quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Governo tem o desafio de integrar bibliotecas e criar feiras no DF


O Plano Distrital do Livro e da Leitura (PDLL) deve virar decreto nos próximos meses e nortear políticas para a área nos próximos 10 anos

Nahima Maciel
Publicação: 21/02/2013 07:05Atualização: 21/02/2013 08:44


Miriam Raposo, coordenadora do PDLL, anuncia 10 feiras dos livros nas cidades do Distrito Federal (Iano Andrade/CB/D.A Press)
Miriam Raposo, coordenadora do PDLL, anuncia 10 feiras dos livros nas cidades do Distrito Federal

Após um ano inteiro de discussões com diversos segmentos do livro e da leitura no Distrito Federal, as secretarias de Educação e Cultura enviaram ao Governo do Distrito Federal o Plano Distrital do Livro e da Leitura (PDLL), documento que deve virar decreto nos próximos meses e norteará as políticas para a área nos próximos 10 anos. Com 54 páginas e uma série de constatações, o PDLL funciona como um diagnóstico da atual situação do livro e da leitura no DF, mas também como uma indicação dos caminhos que serão trilhados pela Secretaria de Cultura nos próximos anos. O plano começou a tomar forma no ano passado, durante uma série de reuniões que envolveu representantes de segmentos públicos e privados em debates sobre os problemas e necessidades da área.

Segundo Miriam Raposo, diretora de Políticas do Livro e da Leitura da Secretaria de Cultura e coordenadora do PDLL, o documento foi construído com base nas informações fornecidas pelos segmentos, mas alguns pontos assustaram editores e escritores. O poeta Gustavo Dourado, presidente da Academia Taguatinguense de Letras, conta que nunca foi chamado para uma reunião. “Nunca fomos inseridos e não tenho muito conhecimento desse plano. Achei inócuo, vazio. Para nós, não chegou”, diz.

Confira a íntegra da entrevista com Miriam Raposo, coordenadora do Plano Diretor do Livro e da Leitura (PDLL)


O PDLL aponta diretrizes como uma lei que institucionalize as bibliotecas, eventos literários que facilitem a aquisição, fomento a projetos sociais, criação do fundo do DF para fomentar a leitura e ampliação da mala do livro. Em que fase de execução estão essas diretrizes?
Estamos conseguindo institucionalizar o PDLL, então mandamos a minuta. É um diagnóstico que representa exatamente um momento de olhar para nossa realidade e fazer um planejamento para atividades futuras. A institucionalização do documento possibilita que todas as coisas que estamos solicitando entrem em execução e virem lei. Mas primeiro precisa ser um decreto.

Livreiros e editores da cidade se sentem excluídos dessa discussão. Por que?

A gente fez várias reuniões convidando a sociedade e, nesse processo, chamamos a Câmara do Livro, que estava representando, todo mundo. Se alguém não soube, então era alguém que não estava ligado à Câmara. A gente chamou as associações que reunem essas pessoas, fomos pegando grupos. Todas as pessoas vinculadas a essas organizações tiveram acesso e isso foi mais difícil, por isso ficamos preocupados em deixar o texto na internet por um tempo.

Manter as bibliotecas ligadas às administrações regionais é vantagem? Por que? Não seria melhor serem ligadas diretamente às secretarias?

Nossas bibliotecas têm uma gestão compartilhada. O prédio e os funcionários são da Região Administrativa. A coordenação técnica vem da secretaria de Cultura. Sempre foi assim. A secretaria não tem prédio, não tem funcionários. Temos visto em outros sistemas de bibliotecas públicas que quando a gestão é da secretaria, é muito mais fácil. Porque aí o prédio vai ser nosso, nós vamos ser responsáveis pelos funcionários. Como não temos, acreditamos que podemos também fazer um trabalho nessas condições. Temos que estar mais próximos das RAs. O ideal seria que fossem nossos, mas já que não são, temos que aproveitar essa proximidade para construir esse projeto de livro e leitura mais próximo do que acreditamos. A ideia era implantar o Sistema de Biblioteca Pública do DF e usar como referencial o que está sendo feito na Colômbia. Estivemos lá e voltamos com algumas ideias. Acreditamos que podemos construir uma proposta compatível com a realidade e que atenda às especificidades. O ideal seria que fosse da secretaria, mas se fôssemos fazer algo só quando fosse da secretaria, não faríamos nada. Estamos construindo uma coisa muito legal que vai fazer a diferença.

Muitas bibliotecas estão deterioradas…
A gente não pode fazer a reforma num prédio que não é nosso, então a gente precisa do administrador e ele tem toda a cidade. A demanda é grande. A gente precisa reunir forças. Temos, por exemplo, a intenção de trabalhar com algumas bibliotecas para organizar esse sistema. Ele coloca as bibliotecas em comunicação. A pessoa entra no site e vê quais livros tem em todas as bibliotecas, se está emprestado ou não.

O novo plano fala em uma feira do livro histórica que mobiliza Taguatinga e Sobradinho. Mas habitantes dessas regiões dizem que isso não existe…

São feiras históricas no sentido de que aconteceram na história do país e que, quando aconteceram, mobilizaram. Essa informação foi confirmada, quando elas aconteceram mobilizaram muita gente. Foi informação trazida pelos gerentes de cultura das regionais. A informação que a gente recebeu da gerência de cultura na época é que era uma feira que mobilizou muita gente. Fizemos uma reunião com as RAs e eles disseram "vocês precisam inserir as histórias da nossa RA". Já recebemos considerações críticas sobre isso, mas confirmamos essa informação. Nosso objetivo era só reunir as informações para termos uma clareza do que está acontecendo no DF.

E qual o seu diagnóstico?
A gente tem uma cidade que ainda precisa trabalhar muito com o livro e a leitura, ainda precisa muita coisa para fazer da cidade a capital do livro e da leitura. Mas tem gente organizando coisas belíssimas e a gente não pode negar isso. Nossa ideia era exatamente organizar isso para que essas atividades não sejam organizadas de forma tão fragmentada. Na hora que se organiza tudo, a gente fortalece as atividades.

Um plano indica objetivos, diretrizes e metas. Lendo o plano, a impressão é de que é só um diagnóstico…
Ele não tem isso ainda porque as diretrizes e metas são muito específicas do segmento. Se fosse focar tudo de todo mundo, ia ser uma loucura. A ideia do plano é um documento que tenha validade de 10 anos, não dá para ser gigantesco. Nossa estratégia foi levantar eixos e diretrizes globais que envolvem todos os segmentos. Agora, estamos no plano de ação de todos os segmentos, que estão se organizando para fazer objetivos, diretrizes, metas. Aí é bem específico. O próprio plano define que vai ser esse caminho. Não é só um diagnóstico. Mas a gente reconhece que o diagnóstico é uma das questões mais importantes do plano. Agora é momento em que estamos trabalhando com os próximos passos.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2013/02/21/interna_diversao_arte,350648/governo-tem-o-desafio-de-integrar-bibliotecas-e-criar-feiras-no-df.shtml
 

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