No romance A cor púrpura, as irmãs Celie e Nettie são
separadas na adolescência por um pai brutal. A cena acontece na Geórgia dos
anos 1930. A trajetória da família — pobre e negra na região mais racista e
conservadora dos Estados Unidos da época — foi inventada pela escritora Alice
Walker em 1982 e levada às telas por Steven Spielberg três anos depois. O
romance recebeu o Prêmio Pulitzer e transformou a escritora em ícone do
feminismo e da luta pelos direitos humanos nos EUA.
Alice nasceu na Geórgia, em 1944. Na época, a segregação
racial ditava as regras. Negros ficavam confinados em minúsculos espaços nas
traseiras dos ônibus e não podiam frequentar livremente a maioria dos
estabelecimentos, inclusive as escolas. Nos anos 1960, casamentos inter-raciais
eram proibidos, mas Alice trocou alianças com Mel Leventhal, um advogado judeu
e branco. Os Estados Unidos de hoje são bem diferentes daqueles experimentados
na juventude, mas Alice continua insatisfeita. Ela lamenta as guerras e ainda
enxerga segregação em uma sociedade na qual negros e índios são os mais pobres.
Também faz parte da luta a preservação do meio ambiente. Nunca esteve no Brasil
e está curiosa para ver a mistura racial da qual tanto ouviu falar. Espera ter
uma ideia do que é isso em abril, quando desembarcar na capital do país para a
1ª Bienal Brasília do Livro e da Leitura.
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