Comecei a trabalhar em rádio em 1987, aos 19 anos, 26 anos atrás, portanto. E para espanto e escândalo, nunca sei se hoje, 25 de setembro, é dia do rádio ou do radialista. E como no momento em que digito essas linhas estou com problema na internet e não consigo acessar o google, vou levar a dúvida para vocês. Mas se fosse apostar, arriscaria a primeira opção, dia do rádio.
Acho que nenhum veículo de comunicação possui
histórias tão divertidas.
Meu
saudoso colega Paulo Donizetti foi um excelente locutor noticiarista e
colecionador de casos ocorridos nos estúdios das emissoras Brasil afora. Um de
seus preferidos aconteceu em Varginha.
Era
domingo, final de tarde, e o locutor estava há mais de seis horas trabalhando e
trancado no estúdio. Lá pelas tantas, o operador de áudio soltou a vinheta para
informar tempo e temperatura do momento. O locutor, aquele bem padrão AM, voz
de trovão, não titubeou: “
-Neste momento, em Varginha, o tempo é
bom...
Mas
foi imediatamente interrompido pelos gestos enlouquecidos do operador, que do
outro lado do vidro gesticulava e mexia os lábios:
-Que bom o quê, sô! Tá doido? Tá chovendo
é pra caralho!
O
locutor, mestre na arte de se livrar de saias justas, imprescindível quando se
trabalha em rádio, não se fez de rogado:
-Sim, tempo bom...bom para você ficar em casa,
debaixo das cobertas, curtindo nossa programação!
Outra história eu vivi na carne. Ou melhor, no
ouvido.
Houve um tempo em que os repórteres da CBN
encerravam toda e qualquer intervenção com o lendário slogan “CBN, a rádio que
toca notícia”. Eu era repórter e cobria uma manifestação tumultuada no centro
do Rio. De repente, os manifestantes resolveram fechar a rua. Trânsito parando,
polícia chegando, aquele bafafá, e eu, ao vivo, no celular, descrevendo tudo.
Empolgado, encerrei o boletim confirmando a informação: os manifestantes
decidiram fechar a rua. Mas o que seria um final apoteótico, virou piada. Errei
feio na assinatura: CBN , a rádio que toca na RUA.
No
estúdio, o âncora era Marcus Aurélio, minha referência de apresentador de rádio
e grão-mor na arte de se livrar de saias justas. Ele não deixou a bola cair,
bateu de primeira.
-Sim, André Giusti! Toca na rua, em casa,
no trabalho, no táxi, em qualquer lugar a CBN toca.
Parabéns a todos nós que amamos o rádio e
vivemos a delícia dessas histórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário