sexta-feira, 12 de março de 2010

B.B. King Continua Com o Pé na Estrada

Publicado por Expedienteem 1 de março, 2010
B.B. King, nova turnê passa por outros paises da América Latina.
A lenda viva do blues volta ao Brasil para fazer shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília (DF).
Por: Redação
Alguns anos atrás B.B. King declarou que iria parar com as turnês internacionais. Na época, fazia a sua The Farewell World Tour, também apresentado em Brasília (DF).
Mas o bluesman mudou de ideia, ainda bem. E anuncia uma nova turnê, com escala no Brasil, para alegria dos que amam o seu toque genial de guitarra e inconfundível voz do cantor de blues.

Aos 84 anos, B.B. King, o último pioneiro vivo do blues, considerada uma lenda viva da música universal, volta ao Brasil. Ele vai realizar shows no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília (DF).
No Rio de Janeiro, a apresentação de B. B. King será no 16 de março. Os preços dos ingressos vão de R$ 120 até R$ 500. Em São Paulo, nos dias 19 e 20 de março. Os ingressos em SP vão de R$ 110 a R$ 600. E em Brasília (DF), no dia 22 de março. Leia os preços dos ingressos no serviço.
Mais informação: no Rio de Janeiro, fone (21) 2272.2940. www.vivorio.com.br e em São Paulo, fone: (11) 3089.6999. www.viafunchal.com.br


Compositor lendário
Do Distrito Federal o bluesman viaja para novas apresentações na Argentina, onde se apresentará em Buenos Aires no dia 25 de março. De lá, voa para o Chile, onde fará show na capital, Santiago do Chile, no dia 27 de março.
B. B. King não toca mais de pé, o peso da idade lhe tirou esse gesto, comum aos também aos bluesmans. Mas o lendário compositor é como vinho, quanto mais velho melhor. Por isso, não perdeu nada da perícia ao seu instrumento de trabalho, a guitarra.
B. B. King é testemunha ocular da história da música universal. Na década de 1960, por exemplo, com a explosão do rock e do movimento hippie, grande parcela dos jovens negros rejeitaram o blues como música dos tempos de escravidão.

Platéias brancas
B. B. King foi descartado por essa platéia. E passou a tocar para platéias de brancos. À época, afirmou: “Para mim, racismo não se combate com violência, mas com trabalho e educação”.
Como o tempo tem respostas para tudo, os modismos passam, mas a verdadeira arte continua. B. B. King prosseguiu sua saga, construindo sua história, sua lenda.
Do século XX, entrou no século XXI. Hoje, aos 84 anos, sofre de diabetes há mais de duas décadas, é hipertenso, não gosta de ginástica. Nos últimos anos, o excesso de peso lhe trouxe problemas no joelho, que o obrigam a tocar sentado.
Porém, a saúde minada pelo diabetes não lhe tirou o prazer de subir ao palco, nem de viajar pelo mundo, para eletrizar platéias. Não faz mais 100 apresentações por ano, ritmo que imprimiu até o final da década de 1990, quando fez até três shows em Brasília, em menos de um ano.
De um saguão para outro
Na segunda quinzena de março, desembarca no Brasil para shows no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília. “Há uma atividade física que não abandono, andar de um saguão do aeroporto para outro”, confessa, com as cordas vocais cansadas pelo peso da idade. Como diria a jornalista Maria do Rosário Caetano, essas novas apresentações do compositor no Brasil são imperdíveis.
B. B. King criou um estilo próprio, com staccati e vi-bratos delicados, que nos anos 50 foram assimilados por artistas de rock. Sua música resiste ao tempo. Influenciou artistas como Keith Richards e Eric Clapton, que na década seguinte conquistaram as paradas de sucesso americanas.
B. B. King é o último pioneiro vivo do blues. Hoje, do alto dos seus 84 anos, pode olhar o passado pelo retrovisor do tempo. Aquele menino batizado Riley, que nasceu nos arredores de Indianola, cidade do estado americano de Mississippi, em 16 de setembro de 1925, é um vencedor.

