quinta-feira, 9 de maio de 2013

UMA NOITE PARA FICAR NA HISTÓRIA


Ao menos dez mil pessoas partilharam, na última quinta-feira(25), uma noite que se perpetuará na memória artística e cultural de Brasília: a noite de lua cheia em que o vozeirão e o suingue de Ed Motta encontraram a virtuose de violinos, violas, violoncelos; o solo magistral de flautas, flautins, e fagotes; a percussão incomum do xilofone, do tímpano e do vibrafone. Ao todo eram, no palco, trinta instrumentos e uma voz, harmonizados pela batuta do maestro Claudio Cohen, que deixaram em êxtase o público da 33ª edição das Noites Culturais T-Bone, que comemorou o 15º aniversário do projeto.
Oito horas, rua lotada, os músicos da Orquestra Sinfônica de Brasília já no palco e fazendo os últimos ajustes nos seus instrumentos, Miqueias Paz anunciou o início do espetáculo que, como tudo no T-Bone, começou com poesia. As vozes dos poetas Fabrízio Morelo, Jorge Amâncio, Nicolas Behr e Vicente Sá, com o auxílio luxuoso das frases musicais da clarineta de Fernando Machado, abafaram o burburinho da multidão e imprimiram os tons de pura beleza que seriam o colorido de toda a noite.
               
No camarim, dentro do açougue, Ed Motta aguardava a hora de subir ao palco sem esconder a expectativa de ver e viver o que, até então, só ouvira falar: um público daquele tamanho, apinhado praticamente aos seus pés e reunido por iniciativa de um inimaginável "açougue cultural". Isso, para Ed Motta, era muito mais novidade do que tocar em espaço aberto acompanhado de orquestra.

"Eu estudei orquestração e fiz alguns shows com orquestra sinfônica, há coisa de 20 anos, em São Paulo, no Memorial da América Latina. Mas desse jeito, no meio da rua e na porta de um açougue, é a primeira vez!"
Envolvido pela informalidade e pelo alto astral do evento e do lugar, Ed Motta era só alegria e simpatia. Recebeu os fãs, distribuiu autógrafos – inclusive em exemplares do seu primeiro vinil, levados por colecionadores – e até abriu espaço para uma "canja" mais do que inesperada do trompetista Ademir Júnior. Músico da Banda do Corpo de Bombeiros, ele havia conhecido rapidamente o cantor e foi cumprimenta-lo no camarim. Ed então disparou quase que um desafio: perguntou se ele estava com seu instrumento e convidou-o a subir ao palco para solar, com Orquestra, "Baixo Rio", um dos hits da noite.
               
"Ainda nem acredito que isso aconteceu. Tá muito lindo lá em cima", Ademir deixou o palco exalando emoção.

"Foi uma das melhores apresentações da orquestra. Estava uma delícia! Tinha horas que eu me pegava cantando, quase esquecendo de tocar", comentou a violinista Liliane Gaioso.


"Um espetáculo perfeito, muito bem organizado, com o som excelente", sentenciou com toda a autoridade o maestro Claudio Cohen.

"Não podia ser melhor a celebração desses 15 anos de projeto. Fazendo uma retrospectiva de todo esse tempo é muito compensador viver uma noite como esta e saber que ela é o resultado e todo trabalho e de todo o empenho das pessoas envolvidas. Tanto a nossa equipe da ONG, como dos parceiros e principalmente dos artistas que acreditaram nessa ideia que até hoje é um pouco estranha, do Açougue T-Bone ser um pólo irradiador de cultura".
Festejou Luiz Amorim.

As Noites Culturais T-Bone têm o patrocínio da Petrobrás e da Eletronorte e apoio da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

Texto: Lúcia Leão



Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Links
Translate