Livro é a
primeira biografia romanceada do autor de Os Lusíadas
Menezes y
Morais*
O poeta,
romancista, ensaísta e professor Jarbas Junior lança nesta terça-feira, 13/11, A
Espada de Camões (Thesaurus, romance, 2012) a partir das 19h, na embaixada de
Portugal, em Brasília (DF). A entrada é franqueada ao público.
Em 76 capítulos,
o livro é a primeira biografia romanceada de Luiz Vaz de Camões, c. 1524
(provavelmente em Lisboa, Portugal). Morte: 10 de junho de 1580 (Lisboa,
Portugal).
Unanimemente
considerado o grande poeta de Portugal, autor de hinos à criação de um império
católico mundial liderado por seu país (que colonizou inclusive o Brasil), pouco
se sabe sobre a vida de Camões, cuja obra, Os Lusíadas (poesia, 1572) o
imortalizou.
História de
Portugal
No romance,
Jarbas Junior trabalha as poucas informações que se tem notícia sobre Camões,
homem renascentista, culto, liberal, amante de princesas e de mulheres do povo e
que perdera um olho em batalha.
Em seu épico, Os
Lusíadas, o poeta revisita a história de Portugal até o instante da partida
histórica de Vasco da Gama (1497), que contornou o cabo de Boa Esperança até
chegar à Índia.
A vida de Camões
foi cheia de aventuras, como num filme-épico de ação, suspense, inveja,
traições, amores, poesia, muita poesia. O poeta fez parte de expedições navais,
teria alcançado Macau e sofrido um naufrágio na costa
chinesa.
Sem
dinheiro
Numa dessas
odisseias, um amigo encontrou Camões perdido e sem dinheiro em Moçambique e o
ajudou a voltar para Lisboa. O poeta viveu muitos anos na África e na
Índia.
Esses dados
históricos dão ossatura ao livro de Jarbas Junior, cuja linguagem entra no clima
do romance de aventuras, quase no estilo capa e espada, como convém ao tema.
Contador de
história que recorre ao recurso da polifonia – narrador e solilóquios das
personagens se confundem – Jarbas Junior esculpe o perfil de um poeta de carne e
osso, que passou fome, viveu com pouco ou sem nenhum dinheiro, mas, “com engenho
e arte”, criou uma das obras literárias mais significativas da literatura
universal.
Atualidade
A atualidade de
Camões é espantosa no Brasil. Nenhum outro poeta – exceção do também lusitano
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) – caiu no inconsciente coletivo
popular brasileiro, sendo tema de inúmeras histórias de literatura de cordel.
O poeta
brasiliense Renato Russo (Legião Urbana, Monte Castelo) também tirou uma
casquinha.
Recordo, quando
criança, em Teresina (PI), Isabel Menezes de Morais, minha saudosa mãe – me
iniciou na Literatura, lendo para eu literatura de cordel – se deliciava e me
embevecia lendo ‘romances’ de Camões.
Quando cresci,
descobri que os poetas populares nordestinos também transformaram Bocage em
temas de seus cordéis.
Tudo ficção,
evidentemente, tudo fruto da imaginação dos nossos queridíssimos poetas
populares. Camões é objeto de inúmeros folhetos de cordel de temas pitorescos;
Bocage, de estórias que fazem fronteiras com o erótico, quase
pornográfico.
Ao contrário,
evidentemente, do romance de Jarbas Junior, que será autografado nesta
terça-feira.
Jarbas
Junior
Autor de O
Mistério das Pérolas de Bashô (Thesaurus, 2010) e do romance A Jangada de Orson
Welles (romance), entre outros, o poeta cearense radicado em Brasília Jarbas
Junior credencia-se para mais esta empreitada
literária.
N’A
Espada de Camões Jarbas constrói uma narrativa enxuta, ágil, sem perder de vista
o viés crítico-analítico. “O poeta se alimenta de livros, de paixões, sonhos,
aventuras, amizades e de causas nobilitantes”.
Ou “O poeta é um
ser espiritual. Por isso muitos foram confundidos com santos”. Ou ainda: “A
espada é a extensão do canino humano, raio transformado em lâmina”, para
esculpir o perfil de Camões.
“O dinheiro é a
amargura do artista. As preocupações financeiras tiram o tempo precioso da
atividade criadora”, o que levou Camões, certa vez, a escrever “sob encomenda
dois sonetos de amor”.
É isso. Quem for
à Embaixada de Portugal nesta terça-feira encontrará a essência daquele que
escreveu:
“A verdade eu
conto, nua e pura / vence toda a grandíloqua escritura!” Porque “O amor é um
fogo que arde sem se ver / é ferida que dói e não se
sente”.
*Menezes é
poeta, professor, jornalista, escritor e historiador. Autor, entre outros, de A
Íris do Olho da Noite (Thesaurus, romance, 2011).
Serviço
O que: A Espada
de Camões (182 páginas, arte da capa: Thiago
Sarandy).
Onde: Auditório
do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua – Embaixada de Portugal,
Brasília (DF).
Hora: a partir
das 19h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário