quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Autores que também traduzem é uma tradição na literatura


Ofício de muitos artistas contemporâneos da literatura brasileira, a tradução é exercício complexo de escrever a partir da obra estrangeira de outro

Nahima Maciel
Publicação: 17/01/2013 08:15Atualização: 17/01/2013 08:38


 (Fernando Lopes/CB/D.A Press)
Adriana Lisboa aprendeu muito com Cormac McCarthy. Questão de economia. Daniel Pellizzari adora autores que trabalham com gírias e oralidades. Rubens Figueiredo se irrita com trocadilhos e frivolidades, enquanto Carola Saavedra precisa, simplesmente, gostar do livro. Autores de destaque na ficção brasileira contemporânea, eles são também tradutores e responsáveis por fazer chegar à cabeceira de muitos brasileiros o melhor da produção contemporânea americana e europeia.

Autores que também traduzem é uma tradição na literatura. É dupla que, como lembra a tradutora Denise Bottman, muitas vezes anda junta. Mario Quintana, Graciliamo Ramos, Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles se entregaram ao ofício. Traduzir pode ser um modo de pagar contas, um vício, uma maneira de aprender ou simplesmente um ofício de apaixonados por literatura. O fato é que a prática está sempre muito próxima da criação literária. “O autor e o tradutor se veem diante do mesmo problema: dizer, da melhor maneira possível, aquilo que eles têm para dizer. A diferença é a fonte do que cada um deles tem para dizer”, explica Rubens Figueiredo, duas vezes vencedor do Prêmio Jabuti nas categorias Contos e Romance e tradutor de títulos clássicos da literatura russa como Anna Karenina, Guerra e paz , ambos de Leon Tolstói, e Pais e filhos, de Ivan Turgueniev.

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