terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lucidez de Navalha: a poesia completa de Diulinda Garcia


Por Rogério Salgado*

Em novembro de 2010, convidado como palestrante do I Encontro Nacional de Escritores da Paraíba, realizado pela UBE\PB, encontrei no espaço dos livros, um título que me chamou a atenção: Lucidez de Navalha (Grupo editorial Scortecci) de Diulinda Garcia, o qual ao folheá-lo, descobri uma poesia madura e consistente . manifestei o interesse em conhecer a autora, entregar-lhe um exemplar do meu livro e solicitar-lhe um exemplar do seu. Mas a autora não estava presente, o que deixou-me frustrado. No encerramento do evento, para minha alegria, recebi de presente da escritora Maria do Socorro Xavier, justamente um exempar do referido livro.

Difícil dizer qual melhor poema do livro. Diulinda escreve com a mesma destreza dos grandes poetas de renome. Como Mário Quintana, também sabe poetar sobre objetos tão comuns, quando escreve: "Cor de flama\e de chama\meu inesquecível suéter.\Feito pra mim\vermelho carmim,\por mãos generosas...\Hábeis mãos\tão amáveis." Sabe usar metáforas geniais, tais como: "Havia em si\algo indefinível...\Uma visível poeira de fadiga,\(...)" Fala da vida com consciência poética: "Talvez te surpreenda\a alegria atrevida\dos pardais,\Fugazes,\banais,\mas alegres pardais." Sabe ser simples, sem ser simplesca: "Lembro-me bem\das noites de Lua cheia,\que me deixavam encantada\a ler poemas alheios\e a compor versos ateus,\pensando eu\ser poeta." Sabe dizer verdades, sem ser excessivamente agressiva: "Vejo-me em ti,\tal como eu era.\Dentro em breve,\serás como eu sou agora." E consegue um feito raríssimo que é ser amorosa sem ser piegas: "(...)\Quando eu te encontrei,\as vozes que o vento soprava\nunca falavam de adeus\diante dos sonhos teus." Sua poesia também é critica, com a seriedade de quem pensa o que deseja dizer; "Os delitos são esquecidos,\engavetados\e prescrevem sob a lei,\que protege a impunidade.\A verdade se esconde\nos salões periféricos do poder,\onde são manipulados\e banalizados os fatos." Mesmo quando é realista, sabe ser lírica: "(...)\O aquecimento global\se concretiza\e as geleiras em pranto\se desmancham." Quando romântica, usa de beleza nas entrelinhas: "Como num romance\eu disse adeus.\deixei o passado ausente.\Presente apenas,\atrás das cortinas fechadas\e das palavras silenciadas.\Como no cinema,\escrevi cartas às centenas,\mas você nunca as quis ler." Sendo uma grande poeta que é, sabe de suas limitações: "Talvez seja frustrante para mim\admitir\que não consigo desenhar\um arco-íris,\tal qual vi\na minha infância." Mas acima de tudo, é autêntica: "(...)\Terei no entanto,\incontáveis emoções\cantadas em tantas canções,\pranteadas em muitas despedidas\e contadas nos poemas que escrevi,\por tudo que inventei\e que vivi." Uma construção simbólica perfeita, encontramos em suas palavras ao dizer: "Li a dor da tua alegria,\(...). E por fim, revisita versos de Orestes Barbosa em música de Sílvio Caldas, quando escreve: "(...)\tropeçavas em meus versos distraído\(...).

Diulinda Garcia é natural do Rio Grande do Norte. É formada em Letras pela Universidade federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É poeta, pesquisadora e membro da Academia Feminina de Letras e do Memorial da Mulher - Natal\RN, da União Brasileira de Escritores (UBE\RN). Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista da equipe de planejamento da Secretaria Municipal de Educação de Natal\RN. Exerceu na mesma instituição, o cargo de Chefe de Gabinete. Foi membro do Comitê Técnico Educacional da delegacia do MEC no Rio Grande do Norte e secretaria de Planejamento em Macaíba\RN. Publicou as obras poéticas: Caminho do invisível (2006) e abstração (2008). Participou de várias antologias, dentre as quais: Primeira Coletânea Poetas Del Mundo - em Poesia (2008).

Diulinda Garcia é, antes de tudo, uma poeta completa e perfeita naquilo que se propõe, que é escrever poemas da melhor qualidade, comparável as melhores poetas contemporâneas deste Brasil.

Visitem o site: www.diulindagarcia.com - Contatos com autora: diulindagarcia@yahoo.com.br

*Poeta. Em 36 anos de carreira poética, publicou mais de 20 livros. poetarogeriosalgado@yahoo.com.br


LUCIDEZ DE NAVALHA / Diulinda Garcia

Faço neste livro uma excursão pelas trilhas da vida, onde encontro sob as folhas secas do caminho, lembranças abandonadas ao longo do tempo, fatos, vivências, emoções... Constato que continuo à procura de fragmentos que esbarraram no solo da existência, expostos aos verões, à chuva e à ventania e com eles rabisco e dou forma a minha paisagem poética.

O cuidado que dedico à contextura de cada palavra, de cada verso, sublinhados pela precisão do que descobre o olhar atento de um poeta, é como transformar a crueza do cotidiano em lirismo. É a construção de uma poesia espontânea, livre, onde se fazem presentes poucas, mas profundas e legítimas emoções.

Em Lucidez de Navalha, a realidade é pinçada com recursos poéticos, porém exposta de uma forma contundente, sendo as palavras desnudas para mostrar a preocupação e a insatisfação frente ao painel de injustas condições sociais legitimadas por fatos que nos levam à "volúpia irreprimida da indignação."
Diulinda Garcia

Diulinda Garcia é natural do Rio Grande do Norte e reside em Natal. É formada em LETRAS pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É poeta, pesquisadora e membro da Academia Feminina de Letras e do Memorial da Mulher – Natal/RN, da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte (UBERN). Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura, Especialista da equipe de planejamento da Secretaria Municipal de Educação de Natal/RN. Exerceu, na mesma Instituição, o cargo de Chefe de Gabinete. Foi membro do Comitê Técnico Educacional da Delegacia do MEC no Rio Grande do Norte e Secretária de Planejamento em Macaíba/RN. Publicou as obras poéticas: *Caminho do Invisível (2006) e *Abstração (2008). Participou de várias Antologias, dentre as quais: *Primeira Coletânea Poetas Del Mundo - em Poesia (2008).

Livro destaca a maioridade poética de Diulinda Garcia
Valério Mesquita*

Agrada-me essa forma transversa que caracteriza "Lucidez de Navalha", suficientemente sutil para sugerir sem nomear e mesmo assim transitar entre o lirismo, a ternura e a emoção, além da perplexidade e indignação reveladas diante das vicissitudes contemporâneas. Nesse aspecto, a poesia de Diulinda se afina com o que há de mais atual na poesia feminina do nosso Estado: Diva Cunha, Marize Castro e Carmem Vasconcelos, entre outras que ajudam a transformar e a renovar o nosso universo poético. Diulinda une o realismo ao subjetivismo. A sua poesia tem essa origem e mostra-se agora mais afirmativa e autoconfiante, fruto do amadurecimento de sua sensibilidade de mulher atenta às mudanças de seu tempo. Lendo essa poesia de voo largo, compreendemos porque a poesia é essencial.
*Da Academia Norte-Riograndense de Letras.

Serviço:
Lucidez de Navalha
Diulinda Garcia
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-1836-4
Formato 14 X 21 cm
80 páginas
1ª edição - 2010

http://www.scortecci.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=6283

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