia, para ser utilizado principalmente pelos cursos que têm em vista a formação de hidrólogos que vivem e trabalham nas regiões assoladas pelas secas, constituindo-se em uma fonte segura de pesquisa sobre o tema. Embora haja interdependência entre os capítulos, eles podem, até certo ponto, ser lidos independentemente uns dos outros, fazendo com que o livro possa ser também usado como manual de procedimentos por gestores, administradores públicos e demais tomadores de decisão, uma vez que cada capítulo possui sua própria lista bibliográfica.

O livro pode ser adquirido nas principais livrarias do país:

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=9044208&sid=97511819712322634963904325&k5=D11FF6E&uid=

http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3373355/que-venha-a-seca-modelos-para-gestao-de-recursos-hidricos-em-regioes-semiaridas/?ID=BD4B76C57DB01150C1D160306

http://www.fnac.com.br/pesquisa/undefined/fnac.html?=que%20venha%20a%20seca

http://www.siciliano.com.br/pesquisaweb/pesquisaweb.dll/pesquisa?ESTRUTN1=0301&ORDEMN2=E&PALAVRASN1=que+venha+a+seca&x=44&y=13

http://www.martinsfontespaulista.com.br/ch/prod/382548/que-venha-a-seca---modelos-para-gestao-de-recursos-hidricos-em-regioes-semiaridas.aspx

http://www.livrariagalileu.com.br/home/detalhe.asp?id_livro=177871&buscape

http://www.leonardodavinci.com.br/descricao.asp?cod_livro=FRE025

http://www.livrariacanalenergia.com.br/sinopse.asp?id_obra=157

http://www.casasbahia.com.br/Que-Venha-a-Seca-Modelos-Para-Gestao-de-Recursos-Hidricos-em-Regioes-Semiaridas-296956.html

http://www.livrariaunesp.com.br/livrariaunesp/produto/28045/QUE+VENHA+A+SECA
 

QUE VENHA A SECA
Sumário
AGRADECIMENTOS
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
CAPÍTULO 1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SECAS
CAPÍTULO 2 O FENÔMENO DAS SECAS, A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E O NORDESTE DO BRASIL
CAPÍTULO 3 ANÁLISE INTEGRADA DO FENÔMENO DAS SECAS (SIGES)
CAPÍTULO 4 MODELAGEM CHUVA-VAZÃO EM RIOS DO SEMIÁRIDO
CAPÍTULO 5 GERAÇÃO SINTÉTICA DE VAZÃO EM RIOS DE REGIÕES SEMIÁRIDAS
CAPÍTULO 6 MODELOS DE ESTIMATIVA DE DEMANDA
CAPÍTULO 7 MECANISMOS DE ALOCAÇÃO E NEGOCIAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO 8 APLICAÇÕES DO SIGES AO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
CAPÍTULO 9 ANÁLISE MULTICRITÉRIO E TOMADA DE DECISÃO EM REGIÕES SEMIÁRIDAS
CAPÍTULO 10 ANÁLISE DE RISCO NA GESTÃO HIDROAMBIENTAL
CAPÍTULO 11 OPERAÇÃO DE RESERVATÓRIOS EM SITUAÇÕES DE ESCASSEZ
CAPÍTULO 12 INTEGRAÇÃO SETORIALNA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO 13 PLANOS DE CONVIVÊNCIA COM AS SECAS E MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS
CAPÍTULO 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS


FREITAS, MARCOS
Marcos Freitas tem Pós-graduação em Engenharia Civil - Dipl. Ing. - Universität Hannover (1995). Mestrado em Engenharia Civil (UFC, 1991). Graduação em Engenharia Civil (UFPI, 1985). Especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas - ANA, desde 2001. Professor Universitário, desde 1990 (atualmente licenciado). Engenheiro Civil/Consultor (1985-2000). Coordenador e professor de diversos cursos de Pós-graduação (Engenharia de Software; Gestão de Recursos Hídricos; Gestão Ambiental). Mais de 100 publicações técnico-científicas em periódicos e anais de simpósios nacionais e internacionais e mais de 40 livros e capítulos de livros, técnicos e de literatura, em autoria e co-autoria, em 6 idiomas. Aprovado em 2º lugar para o cargo de Especialista em Infraestrutura Sênior – Recursos Hídricos, do MPOG. Participou da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, do Plano da Bacia do rio São Francisco - PDRHSF, do GEO Brasil Recursos Hídricos (PNUD), GEF São Francisco, Outorga do Sistema Cantareira (SP), dentre outros. Fundador e Ex-Diretor Técnico-Científico da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Águas - ASÁGUAS. Fundador e Ex-Conselheiro da Associação Nacional dos Especialistas em Regulação - ANER. Autor da ideia da criação da Escola Nacional de Regulação. Sócio da Associação Brasileira de Recursos Hídricos - ABRH. Fundador da Associação Piauiense de Astronomia – APA (1982). Militante estudantil e sindical no início da década de 80. Poeta. Contista. Letrista. Músico amador. Diretor do Sindicato de Escritores do DF. Filiado à Associação Nacional de Escritores - ANE e à União Brasileira de Escritores - UBE.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

