Gaúcho radicado em Brasília, o autor de 80 anos acredita que escrever é um caminho para se refletir
Nahima Maciel
Publicação: 04/08/2014 06:09
Atualização:
Escrever, segundo Eugênio Giovenardi, é
um caminho para refletir sobre os dois aspectos da vida que mais
preocupam o gaúcho nascido em Casca (RS) há 80 anos. O primeiro aparece
em praticamente todos os seis romances e é tema do ensaio mais recente,
No meio do caminho, lançado no mês passado: a existência ou não de um
Deus todo-poderoso capaz de comandar o cérebro humano. O segundo, mais
presente em quatro ensaios lançados nas últimas duas décadas, está
voltado para o meio ambiente, o futuro do planeta, a economia e o
desenvolvimento lançados nas últimas duas décadas. É uma combinação de
temas filosóficos que fazem o escritor encarar os rumos da humanidade
com certa preocupação.
Giovenardi
passou boa parte da adolescência e dos primeiros anos da vida adulta em
seminários. Esteve em sete instituições, foi ordenado padre, pregou,
mas não resistiu ao questionamento sobre a fé em um poder divino e, em
1967, saiu da chamada “prisão física”. Deixou a igreja e foi fazer
doutorado em sociologia do desenvolvimento em Paris. Em meio às
barricadas montadas pelos estudantes em maio de 1968, durante uma
caminhada no Quartier Latin, entrou em um café para evitar os
enfrentamentos e conheceu a jornalista finlandesa Hilkka Maki, que
cobria o tumulto para um jornal de Helsinque.
Antes de voltar
para o Brasil, estava casado e impregnado de uma série de
questionamentos que o levaram à temática de No meio do caminho. “Esse
livro é a biografia do meu pensamento. É a gênese e a evolução do meu
pensamento”, avisa. A organização da Igreja Católica, a ideia de Deus, o
celibato, a sexualidade nos meios religiosos, a liberdade de pensar, a
imortalidade da alma e a origem da vida pautam o escritor. “A Igreja
sempre foi uma espécie de supermercado, e um dos produtos que se pode
comprar é Deus e alguns conceitos”, diz Giovenardi. Depois de deixar a
organização, ele conta que levou 15 anos para se libertar da “prisão
teológica/cultural”.
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2014/08/04/interna_diversao_arte,440551/escritor-eugenio-giovenardi-lanca-livro-que-questiona-crencas-religiosas.shtml
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