segunda-feira, 28 de abril de 2014

Canção do amor inesperado, de Regine Limaverde

Regine Limaverde acaba de lançar Canção do amor inesperado, seu 18º livro. Marcada pelo erotismo, a obra faz ode à renovação pelo amor

 Raphaelle Batista raphaellebatista@opovo.com.br
FÁBIO LIMA
Escritora Regine Limaverde: poemas eróticos nascem como resposta ao amor que nunca é tardio

Quando escreveu a primeira poesia, aos 13 anos, Regine Limaverde já cantava o amor. Da primeira publicação, nos anos 1980, à última, lançada no fim de março passado, o tema permanece o mesmo. É que o amor é perigoso como a palavra e divide com ela seu poderio.

No caso de Regine, amor e palavra têm a força de uma ressurreição. Ao perder o marido, com quem dividiu a vida por mais de 40 anos, o amor se fez verbo e verso em Eternas, Lanternas do Tempo (2012), último título da autora. Superada a dor e o luto, ela resgata as palavras e a paixão pela vida, por outro alguém, em Canção do amor inesperado, seu novo livro.

“O poeta sempre busca dentro de si o que vai escrever”, diz Regine. Daí o que era lamento e catarse virar celebração. “Um ciclo se fechou na minha vida, eu consegui amar de novo. Na verdade, eu ressuscitei”, comemora.

E é assim que Canção do amor inesperado se anuncia desde o primeiro poema, “Premonição”. “Já madura, antevendo um solitário fim, / se do destino ganhar um novo amor, / não, não o desejo pulsando em parto ou dor, / eu o desejo assim: poesia dentro de mim.”. Quase numa prece, a mulher que “gosta de gostar” não se acovarda diante da vida, quer se permitir amar de novo, mas com a mesma potência de sua poesia erótica.

No correr das 97 páginas, e nas quatro partes em que o livro está dividido - “Promessa”, “Dúvida”, “Certeza” e “Via Sacra do amor” -, o sentimento se insinua, evolui e se concretiza. Chega ao êxtase da alma, flerta com o sagrado e se revela, sobretudo, nos corpos. É assim que encontra o erotismo do francês George Bataille, como associa, no prefácio, a contista e também poeta Lourdinha Leite Barbosa, colega de Regine na Academia Cearense de Letras e na Academia de Letras e Artes do Nordeste.

Só que, para a escritora, em Canção do amor inesperado, predomina o erotismo dos corpos. “Em ‘Ardência’, a explosão do erotismo traz à tona o lado instintivo do eu lírico, que confessa seu insaciável desejo do corpo do amado”, escreve Lourdinha. Esse poema é, justamente, uma das principais expressões da relação que Regine faz entre amor e palavra. Sem meios-termos, ela se entrega à poesia e ao sentimento.

Com as ilustrações delicadamente precisas de Audifax Rios, Canção do amor inesperado traz epígrafes de autores que servem como referência ao trabalho de Regine. Caso de Clarice Lispector, Artur Eduardo Benevides, a mineira Lúcia Serra e a cearense Hermínia Lima.

SERVIÇO

Livro Canção do amor inesperado, de Regine Limaverde
Preço: R$ 40 (97 páginas, edição da autora)
Venda: entrar em contato pelo email reginevieira@terra.com.br


http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2014/04/28/noticiasjornalvidaearte,3242247/o-amor-e-o-erotismo-na-poesia-de-regine.shtml


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