YouTube - Em Serra Chuva - Poema de Jorge Amancio e Música de Anand Rao - Dor e Morte nas chuvas do Rio.wmv

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Noel Rosa / Cacá Pereira

O INQUIETO SAMBA PÓS-ANTIGO DE CACÁ E TRADIÇÃO SENTIMENTAL DO POVO BRASILEIRO Por Luis Turiba


Mas pra fazer um samba com beleza
é preciso um bocado de tristeza
é preciso um bocado de tristeza
senão, não se faz um samba não”

Assim cantou o poetinha Vinícius de Moraes no seu clássico “Samba da Benção”, em parceria com Baden Powell. Saravá!!!
O verdadeiro samba é assim mesmo: não tem fórmula certa, mas tem pegada rítmica e sentimental. Deve ter sim uma pitada de lamento, uma boa dose de nostalgia, a saudade de um amor perdido e um compromisso imensurável com a busca da felicidade. Tanto na letra como na melodia. Afinal, se tristeza não tem fim, não custa clamar: “tristeza, por favor vá embora/ minha alma que chora/ está vendo o meu fim.” Daí todos cantamos juntos.
Essas breves considerações vêm à tona a propósito do último show do cantor/compositor Cacá Pereira, no Feitiço Mineiro, em meados deste janeiro, onde ele, além de encantar a plateia com sambas de sua autoria, também prestou uma homenagem ao centenário de Noel Rosa, autor de Feitiço da Vila. Ou seja: por si só já havia feitiço demais solto no ar.
Embora tenha citado dois sambistas brancos – Vinícius e Noel, além do próprio Cacá que é um típico caboclo mestiço brasileiro -, todos sabemos das origens africanas do nosso samba. Talvez por isso mesmo, o ritmo ícone da nossa cultura traga na sua essência, no seu DNA estético, aquele lamento como base melódica e a tristeza na poesia daqueles serem que foram tratados mercadorias escravas jogados em terras estranhas. Neste ponto, o samba e o blues se irmanam na saudação à ancestralidade, na saudade milenar que podemos capitar em cada nota, em cada fraseA isso costumamos chamar “samba de raiz”, ritmo que vem lá de Tia Ciata, mãe de santo da Praça XI quando o Rio começava a viver o processo de urbanização no início do século passado. Mas também vem do canto das velhas baianas do Recôncavo, feiticeiras que jamais deixara de saudar e cultivar seus orixás.
Cacá faz renascer entre nós, brasileiros do Centro-Oeste neste século XXI, este tipo de samba. Os que têm bons ouvidos reconhecem isso. Gosto de chamar seu estilo de compor e cantar de “pós-antigo”. A base está lá trás, nos sambistas ancestrais que sua mãe cantava para acalmar o menino endiabrado. Mas a pegada é atualíssima, com melodias elaboradas, embora a temática poética seja a eterna de todo bom samba: o eterno conflito de amor entre homens e mulheres e vice-e-versa.
Tanto isso é verdade é o compositor Eugênio Monteiro, parceiro de João Nogueira em “Nó na Madeira”, quebrou o protocolo interrompendo o show de Cacá no Feitiço para saudá-lo, colocando-o na linha evolutiva de Cartola, Nelson Cavaquinho e na “melhor tradição de Nogueira para Pereira”. Diante de tal comparação, Cacá verteu lágrimas como diria um antigo sambista da Velha Guarda da Portela. O público aplaudiu aturdido..
No seu último show, em meados de janeiro, Cacá estreou banda nova, com Vinícius Magalhães (violão 7 cordas), Pedro Molusco (cavaquinho), Bruno Patrício (sax), Thiago Viegas e Júnior Viegas (percussão e pandeiro). Ficou comprovado também que com um repertório autoral – exceção feitas as seis músicas de Noel, homenageado da noite-, esse brasiliense do Piauí, está cultivando um público próprio capaz de gostar e curtir um bom samba feito sem concessão aos modismos do pagode fácil. Nisso, Cacá é radical e muito consciente. É dele a conceituação:
“O Jô Soares um dia falou no seu programa em música pegadora, que é aquela que pega na alma do povo, a que cai no gosto popular. Ele citou inúmeros exemplos pois isso vale para toda a MPB. Mas a história do samba brasileiro, em especial, mostra que os sambas que são mais cantados pelo povo, os que ficam para sempre na memória afetiva do povo, são aqueles carregados de beleza poética, melódia e que traduzem sentimentos. O samba tem raízes sentimentais e o povo brasileiro é sentimental. A miscigenação que constituiu nossa gente gerou esse sentimentalismo que é algo muito especial e próprio. A minha música está dentro da tradição sentimental do samba brasileiro”, explicou ele.
Esse gosto pelo samba de raiz – ou “samba sentimental” - nos uniu em projetos e até algumas parcerias musicais. É certo que minha poesia carrega no humor, nas brincadeiras temáticas, nas aliterações gramaticais e até nas explosões de linguagens. Por isso, não condeno o samba paródia, a brincadeira da malandragem tão presente nos CD de Zeca Pagodinho. Mas temos de reconhecer que o último samba desse amado cantor que bateu na emoção do povo brasileiro, depois de “Deixa a Vida me levar”, foi “Verdade”, do baiano Nelson Rufino. Diante de tais fatos, me vejo também inebriado por esse conceito do poético sentimental onde a riqueza melódia faz renascer em todos nós uma nostalgia gostosa que não sabemos bem de onde vêm.
Portanto, o movimento do samba em Brasília, cidade que está segurando a peteca do poder central depois de Salvador e Rio de Janeiro, está diante de uma proposta estética que não é nova: cantar, curtir e fazer o samba de raiz encarnado de sentimentos e buscas das ancestralidades que fizeram desse ritmo uma espécie de pai-e-mãe da cultura brasileira.
De quebra, vale a pena lembrar a todos que a novela “Insensato Coração” que acaba de estrear no horário nobre da Globo, tem como música central “Coração em Desalinho”, uma obra-prima de Mauro Diniz e Ratinho, imortalizada nas vozes de Monarco da Portela, Zeca Pagodinho e agora em nova versão de Maria Rita.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Brasilíada, de Nicolas Behr, por José Castello

