quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Antônio Miranda é homenageado na Biblioteca Central


Foto: Isabela Lyrio/UnB Agência
O intelectual, que acredita na ausência de obstáculos entre arte e ciência, participou do projeto Conferências da Primavera
Mariana Cordeiro - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Miranda: uma obra deve ser mais reconhecida que o autor
Os 55 anos de Antônio Miranda dedicados à poesia foram motivo de homenagem na Biblioteca Central na tarde desta terça-feira, 8 de setembro. O escritor, poeta, escultor e professor de Ciência da Informação da Universidade de Brasília ficou envergonhado. “Uma obra deve ser mais reconhecida que o autor”, foram as primeiras palavras de alguém que não gosta de ser mencionado pelo excesso de adjetivos. O autor publicou o poema O coito do sátiro na internet. Em três meses, o acesso alcançou 3700 leitores.

Os livros do intelectual fazem parte da tese de doutorado de Elga Laborde, docente do Instituto de Letras. Intitulada de O esperpento como experiência estética, a pesquisa é pioneira na área e analisa características como ironia, paródia, humor negro e reflexão filosófica no cinema, na literatura e no teatro. “Miranda representa uma expressão poética de projeção internacional. Trata-se de um poeta com intensidade e qualidade universal”, opinou Elga. O artista se aproxima de grandes clássicos hispânicos e renascentistas, de acordo com a especialista. A docente traduziu diversas obras para o espanhol.

“É uma poesia que se revela na forma e sobretudo no conteúdo crítico e analítico de situações. Ele evoluiu mas não traiu a si próprio”, disse Elga, referindo-se ao livro Tu país está feliz. Na ocasião, o atual diretor da Biblioteca Nacional de Brasília leu alguns poemas e criticou a avalanche das tecnologias. “Sou um sobrevivente de mim mesmo. Nada resistirá no mundo em que vivemos, pois tudo entra em crise rapidamente”, afirmou Miranda.

O idealismo está presente nas obras de Miranda. Há dez anos, o autor publicou o livro Brasil Brasis em referência aos 500 anos do país. O Dia da Independência, comemorado em 7 de setembro, foi valorizado na obra:"Ó patria amada, idolatrada / Salve, salve! / O Brasil é um ponto de exclamação / Extrema unção / Salve-se quem puder".

CONFERÊNCIAS - O encontro integra as Conferências da Primavera, cujo objetivo é valorizar os escritores da universidade. “Eles são intelectuais que contribuem com a educação, a formação e a responsabilidade da UnB. Queremos despertar o gosto pela escrita e o prazer de ser intelectual”, explica a curadora do Espaço Cassiano Nunes da Biblioteca Central, Maria de Jesus Evangelista. O poeta e escritor Cassiano Nunes lecionou durante 25 anos na UnB e faleceu em 2007. Ele deixou uma herança de 17 mil livros para a instituição.

O acervo ainda está em fase de catalogação. Para evitar a ociosidade do material, a curadora e a comissão de projetos do espaço promovem diversas atividades, como as Conferências da Primavera. Nesses encontros, escritores falam de suas obras. Eles acontecerão às terças-feiras de setembro, sempre a partir das 16h no auditório. A próxima homenageada será Sylvia Cyntrão no dia 15 e terá a presença de Elizabeth Andrade Harzin e Rogério da Silva Lima.

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Foto: Isabela Lyrio/UnB Agência.

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