Ao menos dez
mil pessoas partilharam, na última quinta-feira(25), uma noite que se
perpetuará na memória artística e cultural de Brasília: a noite de lua cheia em
que o vozeirão e o suingue de Ed Motta encontraram a virtuose de violinos,
violas, violoncelos; o solo magistral de flautas, flautins, e fagotes; a
percussão incomum do xilofone, do tímpano e do vibrafone. Ao todo eram, no
palco, trinta instrumentos e uma voz, harmonizados pela batuta do maestro
Claudio Cohen, que deixaram em êxtase o público da 33ª edição das Noites
Culturais T-Bone, que comemorou o 15º aniversário do projeto.
Oito horas,
rua lotada, os músicos da Orquestra Sinfônica de Brasília já no palco e fazendo
os últimos ajustes nos seus instrumentos, Miqueias Paz anunciou o início do
espetáculo que, como tudo no T-Bone, começou com poesia. As vozes dos poetas
Fabrízio Morelo, Jorge Amâncio, Nicolas Behr e Vicente Sá, com o auxílio
luxuoso das frases musicais da clarineta de Fernando Machado, abafaram o
burburinho da multidão e imprimiram os tons de pura beleza que seriam o
colorido de toda a noite.
No camarim,
dentro do açougue, Ed Motta aguardava a hora de subir ao palco sem esconder a
expectativa de ver e viver o que, até então, só ouvira falar: um público
daquele tamanho, apinhado praticamente aos seus pés e reunido por iniciativa de
um inimaginável "açougue cultural". Isso, para Ed Motta, era muito
mais novidade do que tocar em espaço aberto acompanhado de orquestra.
"Eu
estudei orquestração e fiz alguns shows com orquestra sinfônica, há coisa de 20
anos, em São Paulo, no Memorial da América Latina. Mas desse jeito, no meio da
rua e na porta de um açougue, é a primeira vez!"
Envolvido
pela informalidade e pelo alto astral do evento e do lugar, Ed Motta era só
alegria e simpatia. Recebeu os fãs, distribuiu autógrafos – inclusive em
exemplares do seu primeiro vinil, levados por colecionadores – e até abriu
espaço para uma "canja" mais do que inesperada do trompetista Ademir
Júnior. Músico da Banda do Corpo de Bombeiros, ele havia conhecido rapidamente
o cantor e foi cumprimenta-lo no camarim. Ed então disparou quase que um
desafio: perguntou se ele estava com seu instrumento e convidou-o a subir ao
palco para solar, com Orquestra, "Baixo Rio", um dos hits da noite.
"Ainda
nem acredito que isso aconteceu. Tá muito lindo lá em cima", Ademir deixou
o palco exalando emoção.
"Foi
uma das melhores apresentações da orquestra. Estava uma delícia! Tinha horas
que eu me pegava cantando, quase esquecendo de tocar", comentou a
violinista Liliane Gaioso.
"Um
espetáculo perfeito, muito bem organizado, com o som excelente",
sentenciou com toda a autoridade o maestro Claudio Cohen.
"Não
podia ser melhor a celebração desses 15 anos de projeto. Fazendo uma
retrospectiva de todo esse tempo é muito compensador viver uma noite como esta
e saber que ela é o resultado e todo trabalho e de todo o empenho das pessoas
envolvidas. Tanto a nossa equipe da ONG, como dos parceiros e principalmente
dos artistas que acreditaram nessa ideia que até hoje é um pouco estranha, do
Açougue T-Bone ser um pólo irradiador de cultura".
Festejou
Luiz Amorim.
As Noites
Culturais T-Bone têm o patrocínio da Petrobrás e da Eletronorte e apoio da
Secretaria de Cultura do Distrito Federal.
Texto: Lúcia
Leão
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