Além de advogado, escritor, político e mentor do maior império de
comunicação que o país já teve, o jornalista Assis Chateaubriand manteve uma
profunda ligação com a arte. “Ele era um homem de cultura. Um exemplo disso é a
criação do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, hoje um dos grandes museus do
mundo”, afirma Márcio Cotrim, escritor e diretor da Fundação Assis
Chateaubriand. Para manter vivo o pendor artístico desse visionário, a fundação
organizou 12 saraus mensais, promovendo a literatura, a pintura, a música e o
cinema feitos por (e sobre) artistas de Brasília.
“Esta edição dará ênfase à produção literária”, avisa Cotrim, que
escalou um time de autores da cidade para uma roda de autógrafos e um
bate-papo. Ele mesmo lançará seu novo livro, O pulo do gato 4 (Geração
Editorial), sobre a origem das palavras e expressões idiomáticas. Roldão Simas
Filho, por sua vez, falará de seu Dicionário lá e cá, com o significado de 5.800
verbetes aqui e em Portugal, e Dad Squarisi autografará o Manual de redação e
estilo para mídias convergentes (leia texto abaixo).
Cotrim lança O pulo do gato 4, sobre a origem das palavras
A Paraíba será a primeira unidade da Federação a ganhar o tributo por
ser terra de um filho ilustre: Chatô nasceu em Umbuzeiro, no semiárido
brasileiro. Para acompanhar as cervejas tchecas, a chef Rose Borella, da
butique de carnes Ready Beef, servirá petiscos típicos da culinária local, à
base de queijo coalho, tapiocas e rapaduras, por exemplo. Especialista em
heráldica (estudo de brasões e escudos) falará sobre a origem da bandeira do
estado, que ostenta a palavra Nego. Dançarinos de forró também farão
demonstração de alguns passos. E repentistas da Casa do Cantador — Valdenor, Zé
do Cerrado e Chico de Assis — mostrarão seus improvisos à plateia.
Números musicais, aliás, pontuarão as diversas participações. O coral
de 40 vozes, mantido pela fundação, apresentará músicas natalinas. E a noite
prosseguirá com Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro de Brasília, e
alguns músicos da instituição. O encerramento ficará por conta de Raimundo
Moura, um dos mais conhecidos seresteiros da cidade.
Enfim, escritora
A atriz Maria Paula fará o lançamento de seu primeiro livro, Liberdade
crônica, reunião de textos publicados em sua coluna semanal no Correio
Braziliense. “Sempre guardei essa vontade de ser escritora dentro de mim. Era
até uma lenda familiar”, conta a ex-integrante da trupe Casseta & Planeta,
cujo talento com as palavras foi alvo de profecia. Durante a infância em
Uberaba, o médium Chico Xavier a viu e disse que ela seria famosa, dando muita
alegria ao Brasil. A mãe da atriz teve uma intuição: Maria Paula seria
escritora. Com a agenda de gravações sempre cheia, ela adiou o projeto por
muito tempo. Além dos cadernos que preenchia com poemas e contos, aceitou o desafio
de escrever a coluna para o jornal. Até que o humorístico saiu do ar, depois de
17 anos. “Senti que era a minha deixa. Foi um ano de trabalho árduo”, relata.
Dividido em três eixos temáticos — atitude caráter, atitude afeto e mulher de
atitude —, o livro passeia por temas que vão desde as mudanças sociais
enfrentadas por mulheres até o consumo, passando por problemas de natureza
política, como a corrupção.
Novas histórias de JK
Diamantinense, vizinho de JK e aluno da mãe do ex-presidente, Affonso
Heliodoro nutriu amizade longa com o criador de Brasília. Essa cumplicidade
rendeu histórias que inspiram quase toda a obra literária de Heliodoro. A
novidade é JK: de Diamantina ao memorial, que repassa a vida de Juscelino do
nascimento à morte, avançando em alguns pontos obscuros. “Conto passagens do
golpe militar, acuso (o ex-presidente) Castello Branco de traição, revelo
coisas inéditas, que se passaram na minha presença”, afirma o autor.
O projeto inicial era produzir um volume didático, para reavivar nas
escolas a trajetória de JK, mas Heliodoro acredita que o livro tenha ficado
“pesado” para essa função. “Provocado, você começa a se lembrar, a escrever, e
se revolta de novo”, pondera. O livro sai do forno da editora diretamente para
o lançamento no sarau.
Inspiração no cerrado
Interatividade sempre foi o negócio do pintor pernambucano André
Cerino. No começo, ele filmava o processo de feitura de seus quadros e
compartilhava no YouTube e nas redes sociais. “Desde criança, tinha curiosidade
de saber como os artistas criam, sempre via a arte pronta. Nas galerias e nos
livros, a criação se apaga com o tempo, pertence exclusivamente ao artista.
Decidi compartilhar isso”, conta. Hoje, a ideia se refinou e ele faz
performances de pintura ao vivo, embalado por música (geralmente clássica), que
o inspira a orquestrar as cores na tela. Em vez de pincel, Cerino usa as pontas
dos dedos. Hoje, este autodidata das artes que vive em Brasília há 27 anos fará
uma de suas demonstrações no sarau. O tema será definido na hora, mas suas
inspirações vêm do cerrado. “Penso em pássaros, flores, no céu, na água, nas
queimadas, na preservação. Não sou ambientalista, apenas me preocupo com o meio
em que vivo. Vim para o cerrado e me encantei com a beleza das folhas, que
muita gente crê estarem mortas. Sempre vi vida nisso tudo.”
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