O escritor brasiliense Nicolas Behr dedica “Brasilíada”, seu novo livro de poemas, aos “fracassados de Brasília”. Habita uma cidade destroçada, que se desmente e diverge de seu projeto. É cáustico: dedica o livro “aos que não acreditaram, aos que desistiram, aos que não tiveram forças nem para sonhar”. Brasília, desde o início, foi um sonho. No deserto da vigília, ela desaparece.

Behr está em guerra com o presente, que lhe parece indigno de confiança e traiçoeiro. Vê Brasília, a capital do futuro, como uma Bagdá, capital devastada onde o conflito destroça o ideal. A aflição do poeta se resume em seus primeiros versos: “Brasília foi construída para ser destruída”. A queda é o preço a ser pago pelos que buscam a perfeição. Ainda adverte seus leitores: “Se você ama Brasília, não leia esse livro”.

“Brasilíada” é o relato de uma guerra. É, ainda, a narrativa, minuciosa, de uma escavação. Cavando os entulhos do presente, como um arqueólogo cego, Behr tateia em busca da cidade mágica (a Bagdá de Sherazade?), que não existe mais. Se é que algum dia existiu. Apoia-se em frágeis pegadas e relata sua aventura com firmeza, mas pudor, ciente de que sua odisseia provoca desconforto em quem lê. Mas como fazer poesia sem incluir a perturbação?
“Impossível agradar a gregos e goianos”, ele sabe, e segue em frente. Poemas não existem para agradar, mas para perfurar. Sabe Behr que seu retorno ao mito provoca decepção. “JK voltará glorioso, coberto de asfalto,/ poeira e lama”, ele vaticina. Juscelino, o fundador, ressurgirá coberto de cinzas; encontrará a cidade perfeita destroçada pelo contemporâneo. Com ela, o poeta desaparecerá outra vez. JK é o primeiro mito. “O segundo, Renato Russo. O terceiro mito sou eu”, ele se inclui, deixando claro que também não escapa.
Behr vê Brasília como o resumo das sete grandes capitais históricas: Tebas, Luxor, Atenas, Babilônia, Persépolis, Roma e Cuzco. Busca o elo invisível que ata a capital a essas sete cidades mágicas. Para encontrá-lo, deve desmontar o mundo real. “Descontruir JK./ Reconstruir Braxília”, propõe, e o S que se converte em X assinala a busca da cidade que nunca foi. Mito inalcançável, cujo lugar foi usurpado pelo humano. Poetas — e Nicolas Behr não escapa — não sabem bem o que buscam. Soubessem, e não seriam poetas, mas cientistas. De um lado, Behr faz de seu poema uma denúncia da ilusão: “Quem pensou que Brasília seria eterna, dançou”. De outro, afasta-se das exigências da realidade, para fazer da poesia o caminho do impossível — estado primeiro, que o X (como que fixado em um documento da República), vem assinalar. Nesse segundo movimento, a capital ocupa o lugar divino. Pergunta-se, como se ajoelhasse: “Que cidade é essa/ que amo/ mais do que eu?”.

