domingo, 6 de setembro de 2009

A leveza do Aço em Luiz Ribeiro


Luiz Ribeiro nos brinda, novamente, com uma produção de esculturas de aço carbono de encher os olhos. Monumental. Há de se reconhecer, transformar o aço em arte não é fácil. O aço é insolente, duto, frio, cortante e pesado. São tantos os materiais leves e doces, que proporcionam resultados satisfatórios, sem necessidade de desprender tão grande esforço. Seria teimosia do artista optar por um material que o tortura e o subjuga ao mesmo tempo? Nada disso. O aço carrega consigo um elemento simbólico. Através dele a civilização assentou sua base. Doma-se o aço com tocha de fogo, que facilmente atinge milhares de graus. É fabuloso ver um filete metálico escorrer, sob a luz intensa, como se fosse uma reles vela de cera sobre um castiçal de vidro. Ele se entrega e se dobra quando as temperaturas chegam aos seus limites, aí o escultor faz dele o que bem quer.Cortar nossas mentes e corações faz parte da tarefa desse escultor. Devolve-nos a capacidade crítica, de rever o mundo tomando emprestado o seu olhar. O artista aperfeiçoa a natureza humana, sem a qual perderemos a razão de existir. A criação ainda é a única justificativa para uma boa existência. As folhas que o escultor nos oferece são mero pretexto para descobrirmos o quanto somos indiferente ao mundo que nos cerca. Olhamos e não vemos, escutamos e não ouvimos. Nossa visão seletiva não nos pertence mais. Foi tomada de assalto pelas campanhas publicitárias, pela poluição visual, pelos meio de comunicação de massa. Luiz Ribeiro nos oferece o resgate. Tarefa de arte e responsabilidade do artista, que ainda ocupa um reduto privilegiado numa sociedade, onde seu grito, ainda ecoa e faz sentido, num mundo caótico e cheio de crises.
Omar Franco, escultor.

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