quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Eudoro Augusto lança hoje no Beirute o 3º volume da Trilogia do Sudoeste
Publicação: 14/12/2011 09:27 Atualização: 14/12/2011 10:35
Nahima Maciel
São instantâneos de realidade observada e como ela bate em mim. São poemas sobre o hoje, o amanhã, o claro e o escuro, onde as formas se revelam" Eudoro Augusto, poeta
Eudoro Augusto se sente incomodado quando fica muito tempo sem escrever. Isso aconteceu na década de 1990, mas desde que o século virou, ele tratou de não deixar mais a caneta descansar. Noite em claro, que o poeta lança hoje no Beirute, é o terceiro volume da Trilogia do Sudoeste, publicada durante a última década, e vem para fechar o circuito iniciado com Um estrago no paraíso (2008) e A natureza humana (2009).
Noite em claro é direto, simples e bastante irônico. Segundo Augusto, o livro não foge do caminho traçado pelos dois volumes anteriores. “A temática é a mesma, uma mistura de crônica e observação com poemas na terceira pessoa onde focalizo o outro, tem coisas muito íntimas ali”, avisa. O poeta encontra as crônicas no contato com as pessoas, com a rua e com o cotidiano. É um tripé fundamental na escrita de Augusto. “Vou ao Beirute três a quatro vezes por semana”, avisa o poeta. “É importante. Se você se isola você cria um ermitão, sem contato com o mundo.”
O filtro da poesia destrincha o comum e questiona o que já não se vê de tanto olhar. Observar também entra nessa conta. É o “segredo do cofre”, a “chave do mistério” descrita em Trilhas, uma espécie de “caminho para o nada” que acaba se revelando bem produtivo. Há também um pequeno fio da rebeldia que tanto marcou a poesia de Augusto nos anos 1970, quando via seus livros serem apropriadamente acomodados na prateleira da poesia marginal. Muita coisa mudou, mas nada foi rompido. “Tem a ver, sempre tem. Acho que tem uma corrente elétrica que liga desde o meu primeiro livro a Noite em claro. Os temas são sempre os mesmos: a vida, o cotidiano, o que pode transcender ou o que não pode transcender.”
Saiba mais...
Confira Poesias de Eudoro Augusto É um tipo de poesia, Augusto repara, que não é igual à média. “É diferente”, explica. “São instantâneos de realidade observada e como ela bate em mim. São poemas sobre o hoje, o amanhã, o claro e o escuro, onde as formas se revelam, e sobre como o ser humano se desvenda.” Noite em claro nasceu dentro de um apartamento no Sudoeste. Assim como o resto da trilogia, foi construído no bairro que Augusto adotou há 22 anos, por isso o pacote leva o nome do lugar, mas foi graças ao patrocínio do BB Seguros Auto, que o poeta conseguiu finalizar a série. Ironicamente, Augusto não dirige. Nunca quis aprender, não tem carro nem quer ter. O poeta marginal prefere mesmo andar a pé. Assim tem mais oportunidades de trombar com os versos colhidos no cotidiano.
Noite em claro De Eudoro Augusto. Edições do Sudoeste, 108 páginas. R$ 25.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2011/12/14/interna_diversao_arte,282763/eudoro-augusto-lanca-hoje-no-beirute-o-3-volume-da-trilogia-do-sudoeste.shtml
Confira Poesias de Eudoro Augusto
José Carlos Vieira
Publicação: 14/12/2011 00:01 Atualização:
Não precisa
Não precisa me acordar
Eu acordo sozinho.
Primeiro olho o mundo torto
depois me enrosco na manhã da manhã.
Vidrado
Se você vem pra me falar
de coisas como a vacina preventiva
ou o dever e a dívida
pode esquecer o severo discurso
minha querida
atenuar as sobrancelhas franzidas.
Sou vidrado na vida.
Natureza morta
A noite cai de mãos crispadas.
Chove muito
os cigarros acabaram
e o táxi não chega.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2011/12/14/interna_diversao_arte,282737/confira-poesias-de-eudoro-augusto.shtml
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