Sob
o impacto do filme – e da memória, que testemunhou fatos registrados no
documentário – nosso colaborador, Luiz Chagas, escreve sobre Tropicália, de
Marcelo Machado
O crucial é que mostra a trajetória da Tropicália. Um grupo
de músicos baianos que despertou a atenção de intelectuais (o próprio nome do
movimento veio de artes plásticas, de Hélio Oiticica). Temos Zé Celso, Augusto
de Campos, Décio Pignatari e Glauber Rocha (que não queria nem saber, mas
comentou). Uma ideia surgida na cabeça de Bethania que logo caiu fora. Um
segundo momento em que eles viram o assunto principal, o casamento de Caetano,
os hippies, o som universal, a TV, a TV gerando a paranoia de Gil com a
repressão. E vem a notoriedade que os coloca ao mesmo tempo como inimigos do
sistema e inimigos dos inimigos do sistema. Até Tom Zé fala da ousadia de
Caetano, um menino que mal havia gravado um disco, berrando a plenos pulmões
para a ‘esquerda’ universitária: “Vocês não entendem nada!!!”. Aí, já não havia
mais Tropicália. Seguem-se a prisão, o confinamento, o exílio. O filme termina
com a volta dos dois – e lá estava eu de novo sob o sol da Bahia, verão de 1972.
Assisti ao show Transa no Castro Alves. Macalé, Áureo, Tutty,
Moacir, Lanny!
A Tropicália foi mais veloz ainda que os Beatles e tem uma
duração e um impacto semelhantes, guardadas as devidas proporções. Foram cinco
anos de trabalho para se chegar a esse filme. É para assistir, se emocionar,
levar os filhos e os amiguinhos deles e explicar tudo depois.
Divino-Maravilhoso! E tudo isso aconteceu aqui no Brasil.
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