Em meio ao vazio do cerrado, peregrino que atravessa um deserto, Behr vê Brasília como uma cidade vazia também, “habitada por pessoas vazias/ que circulam por avenidas vazias”. A ausência se multiplica e o livro se torna ainda mais atordoante. Como em uma narrativa de Kafka, o poeta experimenta o horror da rotina e da repetição. “Aqui estou: expediente encerrado/ papel timbrado/ burocracia infeliz”. A Brasília oficial (e real) destrói o sonho. Teimoso como um crente, Nicolas Behr se agarra à promessa de um retorno. O poeta se torna profeta.

Mas o mito está sempre a tardar. Medita Behr que, no ano de 2060, centenário da cidade imaginária, ele já terá 102 anos. Vê-se “lúcido, mas cego, surdo e mudo”. Édipo cujos sentidos entraram todos em colapso, o poeta verá apenas porque sofre. Fará do sofrimento, lucidez. Então, o tempo rasgará os restos da cidade imaginária. E o real — como um carimbo que arquiva para sempre um processo, salvando a vida do criminoso — imporá sua versão. “Nós estaremos todos mortos/ nós estaremos todos errados”. E isso, no entanto, terá sido viver.

Estranha “Ilíada”, o poema se desenrola às avessas, servindo não como relato de uma vitória, mas como funeral. Prevendo o futuro, o poeta se angustia: “Esse livro é um elogio de Brasília?/ Ou uma crítica/ à burocracia?” Incapaz de uma resposta (se dão respostas, poetas negam a poesia), Behr persevera no vazio, e dele faz sua beleza.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Programação do Verão Literatura

Pop Rock com cara e jeito piauiense: A banda Validuaté em São Paulo


O Pop Rock com cara e jeito piauiense vai estar presente no Estado de São Paulo a partir do dia 25 de janeiro. A banda Validuaté já tem três shows agendados capital Sampa e no interior do estado, com possibilidades de realizar shows também em Curitiba e na cidade do Rio de Janeiro. Para realizar a façanha, eles farão apresentação nesta sexta (14) no ‘Espaço Canteiro de Obras’ – próximo à Praça do Fripisa – e sábado (15) no Churu, a partir das 22h.

Na sexta o Validuaté divide o palco com a banda Canela de Peixe (Cover de Raimundos e Mamonas Assassinas) e no sábado a parceria do show é com o Batuque Oliveirado - Batuque Elétrico e Os Oliveira tocando repertório de Torquato Neto. Os ingressos saem pela bagatela de R$10,00.

Quaresma, o vocalista da banda, diz que os componentes estão empolgados com a turnê, já que representa uma grande oportunidade de divulgação da banda e da música piauiense. Como o Validuaté não tem patrocinador, eles vão realizar os shows em Teresina para arrecadar verbas que ajudem a custear a turnê. “Ficaremos em São Paulo do dia 25 de janeiro até 06 de fevereiro, além dos shows também procuramos pessoas e instituições que possam colaborar e nos ajudar a divulgar cada vez mais a música piauiense.”

Fonte: http://www.portalaz.com.br/noticia/arte_e_cultura/205638_validuate_faz_turne_na_capital_paulista_em_janeiro.html

Confiram o som do Validuaté:
http://www.myspace.com/validuate
http://letras.terra.com.br/validuate/

União Brasileira de Escritores - UBE faz 53 anos


Na data do aniversário, a UBE homenageia o associado mais antigo.

Foi num 17 de janeiro que um grupo de intelectuais fundiu a Sociedade Paulista de Escritores e a Associação Brasileira de Escritores. Um dos primeiros escritores a adotar a nova Casa foi o historiador Hernâni Donato, que tem o registro nº 12.

Nesta data em que a UBE relembra seu passado de combate pela Literatura e pela Cultura, e ao mesmo tempo, projeta novas realizações, fica registrada a homenagem ao associado Hernâni Donato, o mais antigo em atividade, com os cumprimentos de toda a Diretoria.

Fonte: http://www.ube.org.br/noticias-detalhe.asp?ID=227

ORQUESTRA MOSTRA MÚSICA NOVA


O 33º Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (33º Civebra) mostra os resultados do trabalho desenvolvido em tempo integral durante duas semanas. No próximo dia 21, sexta-feira, às 21 horas, acontecerá a apresentação da orquestra dirigida pelo maestro brasileiro Jorge Lisbôa Antunes, que veio da Venezuela onde vive atualmente. O espetáculo, com entrada franca, acontecerá no Teatro da Escola de Música de Brasília, na 602 Sul.

A orquestra conta com a participação de cerca de 50 jovens músicos, muitos deles integrantes da Orquestra Jovem de Contagem, Minas Gerais. O trabalho do maestro Lisbôa Antunes focalizou especialmente a música contemporânea e de vanguarda. Assim, no programa estarão incluídas obras do alemão Karlheinz Stockhausen e dos brasileiros Luis Carlos Vinholes e Jorge Antunes.

