Sei que hoje
vários casais têm filhos cedo, se casam muitas vezes por emoção sem a devida
maturação da relação, separam com rapidez e não têm com quem deixar os filhos.
Sei que o mundo é livre na sua totalidade, hoje tudo é aceito, nada deve ser
questionado, se questionamos somos antiquados, se antiquados criticados. Os
psicologos pregam a liberdade na criação dos filhos em todos os sentidos. Mas,
quero refletir sobre o que vi no show do Hermeto Pascoal na Sala Vila Lobos no
Teatro Nacional e no espetáculo independente alternativo Poemação organizado
por Marcos Freitas e Jorge Amâncio.
A música de
Hermeto Pascoal não é uma música de fácil assimilação. Hermeto trafega pelo som
tonal e atonal e é um músico de um público seleto, erudito, que exige silêncio
em suas apresentações, que querem escutar sequencias harmônica incríveis,
linhas melódicas inigualáveis e uma aula ímpar de ritmos. No recente com o
patrocínio da Petrobras, o teatro estava lotado. Logicamente muitos ingressos
foram distribuídos pela empresa como cortesia e outros tantos adquiridos por
estudiosos de música. Sentei na minha cadeira ao entrar e tres cadeiras depois
uma criança dormia no colo da mãe profundamente. Entrei faltando cinco minutos
para o início do espetáculo e as pessoas que chegaram depois fizeram com que eu
levantasse para dar passagem o que fiz com toda educação, mas, a mãe com a
criança no colo não levantava e se a cadeira era depois dela a pessoa tinha que
ir por trás da fileira, que por sorte era a “z”, última da sala vila-lobos em
Brasília, para setnar na cadeira adquirida. Achei isso uma tremenda falta de
cortesia e ao começar o espetáculo notei que a criança se incomodou com o som
de Hermeto e os pais acabaram indo embora uma hora antes do final do
espetáculo. Outra criança sobia e descia as escadas fazendo um barulho ímpar
para os queriam silêncio no espetáculo e isso me causou espécie.
Antes do
show do Hermeto fui ao Poemação, espetáculo poético coordenado e organizado por
Jorge Amâncio e Marcos Freitas onde tres quartos do espetáculo são de poemas
lidos e declamados, bem como, leitura de biografias e etc. Uma criança fez sons
diversos, subindo inclusive ao palco e como a mãe é que estava passando em
determinado momento o power point o espetáculo ficou prejudicado.
Será que estou
errado ao interpretar que cada lugar tem um ritual. Um espetáculo noturno nos
moldes do show do Hermeto Pascoal e do Poemação não pode ter crianças.
Obviamente fico triste em escrever tal artigo pois, a formação cultural
infantil é motivo de reflexões diversas por parte de minha pessoa. Inclusive
sugiro aos pais que para enriquecer e engrandecer a cultura da criança, a mesma
pode assistir tais espetáculos via dvd, adquira o dvd do Hermeto ou faça ela
assistir seu som no You Tube. O teatro com espetáculos dessa linha não são o
local apropriado para o crescimento cultural de uma criança pois, pessoas como
eu saem prejudicadas ao querer ouvir a exatidão e magia das palavras, no caso
do Poemação, e dos sons e dos tons no caso do Hermeto.
Peço uma
reflexão pois, não tenho mais vontade de assistir espetáculos ao vivo por estes
e outros motivos. O Brasil, bem como, os artistas merecem cada vez mais um
público maior pagante para que a arte possa se desenvolver e dê o sustento dos
que dela vivem. Se a peça é uma peça infantil, ótimo, ali é o local ideal para
crianças mas, se um espetáculo que possue um público que necessita de silêncio
para perceber o espetáculo, creio que este público está sendo vilipendiado em
seu direito de curtir com profundidade os shows.
Espero não
estar errado, nem estar sendo retrogado nesta avaliação mas, senti vontade de
escrever essa breve reflexão sobre o tema para que possa tocar o coração de
todos. Cada local tem seu ritual. Pense nisso.
Anand Rao
Jornalista,
Músico e Poeta
anandrao477@gmail.com
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