Nos campos de algodão
Quando completou 4 anos, seus pais se separaram e King foi morar com a mãe e a avó. Aos 10 anos, trabalhava nos campos de algodão. Ganhava 35 centavos de dólar por dia. Nas plantações, ouvia os cantos entoados pelos catadores, que estão na raiz do blues.
Uma das tias do compositor possuía um fonógrafo. Sua maior diversão passou a ser escutar os discos de Blind Lemon Jefferson e Mississippi John Hurt. Ele comprou sua primeira guitarra aos 12 anos.
“Era acústica porque não havia eletricidade na minha casa”, revelou. Em 1946, mudou-se para Memphis decidido a se tornar músico e, três anos depois, era um artista em ascensão. Adotou o nome artístico de B.B. King: o B.B. quer dizer Blues Boy.
De acordo com os estudiosos, de todos os gêneros de música negra que floresceram no começo do século XX nos Estados Unidos, o blues foi o mais marcado pela memória da escravidão.

Espírito livre
O jazz tinha um espírito de liberdade e desafio (traduzido na improvisação), o rhythm’n’blues exaltava a sexualidade e o soul era celebratório. Mas o blues – palavra que em inglês quer dizer “tristeza” – remetia à vida nas senzalas ou à miséria dos negros no período posterior à abolição nos EUA.
Quando o movimento dos direitos civis ganhou força nos Estados Unidos, em meados do século XX, os jovens negros passaram a rejeitar esse tipo de música. “King então se voltou para a América branca. Ele apresentou o blues a esse público”, explica Peter Guralnick, historiador e crítico musical.
O fato de tocar para brancos lhe rendeu apelidos como “Pai Tomás” (em alusão à figura do negro dócil, eternizado no livro da escritora Harriet Beecher Stowe), que foi transformado em novela de TV no Brasil, chamada A Cabana do Pai Tomás.
“Os insultos me machucaram, mas não me destruíram. Para mim, o racismo não se combate com violência, mas com trabalho e educação”, diz ele. O preconceito racial é um tema central da autobiografia de King.
Ele o aborda com indignação, mas sem raiva. Lembra-se do bisavô escravo e de ter de caminhar 9 quilômetros, todos os dias, para chegar a uma escola que aceitava negros.
Afirma que as imagens de um linchamento que presenciou na infância o perseguem até hoje. E fala do período que passou no Exército, aos 18 anos:
“Os soldados brancos preferiam sentar-se ao lado dos prisioneiros alemães a ficar conosco. Sentiam-se mais à vontade com pessoas que poucos dias antes estavam matando americanos”.
O compositor tem quinze filhos com quinze mulheres (mas só se casou duas vezes) e atualmente está solteiro. É dono de uma rede de restaurantes – a B.B. King Blues Club & Grill –, mas a música é seu principal negócio: estima-se que ele tenha vendido mais de 40 milhões de discos ao redor do mundo.
Nesta década, lançou álbuns antológicos como Riding with the King, parceria com o discípulo Eric Clapton. Seu CD mais recente chama-se One Kind Favor e foi lançado em 2008.
“Existe a história do bluesman que vende a alma ao diabo para tocar melhor. Talvez eu tenha topado com ele, mas nunca o reconheci”, brinca. “E não é necessário ser triste e pobre para tocar blues. Sou um bluesman. E sou feliz.”

Serviço
B.B. King comemora seu sucesso e os quase 85 anos de vida com nova turnê. Ganhador de 14 grammies, vários prêmios pela Downbeat, Guitar Player, W. Handy Foundation, MTV Vídeo Music, Hall of Fame e outras homenagens. É considerado um mito vivo do blues.
Pontos de venda: Loja VR Brasília Shopping. Assinantes do jornal Correio Braziliense têm 50% de desconto no valor do ingresso inteiro.
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Eixo Monumental, Asa Sul, Brasília (DF). – Data: Segunda-feira.
Preço inteira: R$ 300 – VIP Superior. R$ 400 – Especial. R$ 500 – VIP Lateral. R$ 600 – VIP.
Preço meia: R$ 150 – VIP Superior. R$ 200 – Especial. R$ 250 – VIP Lateral. R$ 300.
Data do show: 22/03/2010.

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