O trabalho de Lisbôa Antunes esteve voltado ao estudo das novas linguagens da música nova, não apenas para instrumentistas, mas também para jovens estudantes de regência. No concerto, o maestro partilhará a batuta com os jovens regentes. Na parte central do concerto será feita uma homenagem póstuma ao compositor e maestro Emilio Terraza, falecido sexta-feira passada, dia 14. A apresentação da obra do maestro Terraza contasurá com a participação especial do fagotista Hary Schweizer.

Serviço:
Concerto
Orquestra de Música Contemporânea do 33º Civebra
Regente: Maestro Jorge Lisbôa Antunes
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011, às 21h00
Entrada franca
Teatro da Escola de Música de Brasília
Escola de Música de Brasília, 602 Norte
Classificação etária: livre.
Programa: obras de Stockhausen, Vinholes, Jorge Antunes e Emilio Terraza.

Maestro Jorge Lisboa Antunes:Nascido em Brasília, formou-se em violino pela Escola de Música de Brasília em 1997, onde atualmente é professor desse instrumento e dirige a Orquestra Infanto-Juvenil da Escola. Como violinista, atuou como spalla da Orquestra Sinfônica da Escola de Música e fundou o Quarteto Antunes, especializado na interpretação de música brasileira para quarteto de cordas.

Antes de cursar Regência no Departamento de Música da Universidade de Brasília, cujo bacharelado concluiu em 2008, graduou-se em Ciência Política pela UnB em 1999 e também em Licenciatura Plena em Música pelo Centro Universitário de Brasília, em 2005. Em 2008 esteve em Paris regendo a OFF (Orchestre de Flûtes Français), uma orquestra de 24 flautas, quando realizou a estréia mundial de obras de Jean-Louis Petit, François Maintenant e Darius Milhaud.

Estudou regência orquestral com o Maestro Emílio César de Carvalho, além de ter realizado masterclasses com Helmuth Rilling, Ernani Aguiar e Sérgio Chnee. Atualmente é o Diretor Artístico e o Maestro Titular da Orquestra Ars Hodierna. Realizou, no ano de 2009, uma série de concertos didáticos em escolas públicas do Distrito Federal, com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), interpretando obras de Bach, Haydn, Beethoven, Mendelssohn, Stravinsky, Copland, Antunes, dentre outros.

Em 2010 realizou curso em Buenos Aires, Argentina, no Município de Lanús, sob a orientação do Maestro Sérgio Feferovich, com a Orquestra de Cordas de Lanús e o Coro em Si. Estreou obra de Eduardo Cáceres, compositor chileno, com grande sucesso de público, com o Ensemble Latinoamericano de Música Contemporánea Simón Bolívar, no XVI Festival Latinoamericano de Música, em Caracas, Venezuela, em 2010.

Atualmente realiza seus estudos de Mestrado em Regência Orquestral, na Universidad Simón Bolívar, na cidade de Caracas, Venezuela, sob a orientação do Maestro Alfredo Rugeles, com foco em música latino-americana dos séculos XX e XXI. Tem realizado masterclasses com Orquestras Juvenis do Sistema de Orquestra da Venezuela em Ciudad Bolívar, Canaima e Caracas.

Fonte: http://www.emb.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=111:maestro-jorge-antunes&catid=24:curriculos-dos-professores&Itemid=29

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quem tem medo de poesia?

Por Maria Júlia Lledó
Ela não se contenta em estar impressa em livros nem em servir de mote para questões de vestibular. Quem a conhece garante: a poesia está sempre em movimento e costuma visitar os apaixonados pela vida
Sejamos sinceros. Levante a mão quem gosta de poesia. Aposto que aqueles que fizeram cara feia, logo associaram poesia às longas estrofes declamadas de forma chata e sem sentimento algum. Ou àqueles versos memorizados a contragosto para uma prova de literatura. Professor do Centro de Ensino Paulo Freire, na Asa Norte, Jorge Amâncio observa que esse preconceito pode se formar na escola. “Se não mostramos que a poesia está em uma música, em uma visão de mundo ou em algo que podemos associar a nossa vida, fica difícil gostar dela”, acredita Amâncio, que já poetizou leis de Newton em aulas de física.

Antes mesmo dos primeiros anos na escola, já na infância, a poesia tem um papel fundamental. Poeta e autora do recém-lançado livro infantil Classificados e nem tanto (Ed. Galerinha Record), Marina Colasanti encontrou poesia, quando criança, nas histórias em quadrinhos do jornal italiano Il Corriere Dei Piccoli, época em que morou na Itália com os pais. Nos balões de conversa dos personagens, versos divertidos encantaram Marina. Foi aí que ela tomou gosto e começou a escrever os próprios poemas. “Para as crianças, a poesia é um jogo verbal extremamente divertido, é parente da música. Pode-se e deve-se oferecer poesia às crianças desde muito pequenas, enfronhadas que estão na linguagem simbólica”, defende.
Arte de escrever em verso. Inspiração. Aquilo que desperta o sentimento do belo, ou “abridor de latas da realidade”, como já disse a poeta e filósofa Viviane Mosé, o conceito de poesia vai além das definições de livros. Vencedor do Prêmio Rainha Sofia de Poesia de 2010, o poeta espanhol Francisco Brines, disse em entrevista ao jornal El País, assim que recebeu a homenagem, que a poesia não só educa a sensibilidade de uma pessoa como incute a tolerância na sociedade. Isso porque, na opinião do autor de 78 anos, a poesia auxilia as pessoas no processo de autoconhecimento. “Quando escrevo me sinto pleno, realizado. E ainda me surpreendo, porque isso ajuda a me encontrar, sem nenhuma necessidade de desenhar um autorretrato.”
Outros artistas compartilham da opinião do poeta espanhol. E por que não dizer que jornaleiros, engraxates, pipoqueiros, bancários, estudantes e tantos outros curiosos também adotaram a poesia como meio de entender si mesmos e o mundo? São homens e mulheres que veem algo de especial no dia a dia. Como fez o poeta Carlos Drummond de Andrade ao dar um novo significado à pedra no meio do caminho.
Atentos à poesia que há no cotidiano, conversamos sobre verso e pipoca com as atrizes Manuela Castelo Branco e Tatiana Carvalhedo. Também vimos a contribuição da sétima arte para o tema com a cineasta Danyella Proença e discutimos o papel do espaço público com a poeta Marina Mara. Sobre a importância da poesia na escola, ouvimos o diretor do Centro de Ensino Fundamental nº 8 do Gama, Fernando Freire.
Deixemos, então, de lado qualquer sombra de repetições ao estilo “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão”. Chegou a hora e a vez da poesia-conversa. Daquela com gostinho de feita na hora, saída do forno, pronta para ser degustada.

Manuela Castelo Branco, Tatiana Carvalhedo e Marcelo Nenevê botam mais milho na panela das ideias
Manoel de Barros tem sabor de alecrim. Quer dizer, esse é o gosto da pipoca que leva o nome desse poeta apaixonado pela natureza e pelas miudezas. No carrinho do Pipocando poesia também pode-se provar um tantinho de Ferreira Ferreira Gullar, de Adélia Prado, de Hilda Hilst — doces ou salgados. O projeto ambulante das atrizes Manuela Castelo Branco, 34 anos, e Tatiana Carvalhedo, 33, junta a fome com a vontade de poetizar. “O principal objetivo do carrinho é este: desfazer o equívoco de que poesia é coisa erudita. Foi aí que, desde janeiro, colocamos a poesia para pipocar na rua”, explica Manuela, também conhecida no picadeiro como a palhaça Matusquela.
A arte de interpretar textos e de fazer poemas já acompanhava a trupe, mas o ofício de pipoqueiro foi aprendido com mestres da cidade. Entre eles, Jeová, Raimundinho e Amâncio — este último, um verdadeiro patrimônio do Teatro Nacional, onde faz ponto há décadas. Quando as atrizes falavam para eles sobre o projeto, torciam o nariz. Não achavam que poesia tinha a ver com pipoca, mas logo mudaram de ideia. “Meu delírio é que todo pipoqueiro de Brasília saiba falar um poema ou que todo saquinho de pipoca tenha um poema. Se ao chegar em Salvador, temos o acarajé, aqui poderíamos ter o saquinho de pipoca com poesia”, sonha alto Manuela.
Ao percorrer espaços públicos, praças, escolas, feiras de livro, festivais de teatro, lá vai o carrinho empurrado pelas atrizes e pelo novo ajudante, também poeta, Marcelo Nenevê, 26. “Olha a pipoca, olha o pipoqueiro, olha a pipoca, tem de doce e tem de sal… olha o pipoqueiro”, cantam para atrair atenção do público. Quem se aproxima para pedir o sabor, leva um verso como oferta da casa. “As pessoas vão entrando na brincadeira e interagindo. As crianças foram a maior surpresa, mas nosso público não tem uma faixa etária específica”, observa Tatiana.
E tem mais: o cliente que declamar um verso ganha desconto. O resultado? A gostosa experiência de misturar poesia com o desejo de devorar um saquinho de pipoca. “Com o Pipocando, sentimos que o gosto pela poesia é uma questão de estímulo. Quem tem medo de poesia não a conhece nem provou seu sabor”, brinca Tatiana.
Alguns poetas e seus sabores
Hilda Hilst - Bacon
Adélia Prado - Rosa
Manoel de Barros - Alecrim
Elisa Lucinda - Chocolate e gengibre
Clarice Lispector - Curry e pimenta
Carlos Drummond de Andrade - Queijo
Ferreira Gullar - Sal tradicional
Cora Coralina - Doce tradicional

Lucidez de Navalha: a poesia completa de Diulinda Garcia


Por Rogério Salgado*

Em novembro de 2010, convidado como palestrante do I Encontro Nacional de Escritores da Paraíba, realizado pela UBE\PB, encontrei no espaço dos livros, um título que me chamou a atenção: Lucidez de Navalha (Grupo editorial Scortecci) de Diulinda Garcia, o qual ao folheá-lo, descobri uma poesia madura e consistente . manifestei o interesse em conhecer a autora, entregar-lhe um exemplar do meu livro e solicitar-lhe um exemplar do seu. Mas a autora não estava presente, o que deixou-me frustrado. No encerramento do evento, para minha alegria, recebi de presente da escritora Maria do Socorro Xavier, justamente um exempar do referido livro.

