segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Jorge Amancio no Projeto MúsicaPoética nesta sexta-feira (15 de janeiro)


O idealizador do Projeto MúsicaPoética que está sendo realizado às sextas (15 de Janeiro) no Café com Letras, 203 Sul, Brasília-DF, 21 h, com couvert a R$ 10,00 (todo revertido para os artistas) é o músico Anand Rao e a realização da Anand Rao Multiempreendimentos. Em todos os shows o músico faz músicas no palco, musica poemas, textos em guardanapos de papel, falas, enfim, na sua parte do show ele usa o seu dom que é o de compor músicas na hora onde diversos professores de música definiram como MPBJazz e cativa o público. Mas, em todas as apresentações ele leva um poeta convidado e nesta sexta o MúsicaPoética apresenta Jorge Amancio.

Jorge é aquariano nascido em 1953. Veio para Brasília em 1976 e licenciou-se em Física pela Univesidade de Brasília. Desde 1981 leciona na Secretaria Educacional do DF sendo pós-graduado em matemática, ativista de movimentos sociais na luta contra o preconceito racial tendo Brasília como sua cidade de crescimento e amadurecimento. Sua primeira poesia foi publicada no jornal Raça do Movimento Negro nos anos 80 e de lá para cá em 1985 ganhou o prêmio Sinpro-DF de Contos e Poemas, em 86 participou do Fala Satélite, em 87 do poemas e mais alguns dilemas, em 92 do Coletivo de Poetas e participou do 2. Concurso de Poesia da Rádio Jornal, em 95 participou do Zumbi pela Editora Omo Ayê, em 2000 do VIII Concurso Literário da Asefe e lançou em 2007 o livro NegroJorgen pela editora Thesaurus.

Nesta entrevista exclusiva ele fala do show que fará com Anand Rao intitulado Saravarás:

Apesar da introdução da matéria, informe a público leitor, porque poesia e não contos, romance, porque este gênero literário foi o que te cativou?
Jorge - Quando adolescente existia um suplemento no Jornal do Brasil que discutia poesia, por ali transitava Mario Quintana, Carlos Drummond, Ferreira Gullar, os irmãos Campos, e outros. Na rádio existia um programa de poesia romantica de J.G. de Araujo Jorge, foi a paixão total. Estorou a Tropicália, Chico Buarque e grandes letristas da MPB e cada dia torno-me cativo da poesia pelas suas mils formas de se apresentar, com suas novas leituras a cada dizer, emocionando ao ouvir.

Anand Rao, é um músico farrista que compõe no palco, e você, o seu poema, engajado num luta, porque fazer este show com Anand Rao?
Jorge - Anand é livre de preconceito "músico-poético", pertence ao meu universo cultural há um bom tempo. Músico inquieto pela descoberta, pelos novos sons, ele é uma orquestra percurssiva. Para mim é uma farra que tenho sempre o maior prazer de participar. Tenho um poema musicado por ele, Zumbiteiro.

O que estará apresentando no show, o show terá espaço para improvisos ou você obedecerá rigidamente ao que aqui responder?
Jorge - Anand é sinonimo de improviso. Eu improverso.

Poesia no Brasil tem valor?
Jorge - Valor tem, não tem é reconhecimento. O número de sites voltado à poesia, o número de poeta que emprestam sua poesia a outras artes, as inúmeras formas da poesia visual, da poesia sonora, valor a poesia tem, não tem é um reconhecimento.

Desenvolveste um projeto não remunerado no ano passado segundo fontes diversas, achas correto um artista trabalhar sem remuneração?
Jorge - Poemação é um projeto que realizamos juntos com o poeta Marcos Freitas e a Biblioteca Nacional de Brasília, tomou uma dimensão maior do que esperávamos, temos a chance de mostrar a poesia brasiliense num espaço, a BNB, privilegiado, propício a literatura, propício as artes, sem remuneração, mas com grande satisfação. Estamos indo para o Poemação 6. Trabalhar sem remuneração não é bom para ninguém, remunerados atrairíamos poetas, escritores, artistas em geral, dando não só uma dignidade a sua arte como valorizando e reconhecendo o artista. Hoje os poetas, escritores, artistas em geral participam do Poemação sem qualquer tipo de remuneração, o que se dependesse de nós coordenadores e da Biblioteca seria diferente, pois comunhamos do mesmo pensamento.

Quais os livros que publicou, os prêmios que ganhou, além do que abriu nossa matéria, se é que há e quais os projetos para 2010?
Jorge - Tenho um livro publicado pela Thesaurus em 2007, Negrojorgen. Várias paticipações em antologias, alguns prêmios e ideias.

Você tem outra profissão, dá para viver de poesia no Brasil?
Jorge - Pouquíssimos escritores vivem unicamente da literatura. De poesia propriamente dita existe mais dificuldade, a política do governo educacional e cultural não contribui para isto. Um dos caminhos da poesia é sair do papel então outras linguagens começam a aparecer que podem favorecer o poeta, integrá-lo a uma realidade no mercado, para muitos o poeta é um sonhador, para outros um fingidor, mas na verdade o poeta é um batalhador, um trabalhador.
Enquanto isto leciono Física e Matemática para a Secretária de Educação do DF.

Brasília é a capital do panetone, cueca e meia, ou existe cultura na cidade, o que os artistas de Brasília devem fazer para melhorar a imagem da cidade?
Jorge - Quando uma cidade quer mudar o nome do estádio de futebol de Mané Garrincha, retira as caixas do Teatro Nacional, ainda Claudio Santoro nos assusta em matéria de política cultural. Creio na arte denúncia e cabe aos artistas denunciarem tais fatos.
Veja o site: http://literaturaperiferica.ning.com/profiles/blogs/o-grande-relogio-solar-1
Quem mora em Brasília há mais de trinta anos como eu e viu a politização de uma cidade a conquista de eleição e deixou-se cair na cilada do coronelismo, dos políticos filhos de ditaduras de coronéis, se apossarem territorial e politicamente da cidade. Deu no que deu, ou no que está dando. Mas creio que se pelas urnas nos fudemos, pelas urnas nos salvaremos.

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Produção Anand Rao
www.anandraobr.com
producaoanandrao@gmail.com

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