Um dos fundadores do Pacotão, o jornalista Wilson Miranda, o Brother, faleceu nessa quarta-feira. Amigos exaltam a personalidade irreverente, solidária e engajada desse ícone da cena cultural e política de Brasília
Débora Cronemberger - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Débora Cronemberger - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Um legado de alegria, irreverência e contestação. Essa é a avaliação que amigos fazem sobre a maior herança que o carioca Wilson Miranda, conhecido como Brother, deixa para Brasília. Brother, que se formou pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília em 1977 e foi um dos fundadores do bloco de carnaval Pacotão em 1978, faleceu nessa quarta-feira, 25, aos 60 anos, em decorrência de câncer na garganta.
O diretor da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB, David Renault, ficou amigo de Brother durante o curso de Jornalismo, que fizeram juntos no começo dos anos 1970. “Brasília era uma cidade muito pobre do ponto de vista cultural nessa época. O Brother foi agitador cultural desde sempre e contribuiu para aproximar diversas áreas da cidade nesse sentido. Era uma pessoa muito querida”, afirmou. Renault ressaltou a participação ativa de Brother na escola de samba Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc). “Ele levou a bateria da Aruc ao Pacotão, que era muito mambembe no início. Essa participação da Aruc virou uma tradição no bloco”, contou.
Os professores da FAC Luiz Martins e Paulo José Cunha também destacaram a personalidade agregadora e a importância da trajetória de Brother para a cena cultural e política da cidade. “Uma coisa engraçada é que o nome dele, Wilson, acabou se tornando um apelido. O apelido, Brother, virou o nome. E é isso mesmo, ele era um irmão para todo mundo”, destacou Luiz Martins. Segundo ele, Brother era o retrato de “uma geração paradoxal, caracterizada por uma mistura de alegria com amargura”. “Essa mistura dá em alegoria e o Pacotão foi o símbolo disso”, acrescentou.
Paulo José, também um dos fundadores do Pacotão, diz que Brother foi uma das pessoas mais carinhosas que ele conheceu. “A marca que ele deixa na cidade é um sorriso inesquecível”, disse. O Pacotão foi criado em plena ditadura militar, durante o governo do general Ernesto Geisel, um ano após o lançamento do chamado “Pacote de Abril”, que modificou as normas eleitorais do país. Veja aqui matéria sobre a história do bloco.
O assessor de comunicação da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos da UnB (Finatec), Zanoni Antunes, conheceu Brother há cerca de 30 anos e destacou o engajamento que marcou a vida do amigo. “Ele sempre foi engajado no movimento negro, na contestação política, na vida cultural da cidade. A melhor homenagem que podemos fazer a ele é o reconhecimento da grande lacuna que ele deixa”, destacou.
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