sábado, 5 de fevereiro de 2011

5 de fevereiro de 1974 - A morte de Mestre Bimba, um filho de Zumbi


Morreu em Goiás, aos 73 anos, Manoel dos Reis Machado, o baiano Mestre Bimba, considerado como verdadeiro divisor de águas na história da capoeira, que introduziu elementos de boxe, jiu-jitsu e catch aos gestos coreográficos da capoeira de angolana. Com sua morte, desaparece um dos elos mais fortes que ligavam a capoeira às usas origens históricas.

Bimba foi um divisor de águas na história da Bahia. Revolucionou a concepção conservadora que se tinha da Capoeira, e criou seu estilo próprio, introduzindo valores da classe média num meio cujas normas implícitas permaneciam mais ligadas ao pathos pré-Abolição da Bahia. Ele incorporou à capoeira os golpes mais agressivos de lutas estrangeiras - a antropofagia cultural de que falava Oswald de Andrade não lhe era estranha na prática. Montou uma academia para ensinar a sua arte a jovens filhos da classe média, prováveis descendentes de antigos donos de escravos. E seguiu com rigor as regras educacionais, que incluía uniforme, exames, formatura, diploma e medalha. Tudo formalizado por uma autorização da Secretaria de Educação estampada na parede da academia, a primeira a ser legalizada no Brasil. "Ninguém pode mexer comigo", sorria.

O jogo da capoeira permaneceu nele, em sua fala, em seu corpo, em seu berimbau, como um valor essencial de sua gente, sustentado pelos orixás do Candomblé, dos quais era fiel temeroso. Foi um herói dos que se movem num dos muitos planos simbólicos e contraditórios que atravessam a formação social brasileira.

Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php


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