Publicação: 01/06/2014 15:51 Atualização:
"Minha poesia é direta, mas que, mesmo falando de coisas tristes e sérias, tenta não deixar que a tristeza seja a última palavra. É assim que vejo a vida" |
Vicente Sá sente a passagem das estações pela mudança do céu de Brasília, diferentemente do firmamento da cidade de Pedreiras, no Maranhão, onde nasceu. E faz poesia. Brasília sempre o inspirou, desde que aqui chegou menino, aos 11 anos, no auge da ditadura militar. Fez amigos e parceiros poetas, músicos e atores, entre eles, o grupo Liga Tripa. Influenciado pela literatura de cordel, o poeta procura versos que sejam simples, cada vez mais próximos do leitor. Ele publicou nove livros: O engenho da loucura; Brasília, ironia dos deuses; Tumbatatá e Jogo dos bichos, entre outros. Em entrevista ao Correio, Vicente Sá defende que a poesia se aproxime do cotidiano das pessoas e acredita que a história da literatura brasiliense deve fazer parte do currículo escolar. Falta, porém, segundo ele, mais empenho do governo para estimular os leitores e a produção dos artistas locais.
Como foi a sua infância no Maranhão?
Nasci em 1957 em Pedreiras, terra de João do Vale, região cortada por um rio. Fui me entender como gente com 4 ou 5 anos, no início da década de 1960, era outro mundo. Foi uma infância de interior, sem tantos perigos e com música, muita música de rádio e cordéis. Havia muitos cordelistas vendendo em feiras, e isso me despertou muito. O primeiro poema que eu quase decorei foi um cordel chamado Nos tempos que os bichos falavam. Fiquei encantado com a história, o fantástico daquela coisa. Depois, fui a São Luiz do Maranhão, cidade muito bonita, cheia de azulejos, que despertou uma poética mais visual.
Que tipo de poemas você fazia?
Fazia versinhos desde menino e, naquele tempo, se falava muito em Bocage, poeta português. Ele era conhecido como um poeta pornográfico. A fama dele era essa. E eu, pequenino, fazia uns versinhos, umas quadriunhas: “Dona Juju, no pé de Caju, nasceu uma castanha no oco”. E as vizinhas tinham medo de mim e me davam presentes para eu não fazer poemas com elas. Fiquei conhecido como o poetinha Bocage. Mas aqui em Brasília foi que eu me entendi mesmo. Passei a fazer samba com amigos. E, quando começou o movimento do mimeógrafo, vi que não era tão difícil. Você mesmo fazia seu livro.
Você chegou a Brasília em 1968, período mais cruel da ditadura. Como foi recebido pela capital?
Como eu tinha 11 anos, não entendia muito. Depois, comecei a entender. Alguns irmãos participavam de movimento estudantil e me mostravam as coisas. Eu sabia que tinha coisa errada, mas, com 11 anos, não sabia o que era. No entanto, comecei a prestar atenção nos militares de óculos escuros.
Os poetas do Plano Piloto estão integrados aos das outras cidades?
A distância dificulta. Nós temos um péssimo sistema de transporte. É um troço que atrapalha o processo da cultura na cidade. Faltam iniciativas como o Arte por toda Parte. O cara saía do Plano Piloto e ia para Ceilândia, Sobradinho. Os artistas circulavam. Isso é necessário para a cidade conhecer os artistas e os artistas conhecerem a cidade.
Para que serve a poesia?
Não saberia viver sem fazer poesia. É o meu lado melhor. Para os leitores, ela é necessária também. Pode parecer supérflua. Você pode não ter dinheiro para consumir, mas canta sozinho, se lembra de um poema. A poesia é essencial.
Como foi a sua infância no Maranhão?
Nasci em 1957 em Pedreiras, terra de João do Vale, região cortada por um rio. Fui me entender como gente com 4 ou 5 anos, no início da década de 1960, era outro mundo. Foi uma infância de interior, sem tantos perigos e com música, muita música de rádio e cordéis. Havia muitos cordelistas vendendo em feiras, e isso me despertou muito. O primeiro poema que eu quase decorei foi um cordel chamado Nos tempos que os bichos falavam. Fiquei encantado com a história, o fantástico daquela coisa. Depois, fui a São Luiz do Maranhão, cidade muito bonita, cheia de azulejos, que despertou uma poética mais visual.
Que tipo de poemas você fazia?
Fazia versinhos desde menino e, naquele tempo, se falava muito em Bocage, poeta português. Ele era conhecido como um poeta pornográfico. A fama dele era essa. E eu, pequenino, fazia uns versinhos, umas quadriunhas: “Dona Juju, no pé de Caju, nasceu uma castanha no oco”. E as vizinhas tinham medo de mim e me davam presentes para eu não fazer poemas com elas. Fiquei conhecido como o poetinha Bocage. Mas aqui em Brasília foi que eu me entendi mesmo. Passei a fazer samba com amigos. E, quando começou o movimento do mimeógrafo, vi que não era tão difícil. Você mesmo fazia seu livro.
Você chegou a Brasília em 1968, período mais cruel da ditadura. Como foi recebido pela capital?
Como eu tinha 11 anos, não entendia muito. Depois, comecei a entender. Alguns irmãos participavam de movimento estudantil e me mostravam as coisas. Eu sabia que tinha coisa errada, mas, com 11 anos, não sabia o que era. No entanto, comecei a prestar atenção nos militares de óculos escuros.
Os poetas do Plano Piloto estão integrados aos das outras cidades?
A distância dificulta. Nós temos um péssimo sistema de transporte. É um troço que atrapalha o processo da cultura na cidade. Faltam iniciativas como o Arte por toda Parte. O cara saía do Plano Piloto e ia para Ceilândia, Sobradinho. Os artistas circulavam. Isso é necessário para a cidade conhecer os artistas e os artistas conhecerem a cidade.
Para que serve a poesia?
Não saberia viver sem fazer poesia. É o meu lado melhor. Para os leitores, ela é necessária também. Pode parecer supérflua. Você pode não ter dinheiro para consumir, mas canta sozinho, se lembra de um poema. A poesia é essencial.
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