Difícil dizer qual melhor poema do livro. Diulinda escreve com a mesma destreza dos grandes poetas de renome. Como Mário Quintana, também sabe poetar sobre objetos tão comuns, quando escreve: "Cor de flama\e de chama\meu inesquecível suéter.\Feito pra mim\vermelho carmim,\por mãos generosas...\Hábeis mãos\tão amáveis." Sabe usar metáforas geniais, tais como: "Havia em si\algo indefinível...\Uma visível poeira de fadiga,\(...)" Fala da vida com consciência poética: "Talvez te surpreenda\a alegria atrevida\dos pardais,\Fugazes,\banais,\mas alegres pardais." Sabe ser simples, sem ser simplesca: "Lembro-me bem\das noites de Lua cheia,\que me deixavam encantada\a ler poemas alheios\e a compor versos ateus,\pensando eu\ser poeta." Sabe dizer verdades, sem ser excessivamente agressiva: "Vejo-me em ti,\tal como eu era.\Dentro em breve,\serás como eu sou agora." E consegue um feito raríssimo que é ser amorosa sem ser piegas: "(...)\Quando eu te encontrei,\as vozes que o vento soprava\nunca falavam de adeus\diante dos sonhos teus." Sua poesia também é critica, com a seriedade de quem pensa o que deseja dizer; "Os delitos são esquecidos,\engavetados\e prescrevem sob a lei,\que protege a impunidade.\A verdade se esconde\nos salões periféricos do poder,\onde são manipulados\e banalizados os fatos." Mesmo quando é realista, sabe ser lírica: "(...)\O aquecimento global\se concretiza\e as geleiras em pranto\se desmancham." Quando romântica, usa de beleza nas entrelinhas: "Como num romance\eu disse adeus.\deixei o passado ausente.\Presente apenas,\atrás das cortinas fechadas\e das palavras silenciadas.\Como no cinema,\escrevi cartas às centenas,\mas você nunca as quis ler." Sendo uma grande poeta que é, sabe de suas limitações: "Talvez seja frustrante para mim\admitir\que não consigo desenhar\um arco-íris,\tal qual vi\na minha infância." Mas acima de tudo, é autêntica: "(...)\Terei no entanto,\incontáveis emoções\cantadas em tantas canções,\pranteadas em muitas despedidas\e contadas nos poemas que escrevi,\por tudo que inventei\e que vivi." Uma construção simbólica perfeita, encontramos em suas palavras ao dizer: "Li a dor da tua alegria,\(...). E por fim, revisita versos de Orestes Barbosa em música de Sílvio Caldas, quando escreve: "(...)\tropeçavas em meus versos distraído\(...).

Diulinda Garcia é natural do Rio Grande do Norte. É formada em Letras pela Universidade federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É poeta, pesquisadora e membro da Academia Feminina de Letras e do Memorial da Mulher - Natal\RN, da União Brasileira de Escritores (UBE\RN). Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista da equipe de planejamento da Secretaria Municipal de Educação de Natal\RN. Exerceu na mesma instituição, o cargo de Chefe de Gabinete. Foi membro do Comitê Técnico Educacional da delegacia do MEC no Rio Grande do Norte e secretaria de Planejamento em Macaíba\RN. Publicou as obras poéticas: Caminho do invisível (2006) e abstração (2008). Participou de várias antologias, dentre as quais: Primeira Coletânea Poetas Del Mundo - em Poesia (2008).

Diulinda Garcia é, antes de tudo, uma poeta completa e perfeita naquilo que se propõe, que é escrever poemas da melhor qualidade, comparável as melhores poetas contemporâneas deste Brasil.

Visitem o site: www.diulindagarcia.com - Contatos com autora: diulindagarcia@yahoo.com.br

*Poeta. Em 36 anos de carreira poética, publicou mais de 20 livros. poetarogeriosalgado@yahoo.com.br


LUCIDEZ DE NAVALHA / Diulinda Garcia

Faço neste livro uma excursão pelas trilhas da vida, onde encontro sob as folhas secas do caminho, lembranças abandonadas ao longo do tempo, fatos, vivências, emoções... Constato que continuo à procura de fragmentos que esbarraram no solo da existência, expostos aos verões, à chuva e à ventania e com eles rabisco e dou forma a minha paisagem poética.

O cuidado que dedico à contextura de cada palavra, de cada verso, sublinhados pela precisão do que descobre o olhar atento de um poeta, é como transformar a crueza do cotidiano em lirismo. É a construção de uma poesia espontânea, livre, onde se fazem presentes poucas, mas profundas e legítimas emoções.

Em Lucidez de Navalha, a realidade é pinçada com recursos poéticos, porém exposta de uma forma contundente, sendo as palavras desnudas para mostrar a preocupação e a insatisfação frente ao painel de injustas condições sociais legitimadas por fatos que nos levam à "volúpia irreprimida da indignação."
Diulinda Garcia

Diulinda Garcia é natural do Rio Grande do Norte e reside em Natal. É formada em LETRAS pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É poeta, pesquisadora e membro da Academia Feminina de Letras e do Memorial da Mulher – Natal/RN, da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte (UBERN). Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura, Especialista da equipe de planejamento da Secretaria Municipal de Educação de Natal/RN. Exerceu, na mesma Instituição, o cargo de Chefe de Gabinete. Foi membro do Comitê Técnico Educacional da Delegacia do MEC no Rio Grande do Norte e Secretária de Planejamento em Macaíba/RN. Publicou as obras poéticas: *Caminho do Invisível (2006) e *Abstração (2008). Participou de várias Antologias, dentre as quais: *Primeira Coletânea Poetas Del Mundo - em Poesia (2008).

Livro destaca a maioridade poética de Diulinda Garcia
Valério Mesquita*

Agrada-me essa forma transversa que caracteriza "Lucidez de Navalha", suficientemente sutil para sugerir sem nomear e mesmo assim transitar entre o lirismo, a ternura e a emoção, além da perplexidade e indignação reveladas diante das vicissitudes contemporâneas. Nesse aspecto, a poesia de Diulinda se afina com o que há de mais atual na poesia feminina do nosso Estado: Diva Cunha, Marize Castro e Carmem Vasconcelos, entre outras que ajudam a transformar e a renovar o nosso universo poético. Diulinda une o realismo ao subjetivismo. A sua poesia tem essa origem e mostra-se agora mais afirmativa e autoconfiante, fruto do amadurecimento de sua sensibilidade de mulher atenta às mudanças de seu tempo. Lendo essa poesia de voo largo, compreendemos porque a poesia é essencial.
*Da Academia Norte-Riograndense de Letras.

Serviço:
Lucidez de Navalha
Diulinda Garcia
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-1836-4
Formato 14 X 21 cm
80 páginas
1ª edição - 2010

http://www.scortecci.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=6283

Verão Literatura, no CONIC - Brasília - DF

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Música Contemporânea no 33º CIVEBRA - Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília

O 33º Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (33º CIVEBRA) será realizado de 9 a 22 de janeiro. Uma novidade é anunciada: a formação de uma Orquestra Experimental de Repertório Contemporâneo. Para dirigir essa orquestra está confirmada a vinda, da Venezuela, do maestro brasileiro Jorge Lisbôa Antunes. A orquestra será o laboratório da disciplina Teoria e Prática da Música Contemporânea, que estará aberta a regentes e instrumentistas. Músicos de todos os instrumentos dos naipes das madeiras, dos metais, da percussão e das cordas formarão a clientela do curso. Haverá também 5 vagas para estudantes de regência e 2 vagas para pianistas. O maestro Jorge Lisbôa Antunes abordará as linguagens da música contemporânea e de vanguarda, na intenção de introduzir jovens regentes e instrumentistas nas seguintes atividades:

* Leitura de música contemporânea;
* Análise de música contemporânea;
* Interpretação de música contemporânea;
* Novas notações musicais;
* Criatividade e improvisação controlada;
* Introdução aos novos comportamentos sonoros.

Para tanto, o repertório básico será constituido de obras de Igor Stravinsky, Eduardo Cáceres, Jorge Antunes, Terry Riley, Tomás Marco e outros.

Piauiense estréia em peça da consagrada diretora Ana Nero


31/12/2010 às 10:32h

O piauiense José Reis Neto, estudante de jornalismo da Universidade de Brasília (Unb), é um dos integrantes do grupo que encena o espetáculo "Mais uma dose para consumir em alguma noite de insônia", texto da consagrada diretora Ana Nero. "Para contar a história, inédita, de Luísa Bukovski, mulher que vaga pela noite em busca de prazeres efêmeros e vive um romance com o Jovem Werther, ela convidou o diretor Ernani Sanchez. Para viver o jovem amante, a atriz fez um teste para atores interessados e, o escolhido foi o ator piauiense José Reis, de 18 anos. “Além de corresponder às necessidades físicas do personagem, ele tem conhecimentos de dança, domínio corporal, verdade, personalidade forte e carisma”, contou Ana Nero.

Fonte: http://180graus.com/piaui-no-df---vitrine/piauiense-estreia-em-peca-da-consagrada-diretora-ana-nero-390022.html
 
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